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Atualizado em 1 DE outubro DE 2011 ás 12:21

Redução de energia em redes de sensores sem fio é estudada na Ufba

Através de rede sem fio, sensores coletam dados e repassam para uma central que compartilha a informação para computadores conectados em rede

Por Celeste Dias e Rosana Guimarães
cellestedias@yahoo.com.br / jornalista.rosanaguimaraes@gmail.com

O grupo de estudos RedeSens, ligado ao Laboratório de Sistemas Distribuídos (Lasid) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), tem estudado desde 2009 a criação de uma rede de sensores sem fio que tenha baixo consumo de energia. O projeto tem sido desenvolvido por estudantes dos cursos de graduação, mestrado (PPGM) e doutorado (PMCC) da Ufba, e está sob a coordenação do Prof. Dr. Flávio Assis. O grupo tem, dentre seus objetivos, atingir resultados de impacto em uma área específica, que desenvolve tecnologia para ser utilizada em diversos segmentos da sociedade.

Segundo Flávio Assis, o grupo tem pesquisado atualmente algoritmos (que podemos entender como um conjunto de regras específicas para a solução de um problema computacional) que possibilitem a redução do consumo de energia de dispositivos sensores, fazendo com que a duração destes dispositivos seja aumentada de dias para anos.

Dispositivos sensores para medição e/ou coleta de dados – São equipamentos tecnológicos de tamanhos variados (de acordo com o objetivo e ou utilização) que realizam a medição ou coleta automática de dados. Atualmente estes sensores têm sido utilizados na agricultura (para a verificação da qualidade do solo, da incidência de sol na área a ser cultivada); na saúde (para medição de dados vitais, contaminação por radioatividade, etc), transportes (controle de tráfego, etc), meio ambiente (medição de níveis de poluição no ar, na água e no solo, acompanhamento de cardumes e aves migratórias, etc) e segurança (sensores auditivos que identificam tiros), dentre outras áreas.

Sensores realizam medição automática de dados na agricultura, saúde, transportes, entre outras áreas

Através de uma rede sem fio, os sensores coletam os dados e repassam para uma central, que vai compartilhar a informação para todos os computadores conectados a esta rede. Por terem funcionamento condicionado ao uso de baterias, esta pesquisa se torna importante para alcançar um patamar em que a duração destes equipamentos seja prolongada ao máximo. Por isso, o Grupo tem se empenhado em criar os algoritmos que possam resolver este problema.

Atualmente o grupo de estudos está desenvolvendo a parte teórica, para, em seguida, participar de editais com este projeto e assim desenvolver na capital baiana um sistema de monitoramento do ar (qualidade do ar, níveis de poluição etc), que vai gerar material para estudos comparativos e qualitativos. De acordo com o professor Flávio Assis, além de gerar um rico material acadêmico, o projeto pode contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas nas áreas de saúde e transportes. Ressaltou ainda que uma rede deste tipo de sensores para medir a radioatividade no Japão, neste período pós terremotos, tsunamis e radiação nuclear, poderia contribuir com as medidas adotadas para se evitar contaminação humana - seria necessária apenas a colocação destes sensores nos locais a serem medidos.

Além da facilidade e baixo custo de instalação destes sensores e da criação desta rede, a utilização deste mecanismo possibilitará a diminuição da mão de obra humana para fazer medições que podem ser perigosas e impossíveis, gerando benefícios não apenas para a sociedade em geral, mas para a sociedade acadêmica, que poderá ter acesso a diversas informações, sem precisar coletar dados pessoalmente. Flávio citou ainda que “as casas do futuro, com sistemas que acendem as luzes ao perceber a presença da pessoa ou por sistemas de reconhecimento de voz que atendem a comandos dados pelo seu dono são alguns dos exemplos comuns”, seja nas telas de cinema, seja nas matérias de tecnologia em revistas e ou veículos especializados.

Grupo de estudos de Flávio Assis pretende apresentar projeto de um sistema de monitoramento do ar

Relatou ainda que, em áreas em que é difícil o acesso pelo ser humano (como florestas, matas, etc) ou impossíveis (nas águas de rios, mares e lagos, corpo etc) estes sensores farão o trabalho que não pode ser feito atualmente ou que levaria anos a fio para serem concluídos, além de envolver riscos para a saúde e existência do pesquisador.

É importante ressaltar também que o avanço tecnológico nesta área vai gerar maior intensidade de produção destes sensores, que vão propiciar a obtenção de dados específicos e pontuais para os pesquisadores em diversas áreas do conhecimento. Só o fato de economizar o tempo destes pesquisadores e da criação de maior acesso às informações que seriam impossíveis ou dificilmente seriam coletadas pessoalmente, os projetos de rede de sensores ganham destaque diante de vários outros projetos em nível mundial.

Dificuldades enfrentadas atualmente pelo grupo de estudos

Na Ufba, Flávio Assis relata que o principal problema é a falta de infra-estrutura administrativa, o que gera desvio do foco de atuação de um professor, fazendo com que este tenha que realizar desde tarefas como atendimento administrativo a alunos e atualização de sites a procurar soluções para viabilizar ampliações prediais ou construções). Em relação à área específica de Ciência da Computação, há uma dificuldade natural em se conseguir resultados de impacto na área, já que, em todo o mundo, os temas de pesquisa nessa área são parecidos e, no Brasil, não há a mesma estrutura e dedicação exclusiva dos pesquisadores como em outros países, que possuem centros especializados e profissionais dedicados apenas ao assunto pesquisado.

Embora tenha dificuldades, Assis se mostra confiante: “mesmo com essas dificuldades temos alcançado bons resultados em pesquisa na Ufba e acredito que possamos melhorar ainda mais”, conclui.

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