Palestrantes apresentarão o panorama da produção de soros na atualidade.
POR MARIANA ALCÂNTARA -RIO DE JANEIRO*
alcmariana@gmail.com
Na tarde desta terça-feira, dia 3 de setembro, os participantes do I Encontro da Rede Vital para o Brasil sobre Animais Peçonhentos terão a oportunidade de debater a Produção de Soros Antipeçonhentos no Brasil e na América Latina. Na programação constam duas conferências sobre esta temática. Em primeiro lugar, das 14h às 16h, os pesquisadores latinoamericanos apresentarão suas pesquisas, ressaltando o estado da arte deste campo em seus países de origem. Já no horário das 16h às 18h, será a vez dos brasileiros apresentarem a realidade da produção de soros na atualidade.
Estarão presentes no evento, como convidados estrangeiros, os professores José Maria Gutierrez, do Instituto Clodomiro Picado, na Costa Rica, e Jorge Fernando Paniagua Solis, do Instituto Bioclon, no México. No que diz respeito aos representantes das instituições brasileiras, estão confirmadas as presenças de Fabrício Petitto de Assis, do Instituto Butantan; Jorge Coelho de Matos, do Instituto Vital Brazil; Maurício Abreu Santos, da Fundação Ezequiel Dias; e Isolete Pauli, do Centro de Pesquisa e Produção de Imunobiológicos.
Em entrevista para o Vital para o Brasil Journal, o pesquisador José Maria Gutierrez falou sobre o que abordará em sua palestra. De acordo com ele, os estudos epidemiológicos têm sido realizados em seu país com o uso de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), o que tem permitido identificar locais onde o acesso ao soro ainda é difícil. Para Gutierrez, embora a América Latina apresente situação relativamente favorável quando comparada a outras regiões, é necessário melhorar a produção e a acessibilidade aos soros.
Já a longa tradição de produção de soros antipeçonhentos do México será relatada por Jorge Paniaguaia-Solís, que apresentará palestra com o tema Antivenoms: added value products. A perspective in a globalized world. “Chamarei a atenção para o fato de que mesmo após um século do descobrimento do ‘sérum thérapie’ por dois cientistas franceses, Césaire Auguste Phisalix, no Muséum National d’Histoire Naturelle, e Albert Calmette, no Instituto Pasteur, acidentes por animais peçonhentos continuam a ser um problema de saúde em vários países”, informa.
FABRICAÇÃO NACIONAL – Logo após as explanações dos convidados internacionais será a vez das palestras dos representantes das quatro instituições brasileiras produtoras de soros antipeçonhentos: Instituto Butantan (IB), Instituto Vital Brazil (IVB), Fundação Ezequiel Dias (Funed) e Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos (CPPI).
Na Funed, os soros antiofídicos e antitóxicos constituem um dos principais produtos da área farmacêutica, e são produzidos para atender ao Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. No IVB, além dos antídotos contra tétano, raiva e os antipeçonhentos, para serem usados no tratamento de acidentes com cobras, aranhas e escorpiões, também é produzido o soro contra o veneno da aranha viúva-negra. No Brasil, este soro é produzido apenas pelo IVB. O Instituto Butantan, por sua vez, vinculado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, é responsável pela produção de mais de 93% dos soros e vacinas produzidas no Brasil. O CPPI está ligado à Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, e o soro produzido é distribuído pelo Ministério da Saúde para todo o Brasil e para a Argentina.
*Mariana Alcântara é jornalista da Agência de Notícias Ciência e Cultura.