O debate sobre os direitos LGBTS esteve em pauta na abertura da segunda edição do programa Cidadania Cultural em Debate. A discussão trouxe ainda o empoderamento de indivíduos que enfrentam a misoginia ainda existente na sociedade e lutam diariamente pela garantia dos seus direitos
POR NATACIA GUIMARÃES*
guimaraesnatt@gmail.com
A necessidade de discutir a maior inclusão de indivíduos , diariamente excluídos da sociedade, foram algumas das motivações dos presentes na segunda edição do Cidadania Cultural em Debate, que discutiu a cultura LGBT na academia e na cidade, realizada na Universidade Federal da Bahia. O encontro, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), por meio da Diretoria de Cidadania Cultural (DCC), teve como objetivos central reconhecer a amplitude do conceito de cidadania cultural, pautar temas que impactam nos direitos culturais de minorias sociais, além de reforçar o mês de setembro como “Mês da Diversidade”.
Trazendo um pouco as questões sobre a pesquisa destes temas na universidade, o coordenador do grupo de pesquisa e sexualidade CUS/Ufba, Djalma Thuler, reforçou que é preciso problematizar o tratamento dado a este grupo na sociedade, pois, muitas vezes, termos da cultura LGBTs, mas não aceitos completamente. ”Termos como Uó, climão e bafão, apesar de virem da cultura LGBT, são reproduzidos por pessoas que muitas vezes não percebem isso. Mas é preciso valorizar cada símbolo. Um homem se vestir de mulher é ato político que rasura determinados comportamentos. Isso se torna um campo de batalha. Nós, homens e mulheres, nos vestimos assim porque somos resultado de um processo cultural, mas teve alguém que não obedeceu.”, reforçou o professor.
A blogueira Jéssica Ipolito ressaltou essa questão. Ela trouxe como exemplo a sua trajetória até se tornar uma militante, a dificuldade que ainda encontra hoje para poder expressar suas ideias e opiniões em seu blog, além do desconforto de viver em uma sociedade ainda conservadora no trato da discussão dos temas como, por exemplo, o sexo entre duas mulheres.
Outro fato trazido pela blogueira é a dificuldade de quebrar estereótipos quando se fala de mulheres gordas, não sexualizadas. Os preconceitos direcionados a indivíduos é cada vez mais comum, sustentada por uma sociedade que valoriza os padrões e os tem com regra de condultas. “Ao tentar buscar fotos para ilustrar meu blog tenho muita dificuldade de encontrar imagem que sejam de mulheres, brancas, magras e hiper-sexualizadas.”afirma Jéssica.
Uma das falas que emocionou a plateia foi a da professora do ensino médio, Valesca, que afirmou ver diariamente casos de alunos que vivem o conflito de não se reconhecerem como héteros e tentarem se moldar nos padrões socialmente impostos. “Que pena que agente ainda tem que discutir e passar por isso tudo, neste século. Sou uma professora de ensino médio de duas grandes escolas particulares de Salvador. Porque esse espaço de faculdade é um espaço privilegiado e que eles não tem esse espaço, porque infelizmente vivemos em uma cultura de quem está dentro do armário são eles (os aluno). Eles não enxergam a vida aqui fora.” Relata.
O debate foi finalizado com mensagens positivas e com propostas encaminhadas para novos projetos que discutam o direitos LGBT, tendo como parceiros o estado e algumas iniciativas individuais.
O encontro contou com as presenças da Miss Gay e DragQueen Petra Perón, do coordenador do grupo de pesquisa e sexualidade CUS/UFBA, Djalma Thuler , da criadora e escritora do blog “Gorda e Sapatão”, Jéssica Ipólito, e do coordenador de políticas LGBT da secretaria da justiça, Direitos humanos e desenvolvimento social do Governo da Bahia, Vinicius Alves.
*Estudante da Faculdade de Comunicação da Ufba e estagiária da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura