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Atualizado em 1 DE setembro DE 2023 ás 19:25

Enecult: Cultura para Novo Brasil

A Agência de Notícia em CT&I (AGN) acompanhou os diálogos do segundo dia do ENECULT acerca dos Desafios para a formação em cultura.

Cinthia Maria e Nathalí Brasileiro
cienciaecultura.ufba@gmail.com

Na última semana, entre os dias 23 e 25 de Agosto, foi realizada a 19ª edição do Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (ENECULT). Com mesas de debates no salão nobre da reitoria da UFBA e no Goethe-Institut, o encontro foi organizado pelo Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT) e, neste ano, teve como tema Cultura para o novo Brasil. O encontro deste ano, que também foi transmitido pelo youtube, aconteceu em edição especial em virtude da comemoração dos 20 anos do CULT e propôs debates entre o estado e a sociedade.

Organizado em sete mesas com foco em cultura e nas políticas públicas de cultura necessárias para construção desse novo Brasil, o evento contou com uma equipe de observadores e pesquisadores(as) que ficaram responsáveis por elaborar um documento síntese dos debates e recomendações do Enecult, que serão, posteriormente, divulgadas e publicadas em um livro da coleção CULT.

Abertura
Durante a abertura do evento na quarta-feira (23) – que contou com a presença de representantes de órgãos e setores culturais -, Albino Rubim, criador do CULT, falou sobre a importância da celebração diante o contexto político e a singularidade do evento, trazendo consigo elementos únicos como diferencial para a edição na comemoração dos 20 anos: a definição de um tema para o evento. Em sua fala, o professor se emocionou ao homenagear a Mãe Bernardete e relembrar o assaninato dos povos Yanomami. “Nos últimos anos vimos a barbárie no Brasil. Nós queremos – e precisamos – discutir culturas para sair dessa barbárie. Culturas para criar um outro país. Um país que seja diferente deste”, afirma.

Para a composição da mesa, tivemos como representante do Ministério da Cultura (MINC), Maria Marighella, presidenta da Fundação Nacional de Artes (FUNARTE). A presidenta destacou a importância do ENECULT e das contribuições que sairão desta 19ª edição para reconstrução da cultura brasileira após “um ciclo nefasto” para a democracia, de ataques à cultura e às artes. Ela ressaltou também o esforço coletivo das equipes do MINC para que essa reconstrução seja efetiva, oferecendo mais segurança. “As políticas nacionais para a cultura e as artes do Brasil só serão efetivas, perenes e resistentes, pelas mãos de um pacto federativo amplo. Pelo enlace entre Governo Federal, estados, municípios, universidades e, também, fazedores e gestores de cultura. Esse é compromisso do MINC e a força das instituições de ensino e pesquisa, aqui representados pela UFBA, nos ajudam a alcançar um caminho sólido das políticas culturais”, completa.

Desafios para a formação em cultura
A Agência de Notícia em CT&I (AGN) acompanhou os diálogos do segundo dia de evento (24) acerca dos Desafios para a formação em cultura. A mesa propôs pensar nos obstáculos com a motivação de contribuir para a construção deste novo Brasil no atual estado das artes e políticas de proteção à cultura. Analisando também ações articuladas de forma transversal entre os Ministérios de Educação (MEC) e o da Cultura com foco nos programas e projetos que envolvem as instituições públicas de ensino superior.

Imagem feita por Sofía Nachef

Relembrando a tentativa de diversos governos passados de transformar o MinC em “apenas uma secretaria ligada ao Ministério da Educação (MEC)”, Angela Andrade, coordenadora da mesa, defendeu que as pastas atuem separadamente, mas de forma integrada. “Sabemos que educação e cultura são valores associáveis, mas ter essas duas funções em ministérios distintos garantem a efetividade de verbas próprias para fortalecer uma área que, muitas das vezes, é considerada supérflua pelos governantes”, pontua.

O secretário de Formação, Livro e Leitura do MEC, Fabiano Piúba, afirma que o maior desafio do Ministério é (re)construir essa agenda integrada de formação artística e cultural nos ensinos básico e superior. “Não há educação sem cultura ou cultura sem educação. Elas caminham juntas em nossas vidas e devem continuar caminhando juntas como políticas públicas integradas. Pesquisas revelam que quanto maior é a escolaridade, maior é a participação das pessoas em atividades artísticas e culturais. O oposto vale também, quanto maior é a vivência artística e cultural na vida de crianças e jovens, maiores são as condições na melhoria dos processos de ensino-aprendizagem”. Ele afirma que a meta do MEC é ter uma nação de leitores, com formação técnica, profissional e/ou acadêmica crítica em arte e cultura para melhor desenvolvimento e envolvimento da cultura no Brasil.

Isaura Botelho, pesquisadora em políticas culturais, avalia que a pandemia evidenciou o quão lamentável foi a não implementação de um sistema nacional de cultura. “A pandemia do Covid-19 acabou mostrando todas as fragilidades do setor cultural, que já vinha sofrendo com a guerra cultural promovida pelo Governo Federal, acirrando a falta de robustez das instituições culturais e deixando os profissionais desamparados”, afirma. Ela ressalta também a importância do ENECULT e de se debater formação em cultura para a construção desse “novo Brasil” pois, “diante de tudo que foi vivido e sentido nos últimos anos”, é de suma importância que essa integração entre cultura e educação volte a existir.

Em entrevista a ANG, Hortência Nepomuceno, mestre em Cultura e sociedade e ex-aluna da Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom), diz ter acompanhado as mesas do primeiro dia pela transmissão no youtube, mas que fez questão de acompanhar esta presencialmente pelo trabalho que exerce como produtora cultural no Instituto Federal da Bahia (IFBA). “O ENECULT é um evento tem expressividade Nacional – e até Internacional – na área da Cultura, que traz muitos pesquisadores e pessoas que estão envolvidas na área, então é um momento importante de acompanhar. Além disso, essa intersecção entre a educação e cultura tem muita afinidade com minha atuação profissional, por isso, especialmente, estou aqui hoje”. Ela afirmou que o tema do evento e as discussões foram uma forma de refletir sobre os últimos anos e, principalmente, sobre a crise na área da cultura, do “desgoverno” e dos muitos retrocessos, marcando essa edição como especial.

Revisado por Annandra Rodrigues, Beatriz Nascimento e Manoela Santos.

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