Com o objetivo de popularizar a Ciência Ecológica, bem como divulgar a Reserva da Sapiranga como santuário científico na Bahia, jornalistas especializadas produzem livro fotográfico Um passeio pela Reserva Ecológica da Sapiranga.
ELENA MARTINEZ E LÍVIA MODESTO*
A produção do livro fotográfico Um passeio pela Reserva Ecológica da Sapiranga foi realizada com base na observação direta do ambiente retratado, acompanhada dos profissionais envolvidos na execução do Projeto Floresta Sustentáveis, em entrevistas com especialistas monitores do Projeto e com outras pessoas que trabalham e vivem no local, além de pesquisa bibliográfica, documental e consultoria de profissionais da área de Ciências Biológicas, que desenvolvem estudos na Fundação Garcia D’Ávila e no Centro de Ecologia e Conservação Animal (ECOA), vinculado ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Católica do Salvador (UCSal). O livro fotográfico tem como público-alvo a população em geral, de diversas faixas etárias, e objetiva popularizar a Ciência Ecológica, bem como divulgar a Reserva da Sapiranga como santuário científico na Bahia.
Fauna – Na fauna local são observadas diversas populações de curiosos e territorialistas micos do tufo branco, intrigantes e misteriosos bichos-preguiça de-coleira em meio à trilha sonora consagrada por pássaros como surucuás e sabiás. Entre as serpentes, robustas jibóias e ágeis jararacuçus interagem com anfíbios que chegam a medir menos de uma polegada.
A Reserva firma-se como uma grande parceira do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ao abrir espaço para reabilitação e soltura de animais silvestres que se encontravam em situação de risco, como explica Josiano Torezani, analista ambiental do Ibama-Cetas/Salvador-Ba: “a destinação de um animal silvestre é o trabalho final de um Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). Ele pode ser devolvido para a natureza ou abrigado em zoológicos e criadouros, de acordo com avaliação técnica. A soltura é a primeira opção a ser considerada e quando é a escolhida faz-se necessário ter uma boa área para que ela ocorra com sucesso, isto é, uma área protegida e em bom estado de conservação”.
Ainda de acordo com Torezani, a Reserva Ecológica da Sapiranga possui uma grande extensão de Mata Atlântica bem preservada, por isso tem desempenhado papel importante para as ações do Cetas Chico Mendes. “Recentemente, também recebemos da reserva a doação de várias mudas de espécies nativas, as quais serão plantadas na área do Cetas e algumas dentro do novo recinto dos jabutis, onde, quando crescerem, fornecerão abrigo e frutos aos animais”.
Flora – A vegetação da Reserva da Sapiranga é formada, em quase sua totalidade, por fragmentos de floresta ombrófila densa em estágios de médio a avançado de regeneração, ou seja, em processo de recuperação natural, pois os desmatamentos voltados principalmente à agricultura e à pastagem tiveram início no século 16. Atualmente seu uso é restrito e protegido. As atividades desenvolvidas na reserva são, eminentemente, de cunho ecoturístico e educacional.
A vegetação, que se caracteriza por sua heterogeneidade, pode ser apreciada ao longo das trilhas ou no viveiro de mudas, onde são produzidas mudas de espécies ameaçadas de extinção, como a amescla e o pau-brasil, que dá nome ao nosso país, e outras importantes espécies para a flora e a comunidade local, como o cajueiro, pau-pombo, licurioba, piaçaba, sucupira, murici, lixeira e ingá, sejam pelos frutos por elas produzidos ou pelas fibras fornecidas.
A identificação de muitos espécimes foi realizada em campo e amparada por bibliografia específica (Barroso, et al., 1978, 1984, 1986; Lorenzi et al., 1996; Lorenzi, 1992; Souza & Lorenzi, 2005), consulta ao banco de dados do Herbário Radambrasil e ao professor Christiano M. Menezes, da Universidade Católica do Salvador (UCSal). Para a revisão nomenclatural foram utilizadas informações do site International Plant Names e para a classificação dos taxa (unidade taxionômica associada ao sistema de classificação científica), foi utilizado o sistema Cronquist (1981). As espécies identificadas foram confrontadas com as Listas de Espécies Ameaçadas (IBAMA, 2008 e IUCN) para identificação de espécies ameaçadas de extinção.
*Elena Martinez e Livia Modesto são jornalistas especializadas em Jornalismo Científico e Tecnológico.