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Atualizado em 2 DE novembro DE 2011 ás 19:44

Hábitos definem ecoeficiência de sacolas

Pesquisa com oito tipos de material mostra que desempenho depende de função e emprego das sacolas. Estudo encomendado pela Brasken não inclui, entre os fatores de impacto ambiental, o tempo de decomposição de cada um dos materiais

Por Fabiana Mascarenhas
mascarenhas.fabiana@gmail.com

Em tempos de ecoeficiência, há quem acredite que as sacolas retornáveis são a melhor opção na hora de fazer compras. Mas, de acordo com um novo estudo encomendado pela Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, é um mito dizer que as sacolas retornáveis são melhores para o meio ambiente.

O estudo inédito, realizado pela Fundação Espaço ECO e o Instituto Akatu, comparou o uso de diferentes tipos de sacolas para transporte de compras de supermercado, bem como os impactos econômicos e ambientais de cada alternativa. Conclusão: a ecoeficiência de cada tipo de sacola depende do hábito do consumidor.

No estudo, foi analisado o ciclo de vida de oito opções de sacolas disponíveis no mercado brasileiro, entre elas algumas descartáveis (de polietileno tradicional, de polietileno de cana-de-açúcar e as aditivadas com promotor de oxibiodegradação) e algumas retornáveis (papel, ráfia, tecido e TNT – tecido não tecido). As alternativas de sacolas englobadas no estudo foram avaliadas para um período de um ano.

Foram considerados variados cenários, envolvendo maior ou menor volume de compras, maior ou menor frequência de idas ao supermercado e de descarte do lixo, matéria-prima utilizada na produção das sacolas, capacidade de carga, custo de cada uma, número de vezes em que é utilizada, reutilização ou não da sacola como saco de lixo e envio ou não para  reciclagem.

“Percebemos que cada material tem um desempenho mais adequado dependendo da função e da maneira como é empregado”, explica o gerente de ecoeficiência da Fundação Espaço ECO, Emiliano Graziano. Segundo ele, a relação entre o número de idas do consumidor ao supermercado, o número de vezes que ele dispõe seu lixo em sacolas plásticas e o tamanho de sua compra definem que sacolas são mais eficientes do ponto de vista da preservação ambiental.

Segundo os pesquisadores, as sacolas descartáveis são vantajosas em um cenário considerado de poucas compras (até duas idas ao supermercado por semana). Já em situações de mais compras (mais de três visitas semanais ao supermercado), as sacolas descartáveis só seriam vantajosas se usadas no descarte de lixo ao menos três vezes por semana.

As sacolas de papel não se mostraram vantajosas em relação às demais em nenhum tipo de cenário. O motivo é a baixa capacidade de carga, reuso e reciclagem. “O papel, por ter ficado como alternativa mais impactante no caso base do estudo, não significa que será sempre pior nas situações em que pode ser substituído pelo plástico. Ou seja, a performance da sacola de papel, como também ocorre nas outras alternativas, está diretamente ligada ao seu eco design (forma, estrutura, quantidade de matéria-prima empregada) e a sua condição de uso e durabilidade”, esclarece Graziano. A sacola oxidegradável também não apresentou desempenho ambiental melhor do que a sacola descartável tradicional.

Controvérsia – A notícia surpreendeu a dona de casa Sandra Lúcia Fonseca, 55 anos. “Essas ONGs (Organizações Não Governamentais) e os ambientalistas vivem pregando que o ideal é usar a sacola reciclável e, agora, esse estudo mostra que a sacola plástica pode ser melhor? Não estou entendo mais nada. Isso deixa a gente sem saber o que escolher”, questiona Sandra.

O desabafo não é à toa. O resultado do trabalho vai de encontro ao que tem sido dito em relação à ecoeficiência, já que há algum tempo se defende que as sacolas retornáveis são melhores para o meio ambiente. O que, na visão do diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem, Jorge Soto, não é um problema. “Considero especialmente benéfico o fato de que esse estudo venha trazer mais informação para o consumidor final em relação à escolha da melhor sacola para o transporte de compras de supermercado. Não há um único produto mais ecoeficiente que outro em todas as situações – sua eficiência vai sempre depender da situação, do perfil do consumidor, dos cenários de uso da sacola e de descarte de lixo pelos consumidores”, afirma.

Procurados pela reportagem para comentar o trabalho encomendado pela Braskem, especialistas baianos afirmaram não ter condições de comentar sobre o estudo sem ter acesso detalhado da pesquisa.

Questionado sobre o fato de o estudo não incluir entre os fatores de impacto ambiental o tempo de decomposição de cada um dos materiais, principal preocupação daqueles que se opõem às sacolas plásticas, o diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem Jorge Soto, defende. “Esse estudo foi realizado por instituições respeitadas, cujo trabalho se baliza pela ética e vasto conhecimento técnico. Assim, lidamos com fatos, e não com senso comum, que se atém a mitos, desprovidos de base científica, relacionados ao que considera atitude ecológica ou prática sustentável. Acreditar que a sacola plástica é uma vilã da sustentabilidade é um desses mitos. A Braskem acredita que a química e o plástico fazem parte da solução para a sustentabilidade”.

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