Pesquisas feitas com a Myrcia rostrata buscam identificar atividades antimicrobiana e antitumoral. Estudos ainda possibilitam o combate às pragas em plantas, como a vassoura-de-bruxa e tumores no cérebro, a exemplo do glioma
POR PRISCILA MACHADO*
priscilamachado19@gmail.com
O Grupo de Estudos de Substâncias Naturais Orgânicas (Gesnat) e o Laboratório de Neuroquímica e Biologia Celular (LabNQ), ambos da Ufba, pesquisam plantas de dois importantes biomas regionais: o cerrado e a restinga. Essas pesquisas têm como principal objetivo fazer a classificação química das plantas e buscar atividades biológicas nesses vegetais.
Pelo menos duas vezes ao ano são recolhidas espécies das famílias botânicas Myrtaceae e Clusiaceae, de habitat na Chapada Diamantina e no Abaeté, para estudo em laboratório. São preparados extratos com solventes orgânicos, a partir dos quais é feito isolamento e identificação das substâncias e a busca de atividade antimicrobiana, citotóxica e antitumoral.
Algumas atividades contra diversos fungos, inclusive o causador da vassoura- de-bruxa, além de atividades contra microrganismos causadores de doenças em humanos, como leishmaniose estão sendo investigadas pela Fiocruz Bahia.
As pesquisas feitas com as diversas espécies vegetais buscam duas atividades biológicas distintas: atividade antimicrobiana e atividade antitumoral. Através desses estudos é possível encontrar substâncias que combatem pragas em plantas, como a vassoura-de-bruxa e substâncias que combatem tumores no cérebro, como o glioma. Outras equipes podem se interessar por determinada classe de substâncias descoberta na pesquisa e fazer estudos mais avançados.
Para descobrir atividades antimicrobianas, é verificada a toxicidade das substâncias em diferentes concentrações, nas diferentes culturas de bactérias e fungos; o objetivo é encontrar substâncias que inviabilizem a sobrevivência das bactérias e fungos em concentrações menores do que para os antibióticos já usados no mercado.
A descoberta de atividade antitumoral funciona de forma parecida com a antimicrobiana, a diferença é que as substâncias são testadas em diferentes concentrações em culturas de células normais do sistema nervoso central de ratos e em culturas de células tumorais humanas e de ratos; o objetivo é encontrar substâncias que inviabilizem a sobrevivência de células tumorais em concentrações menores do que para as células normais.
De acordo com o pesquisador do Gesnat e do LabNQ, Martins Cerqueira, para que um medicamento seja produzido, o tempo entre a pesquisa básica e o fármaco no mercado é, em média, de 10 a 12 anos. Se o medicamento tiver ação no sistema nervoso central, o tempo aumenta para de 12 a 15 anos. Durante esse tempo são feitos testes in vitro, em culturas de células, e in vivo com animais de laboratório e depois estudos de fase clínica em humanos.
Etapas:
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