A contaminação do meio ambiente e do organismo por substâncias químicas pode ocasionar câncer de mama, no ovário, na próstata e em outros órgãos, como aponta pesquisa de Sérgio Koifman.
POR NÁDIA CONCEIÇÃO*
nadconceicao@gmail.com
São cada vez mais frequentes os casos de contaminação por substâncias químicas e resíduos de agrotóxicos no Brasil e no mundo. Preocupados com esse quadro, pesquisadores defendem o esclarecimento e a vigilância como fundamentais para enfrentar o problema. De acordo com a pesquisa “Contaminantes convencionais e emergentes e impactos na saúde e meio ambiente”, da professora Magda Beretta, que estudou os efeitos causados pelo uso de medicamentos no organismo, existem muitos problemas associados ao uso dos fármacos.“Algumas substâncias são fundamentais para gerar dependência, além de causar outros malefícios no organismo”.
Algumas medidas preventivas evitariam a dependência por medicamentos, garantindo manutenção da qualidade de vida de muitas pessoas. Segundo a professora, dentre algumas precauções está a utilização racional e a melhoria na composição desses produtos, assim como a otimização de tecnologias para o funcionamento das Estações de Tratamentos de Água (ETA) e das Estações de Tratamento dos Esgotos (ETE).
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Outra linha de pesquisa que dialoga com o trabalho de Beretta é a de Sérgio Koifman. O pesquisador analisou como os medicamentos agem na estrutura molecular e provocam anomalias nas células e doenças como câncer. O trabalho foi intitulado “Exposição a Substâncias Químicas, Programação Intrauterina e Doenças Crônicas”.
Koifman defende que os efeitos dessas substâncias podem ocorrer desde o período intrauterino, sob a ação da testosterona, quando descem através do “caminho hormonal” até a bolsa escrotal. Isso acontece devido a presença de resíduos tóxicos e traz diversos efeitos ao corpo, como a diminuição da contagem dos espermatozoides – que perdem a agilidade, alterações das mamas nas mulheres, entre outros.
Esses efeitos evoluem, originando anomalias como o hermafroditismo, detectado em sapos após ingestão de agrotóxicos através da água. Em pessoas, a contaminação pode ocasionar câncer em órgãos como a mama, o ovário e a próstata. A ingestão ou exposição aos agrotóxicos tem causado desregulação endócrina e efeitos reprodutivos, tais como: baixo peso, anomalias congênitas, câncer de testículos e infertilidade.
“Quanto mais precoce e intensa a exposição do tecido ao DDT [Dicloro-Difenil-Tricloroetano], mais precocemente o câncer de mama é detectado – sem contar que atualmente há um aumento espantoso das incidências de câncer e [outras] doenças da tireoide”, explica o pesquisador. Nesse sentido, Koifman é otimista quanto a tomada de medidas preventivas ao uso de substâncias químicas prejudiciais à saúde. “Mesmo com toda essa problemática, a perspectiva é que se inicie de imediato um controle da exposição. Temos que realizar um trabalho conjunto entre pesquisadores, estudantes e órgãos do governo, em todas as esferas da política”, conclui.
*Nádia Conceição é jornalista, estudante de produção cultural da UFBA e bolsista da Agência Ciência e Cultura.
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