Estudos servem de parâmetro para garantir relação sustentável entre meio ambiente e economia
Por Cristiana Nery
cjordaonery@gmail.com
Como perpetuar as espécies? Este é um importante desafio para os pesquisadores, em especial em épocas nas quais a lista de animais com risco de extinção tende a aumentar por consequência das ações humanas. Neste contexto, a biologia reprodutiva é, sem dúvida, uma área de estudo de destaque.
Mapear, compreender e estimular os processos de reprodução é, sobretudo, uma atuação que envolve a garantia da sobrevivência dos animais. A Biologia Reprodutiva dos Peixes é apontada como uma das vertentes mais consolidadas no Brasil. Esta área tão relevante para a ciência permeia as pesquisas da professora Dra. Sidinéia Amadio, que há 20 anos desenvolve estudos sobre a Biologia Reprodutiva dos Peixes. “O tema é fundamental para o conhecimento da espécie de interesse sob o ponto de vista ecológico, da preservação, manejo ou cultivo. As informações geradas são importantes para o entendimento funcional do organismo, da população a que ele pertence e ao sistema onde ele está inserido”, comenta.
O estudo da Biologia Reprodutiva dos peixes desperta a atenção pelo potencial econômico da pesca e, neste contexto, as pesquisas da academia servem de parâmetro para garantir que a relação entre meio ambiente e economia aconteça de maneira equilibrada.
Sidinéia Amadio atua no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa,) em Manaus e reconhece a contribuição das pesquisas. “Esse tema é essencial para guiar os tomadores de decisão de nossas agências regulamentadoras, como é o caso do Ibama, para determinar a época do defeso tendo como base o período da reprodução de uma determinada espécie. Outro parâmetro é a estimativa do tamanho da primeira maturação sexual que determina o tamanho mínimo de captura”, destaca.
Estudo - Quem estuda a Biologia Reprodutiva dos Peixes deve atentar para três aspectos essenciais: estratégias de reprodução; mecanismo de fecundação; e a frequência de desova. Estes fatores variam de acordo com as espécies. No caso das estratégias de reprodução os peixes são considerados como animais que apresentam o mais diversificado leque de opção para esta característica que depende, por exemplo, do meio aquático escolhido por cada espécie.
Já os mecanismos de fecundação, referem-se, não somente as diversas maneiras que os óvulos são fecundados pelos espermatozóides, mas também às formas de expelir os filhotes, processo que pode ocorrer quando estes ainda são apenas óvulos fecundados ou quando já são embriões desenvolvidos no interior das fêmeas.
Já a frequência de desova interessa em especial aos profissionais que desenvolvem atividades pesqueiras. Há espécies que se reproduzem em todo o ano, mas outras podem ter uma única reprodução durante a vida, por isso compreender estas características faz toda a diferença para a economia e para a manutenção das espécies.
Muitas outras questões podem ser pesquisadas quando o assunto é a reprodução dos peixes. Segundo a professora Sidinéia, “existem vários grupos de pesquisa no Brasil que tratam desse tema, referentes às espécies marinhas e de água doce, em ambiente natural e de cultivo”. Ela destaca que, apesar de ambas abordarem os peixes, as pesquisas com espécies encontradas em águas marinhas diferem bastante das que focam em animais de água doce.
Congresso nacional acontece na Ufba e reprodução dos peixes é um dos assuntos
Entre 5 e 9 de março de 2012, acontece no Centro de Convenções de Salvador o XXIX Congresso Brasileiro de Zoologia (CBZ). Entre os 30 mini cursos que compõem a ampla programação do evento destacam-se a atividade que aborda a Biologia Reprodutiva dos Peixes.
Os participantes que conferirem o curso ministrado pelos professores e pesquisadores do Inpa, Dra. Sidinéia Amádio e Dr. Rodrigo Neves dos Santos, poderão compreender mais sobre o universo dos peixes de água doce. O controle neuroendócrino da reprodução; morfologia dos ovários e testículos: características macro e microscópicas; ciclo reprodutivo: estádios de maturação gonadal; estratégias e táticas reprodutivas: cuidado parental; proporção sexual; desova; fecundidade e diâmetro dos ovócitos são alguns dos temas apresentados na atividade.
“Em resumo, estaremos abordando os conceitos, objetivos e métodos adequados para a determinação dos parâmetros reprodutivos de peixes, exemplificando as principais utilizações”, explica Sidinéia.
Após 21 anos o Instituto de Biologia da Ufba volta a sediar o CBZ. O Congresso é promovido anualmente pela Sociedade Brasileira de Zoologia e, em 2012, apresenta o tema “Biodiversidade e Memória”. Todas as informações a respeito do evento, inscrições, submissão de trabalhos, programação e profissionais envolvidos podem ser consultadas no site www.cbz2012.com.br.
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