Foi realizado na UFBA, na última quinta-feira, 1, o I Ciclo de Debates e Cultura Geek. Aliando tecnologia, educação e jogos eletrônicos, o evento teve como realizador o grupo de pesquisa LUSORIA do IHAC
POR REBECA ALMEIDA*
rasrebeca@gmail.com
Nos dias atuais nos ciclos sociais estamos sempre ouvido falar dos geeks e da Cultura Geek. Mas quem são eles e o que eles fazem? Assim como os nerds, grupo surgido na década de 80 e 90, os geeks também são pessoas viciadas em novas tecnologias relacionadas às diversas áreas do entretenimento, como computadores, games, livros, filmes e cultura pop em geral. Dessa forma, a Cultura Geek se caracteriza por um estilo de vida onde os indivíduos se interessam por tudo relacionado a tecnologia, além de serem apaixonados por filmes de ficção científica, são fanáticos por jogos eletrônicos e de tabuleiro e são pessoas extremamente inteligentes.
Pensando em explicar melhor estas pessoas, o grupo de pesquisa LUSORIA, filiado ao Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar em Tecnologia, Redes e Sistemas Complexos Aplicados (NITRE), e vinculado ao Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, realizou o I Ciclo de Debates e Cultura Geek. O evento, que aconteceu na Universidade Federal da Bahia (UFBA), teve a presença da professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Lynn Alves, o cientista da computação, Charles Santana, e o design Windson Fonseca. A mesa de discussão foi coordenada pela professora do IHAC, Silvia Cordeiro.
Coordenadora do grupo de pesquisa em desenvolvimento de jogos digitais voltado para educação, Comunidade Virtuais, Lynn Alves palestrou sobre “Jogos analógicos e digitais”. A pesquisadora ressaltou a importância de se compreender o desenvolvimento de jogos como uma atividade séria e que vai além da diversão. Falou também das dificuldades de se pensar jogos “pedagógicos”, uma vez que “qualquer jogo perde a graça a partir do momento que jogá-lo passa a ser uma “obrigação”. Alves problematizou ainda o difícil percurso que o Comunidade Virtuais têm enfrentado desde sua fundação.
O designer Windson Fonseca complementou a fala de Alves ao trazer para a discussão o conceito de Aprendizagem Colateral – efeito que os games são capazes de despertar nos jogadores. Para ele, o papel do jogo não é ensinar ou trazer conteúdos teóricos para o jogador. Mas sim, motivar a curiosidade para que o próprio jogador saia para procurar conteúdos, além do universo do jogo em si. Com isso, para Windson, “é possível ensinar história com Assassin’s Creed, por exemplo”.
Windson ressaltou que, para além da aprendizagem colateral, os jogos precisam focar na jogabilidade antes do conteúdo pedagógico. Através do conceito de progressão cognitiva o jogador compreenderia o sistema do jogo naturalmente. Como exemplo citou a possibilidade de se desenvolver um jogo voltado para a prevenção da dengue. Se se fosse focar apenas na pedagogia, a primeira idéia seria combater as poças d’água, onde o mosquito se prolifera. “Mas e se ao invés disso o jogador se visse na perspectiva do mosquito e tivesse que botar ovos em todas as poças? Ao chegar no final do jogo ele veria o caos de ter espalhado dengue por toda a cidade e o jogador perceberia o perigo de deixar a água à mostra”, problematiza o designer.
O cientista da computação, Charles Santana, trouxe para o debate o conceito de Teoria dos Jogos, um ramo da Matemática e apresentou as possíveis aplicações dessa teoria em diferentes áreas do conhecimento. Ele demonstrou como essa teoria pode ser aplicada aos jogos digitais, “uma vez que a teoria dos jogos estuda as escolhas de comportamentos ótimos quando o custo e benefício de cada opção não é fixo, mas depende, sobretudo, da escolha dos outros indivíduos”.
O evento terminou com uma jogatina, onde todos puderam testar diferentes jogos de tabuleiros e digitais em um ambiente descontraído e de interação.
Para saber mais sobre a Cultura Geek e como ela é desenvolvida na educação e dentro das universidades acesso a página do grupo de pesquisa LUSORIA.
*Estudante do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA