Apesar da falta de investimentos e da pouca estrutura, o curso de Educação Física propõe atividades para a comunidade a partir de projetos de ensino, pesquisa e extensão
POR MARINA ARAGÃO*
marinaaragaosilva@gmail.com
Na tentativa de aproximar a comunidade à realidade da Universidade Federal da Bahia, grupos de pesquisas do curso de Educação Física estabelecem projetos que integram esses dois grupos. Contudo, essa aproximação ainda é considerada insuficiente devido à falta de investimentos financeiros e à desvalorização da cultura do esporte e das práticas corporais na sociedade.
“A Universidade Federal da Bahia precisa assumir no seu plano de desenvolvimento institucional um eixo central voltado para a questão de dar oportunidade à comunidade, aos que aqui trabalham ou estudam de acessar o patrimônio da cultura corporal e do esporte. A maioria dos brasileiros não tem acesso a esse patrimônio e não sabem o que é isso”, defende a professora do curso de Educação Física da UFBA, especializada em Ciência do Esporte, Celi Taffarel.
O grupo de pesquisa Linha de Estudo e Pesquisa em Educação Física & Esporte e Lazer (LEPEL), inserido na Faculdade de Educação da UFBA (Faced) e coordenado pela professora Celi, tem quatro grandes eixos estruturantes de investigação: trabalho pedagógico, produção do conhecimento, políticas públicas e a formação de professores referentes à cultura corporal. São desenvolvidos, atualmente, projetos de ensino, pesquisa e extensão na cidade e no campo.
Atualmente, dentro do Programa Vizinhança Esporte e Alegria no Calabar, realizado na comunidade do Calabar próxima à universidade, é desenvolvido o projeto UFBA nas Olimpíadas, aproveitando a época dos Jogos Olímpicos. No qual, mulheres da comunidade, entre 20 e 70 anos, aprendem diversas modalidades olímpicas. O boxe é o esporte da vez.
“As pessoas não têm acesso às modalidades, no máximo futebol. Mas nós promovemos essas aulas e as alunas respondem com uma ótima performance. Tenho muito orgulho, pois isso é um grande avanço”, declara o graduando em Educação Física e professor de boxe, Francisco do Valle.
Entretanto, a falta de estrutura física no Centro de Educação Física e Esporte (CEFE) é um aspecto que prejudica o avanço nas atividades do curso, principalmente as comunitárias. “A estrutura é fundamental, é um estímulo”, assegura o professor de Educação Física da UFBA, Fernando Reis.
Além disso, segundo Reis, os projetos existentes no curso são pontuais e a Educação Física está longe de cumprir o seu papel. “A Educação Física não tem um reconhecimento social. A invisibilidade do curso não é só da UFBA. é de uma cultura social”, afirma.
Nesse sentido, segundo Taffarel, o ponto principal para o desenvolvimento dos projetos e a melhoria do curso é o financiamento. “Precisa-se de recursos, de uma política de expansão planejada. E, fundamentalmente, é necessário que a universidade assuma a responsabilidade de aprovar o que é essencial e não desmontar o que já foi montado”, conclui.
*Estudante de jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e estagiária da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura