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Atualizado em 25 DE julho DE 2014 ás 16:26

Comprometimento dos trabalhadores é tema de tese

Trabalhadores agrícolas da região de Juazeiro e Petrolina foram objetos de análise da tese da doutora Fabíola Marinho Costa, em 2011. Entender o nível de comprometimento que os indivíduos possuem com a estrutura organizacional a qual estão inseridos foi o centro do estudo.

ANALÚ RIBEIRO*
analluribeiro@yahoo.com.br

Comprometimento organizacional é um conceito referente ao vínculo organizacional do indivíduo com uma instituição. Esse comprometimento se dá em três níveis: afetivo, instrumental e normativo. O primeiro, diz respeito ao grau emocional em que o indivíduo se sente ligado à organização que trabalha e por isso não a abandona; o instrumental é o grau em que a pessoa não sai da instituição por conta dos custos que pode vir a ter com sua eventual saída; e, o normativo é a obrigação: o indivíduo se sente pressionado a permanecer naquela organização.

O estudo sobre comprometimento organizacional é recorrente desde a década de 80. Entretanto, a maioria das pesquisas têm tido os trabalhadores urbanos como objeto de análise. A tese da professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Fabíola Marinho Costa, intitulada Dinâmica do Comprometimento Organizacional: um estudo longitudinal entre trabalhadores de organizações agrícolas foi à contramão dessa lógica.

Seu trabalho, defendido em 2011, tratou de analisar os trabalhadores da região do polo frutícola irrigado de Juazeiro-BA e Petrolina-PE. “Além da importância do polo frutícola irrigado, que se constituía no principal polo local de produção de frutas da América Latina no período da pesquisa, o interesse pelos trabalhadores rurais como participantes da pesquisa respondia a uma necessidade dos estudos na área de comprometimento organizacional, que em sua grande maioria, descreviam a realidade do trabalhador urbano e de organizações industriais e de serviço, quase sempre localizadas em grandes centros ou em suas áreas metropolitanas”, defende Fabíola.

Para a elaboração de sua tese, Fabíola coletou dados em 2007 e 2008. Os trabalhadores foram, em sua maioria homens, jovens e de baixa escolaridade. “Os estudos sobre comprometimento organizacional vêm identificando uma tendência de que quando diminui a escolaridade, aumentam os níveis de comprometimento. Isto pode ser explicado pelo fato de que indivíduos com maiores níveis de escolaridade possuem mais expectativas em relação à organização, bem como mais opções de emprego”, analisa a autora. Foram realizadas análises estatísticas descritivas, comparações de médias, análise fatorial, correlações e regressões.

Durante a pesquisa, algumas variáveis interferiam nas condições de trabalho do polo, entre elas, a crise econômica mundial, em 2007. Segundo a pesquisadora, esse fato demonstra como mudanças em um nível macro acabam por interferir o funcionamento organizacional.

Com os resultados da pesquisa, foi fortalecida a hipótese de que mudanças nas condições de trabalho, consideradas como indesejadas pelos indivíduos, têm-se um resultado negativo em relação à postura do trabalhador com a organização. “É possível supor que os processos de mudanças podem promover alterações nas percepções dos trabalhadores acerca do suporte ofertado pela organização, afetando o comprometimento desses e, consequentemente, impactando na intenção de deixar a organização”, conclui Fabíola.

*Analú Ribeiro é estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias C,T&I – Ciência e Cultura – Ufba.

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