A direção contou que ao receber a informação da suspeita de contaminação da água, ainda em fevereiro, acionou imediatamente a Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura (SUMAI).
Mayana Malaquias
O diretor da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Marcelo Embiruçu, declarou em entrevista à Agência de Notícias que está elaborando internamente na Escola um “Plano de Amostragem, Monitoramento e Garantia da Qualidade da Água, inexistente atualmente na SUMAI [...], para brevemente colocarmos em prática, tornando uma rotina preventiva a realização periódica de testes nos sistemas de abastecimento de água das instalações da Escola e, uma vez constatada qualquer eventual irregularidade, tomando as medidas corretivas necessárias para a solução do problema.”, afirmou.
Embiruçu declarou que ainda em meados de fevereiro, acionou imediatamente a SUMAI, coordenação responsável pela gestão e sensibilização ambiental na UFBA, que só recomendou a descontinuação do consumo de água, no último dia 08/04. A medida foi tomada de forma imediata, assim como providências para oferecer água potável para o consumo da comunidade.
O diretor afirma que mesmo não havendo recomendação ou providência da SUMAI foi tomada a iniciativa, ainda em fevereiro, de “consultar alguns dos melhores e mais experientes especialistas da Escola Politécnica na matéria [...] tendo sido recomendada a contratação do Laboratório Certificado com Análise Acreditada para realização dos testes necessários”. Esta contratação, ainda segundo Embiruçu, se viabilizou com o pagamento antecipado pelo parceiro externo, não identificado, que só foi finalizado no dia 09/04, quase dois meses após a professora entrar em contato com a direção.
A informação de que coliformes totais e a bactéria Escherichia coli (E. coli) foram detectados na água de dois bebedouros da Poli, foi divulgada à público na segunda-feira (07) pela vice-coordenadora do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da Poli, Gemima Arcanjo, que realizou as análises microbiológicas durante as aulas práticas da disciplina de ENG271, no semestre de 2024.2. As amostras foram coletadas nos bebedouros localizados no 4º e 7º andares do prédio.
Em nota, Gemima afirmou que “desde o início de fevereiro, venho solicitando à direção e à administração da EPOLI: 1.Informações sobre as condições dos reservatórios; 2. Novas análises para identificar a(s) fonte(s) de contaminação; 3. Medidas urgentes para garantir água potável à comunidade acadêmica, especialmente com o retorno das aulas”, mas só recebeu retorno após a nota pública do dia 07/04.
O estudo foi realizado no laboratório de análises físico-químicas do departamento de Engenharia Ambiental pelos alunos, com orientação e rechecagem da professora para “garantir métodos padrões de análise de água e águas residuais”, garante a pesquisadora. Ela também afirmou que os testes feitos não analisam a origem da contaminação, que pode ser do reservatório, por mau uso do bebedouro ou de sua localização, e que, portanto, são necessárias análises mais gerais do fornecimento de água da faculdade.
“A E. coli é um indicador de contaminação por material fecal (humano ou animal), e sua presença sugere a existência de outros microrganismos patogênicos de transmissão fecal-oral, como giárdia, salmonella e verminoses”, alertou Gemima no comunicado. O consumo dessa água pode provocar doenças gastrointestinais, com sintomas como diarreia, vômitos e infecções mais graves.
Dandara e Estefane, estudantes de arquitetura, contam que descobriram sobre a contaminação por colegas que receberam o comunicado da professora Gemima. Dandara afirma que não costuma beber a água da Poli, “não gostei muito do gosto da água daqui. Então, geralmente quando venho, sempre trago minha garrafa cheia”, conta a estudante. Já Estefane parou de consumir depois da notícia. A professora explica que “o gosto está relacionado com outras coisas. Inclusive, a água pode não ter gosto, não ter odor, estar transparente, límpida e estar contaminada com microrganismos. Então, [sabor] não é indicativo”, sendo sempre necessário ser realizado periodicamente o monitoramento da qualidade da água consumida em qualquer ambiente.