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Atualizado em 17 DE julho DE 2016 ás 22:01

Concepções de família em debate

Muito movimentado e com muitas opções para os participantes, o Congresso UFBA se despediu neste domingo, 17, mas as impressões de alguns estudantes da Facom você conferes aqui na Agência de Notícias

POR TARCISO IVO*
ivocseixas@gmail.com

Amanhecer e dirigir-se à aniversariante Universidade Federal da Bahia, visando assistir a uma palestra sobre as novas concepções da família, seria algo revigorante. Diferente não poderia ser, pois o assunto é motivo de altas tensões. E de fato o foi. Ocorrido no auditório da Faculdade de Farmácia, o encontro contou com notáveis palestrantes, de distintos, porém interligados, campos – do jurídico ao histórico, passeando pela psicologia.

Mergulhando na temática, de antemão, logo me indaguei sobre como seria explanado o assunto homoafetividade, de extrema relevância, principalmente num país onde ainda são predominantes visões engessadas e autoritárias e, todavia, se esse seria o enfoque da mesa, pondo à margem tópicos de mesma relevância e também merecedores de cuidadosas análises. Sem descontentamentos.

A advogada criminalista e doutora em Direito Público pela UFBA, Daniela Portugal, discutiu a violência numa perspectiva humana, abordou o cultural machismo e o quão longe ainda estamos de enfraquecer a, também cultural, violência familiar, e explicitou os descuidos das atuais leis para com as dinâmicas sociais e familiares. Seguida pela arrebatadora performance da historiadora e mestra em estudos étnicos e culturais, Paloma Vanderlei, a História tomou a mesa, pondo em pauta as mulheres negras e as miliárias heranças hoje ainda presentes. Surpreendente foi também sua discussão acerca do monopatriarcalismo e do monomatriarcalismo.

Fechando com a exposição da psicóloga e mestranda em Cultura e Sociedade pela UFBA, bem como membro do Grupo de Pesquisa Cultura e Sexualidade, Priscila Costa. Foram complementadas as reflexões sobre a violência entre parceiros íntimos, enriquecendo o debate com pesquisas da psicologia sincronizadas com estudos da Biologia – como a noção de “homem” e “mulher” impingida desde a cama da ultrassonografia como barreira à necessidade de iguais direitos aos transexuais.

Uma apresentação cuidadosa, mas, não menos importante, descontraída, o encontro contou com o interesse de alguns e, infelizmente, o desinteresse de muitos – as contínuas notificações do whatsapp e um vídeo colocado em alto volume não passaram batidos –, postura de ainda muitos brasileiros. Entretanto, quem de fato se atentou à palestra não podia ter uma manhã mais proveitosa.

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