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Atualizado em 1 DE junho DE 2012 ás 17:41

Equipamento produzido na UFBA quadriplica a produção de beiju

A plantação de mandioca ocupa cerca de 400 mil hectares do estado da Bahia e seus derivados são muitos, dentre eles o beiju. Revelado como um dos três produtos mais presentes no café da manhã dos baianos. O equipamento desenvolvido pelo Gitec possibilita otimizar a produção da iguaria, além de atender às regras de segurança alimentar estabelecidas pela Anvisa.

POR MARILÚCIA LEAL*
lealmarilucia@gmail.com

O Projeto Beiju é desenvolvido pelo Grupo de Inovação Tecnológica da UFBA (Gitec), coordenado pelo professor doutor em Engenharia Mecânica, Armando Ribeiro. O objetivo principal é melhorar a geração de renda das famílias e comunidades produtoras de mandioca, contribuindo para a afixação do homem no campo e assegurando melhores condições de trabalho à população. A criação do produto parte da necessidade de se aperfeiçoar a produção do beiju, que hoje ainda acontece de forma bastante rudimentar, dando ao produtor a oportunidade de produzir mais utilizando menos espaço e reduzindo o contato direto com o alimento.

1- SILO, 2- PENEIRA, 3- RASPADOR, 4 - MESA**

“O equipamento está sendo projetado para produzir de 48 a 64kg/h” , afirma Ribeiro. Com oito fornos e utilizando três vezes mais espaço, a produção, dentro dos moldes de produção artesanal, chega apenas a 16 Kg/h. Sem contar com as condições de trabalho – o ambiente quente, devido a alta temperatura de cozimento do beiju; as más condições ergonômicas do trabalhador, já que sua ação é indispensável em cada um dos processos produtivos. “No projeto, substituímos o aquecimento a lenha por um sistema de aquecimento a gás com temperatura controlada, eliminando assim a inalação de fumaça pelos trabalhadores”, completa.

Da sua primeira concepção até a fase atual de finalização o equipamento passou por muitas mudanças. A principal dificuldade encontrada pelo grupo foi no processo de peneiramento. A umidade da fécula acabava entupindo a peneira, o que inviabilizava a continuidade do processo. Muitos testes foram feitos, até que o próprio grupo desenvolveu a tecnologia de adicionar pequenas bolas de borracha à peneira. Com o vibrar do peneiramento, as bolas batem na superfície da peneira e desprendem os flocos de fécula depositados nos espaços. A equipe agora segue para o teste com todas as peças do maquinário. Do peneiramento ao produto final.

Equipamento garante normas de segurança estabelecidas pela Anvisa

A mandioca é uma cultura de vital importância para a agricultura familiar. Entretanto um dos grandes impasses para a industrialização da produção, além da baixa quantidade se utilizado o processo de fabricação normal, é a garantia das normas de segurança alimentar estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). “Nos ambientes que visitamos observamos condições insalubres de produção e higiene precária. A manipulação direta do produto pelo trabalhador facilita a adesão de bactérias. Esse tipo de produto não te como ser industrializado”, diz o professor.

Essa questão também foi considerada no desenvolvimento do equipamento. O contato do trabalhador à matéria-prima do beiju limita-se ao adicionamento da fécul (goma) no maquinário. A partir de então, a máquina de beiju dosa, dá forma, cozinha sob temperatura de 280º – controlada e constante – e desenforma. Todas as peças da máquina são de aço inoxidável e de fácil limpeza. A cerâmica, local onde o beiju será cozido propriamente, não traz risco de contaminação já que não permite a adesão de nenhum tipo de bactéria. Além disso, temperatura que alcança enquanto cozinha é capaz de matar qualquer microrganismo tenha tido contato com o alimento nos processos de colheita e manipulação da fécula. “A escolha e o desenvolvimento de cada peça é algo que resulta de muito trabalho, requer muita atenção. Não basta imaginar a ideia. Cada peça é resultado de muitos cálculos, conceitualizações”, reforça Tulio Cerviño, bolsista do grupo que trabalha diretamente com o Projeto Beiju.

Projeto será apresentado ao governo do estado

A Bahia possui a maior área plantada da raiz do país e ocupa o segundo lugar em produtividade, com, aproximadamente, 4,2 milhões de toneladas/ano e produtividade média de 12 toneladas por hectare. Em função do apelo social que o produto carrega, Armando Ribeiro destaca a expectativa de conclusão do projeto. “Precisamos concluir logo pois a produção de mandioca no estado é algo forte e grandioso”, ressalta. O projeto será finalizado no segundo semestre, e a proposta é apresentá-lo ao governo do estado.

Após a finalização, o protótipo será encaminhado para a UEFES, local onde será feito o treinamento com famílias e grupos de produtores. O trabalho de condicionamento ao uso do equipamento será iniciado pela Cooperativa de Beijuzeiras do município de Conceição do Coité.

Histórico

O Gitec Grupo de Inovação Tecnológica da UFBA – atua nas áreas de Desenvolvimento de Produtos e Análise e Dimensionamento de Estruturas e  Componentes. Os trabalhos desenvolvidos pelo grupo já garantiu prêmios de Destaque de Melhor Trabalho PIBIC-UFBa das Engenharias” nos anos 2004/2005 e 2005/2006, segundo lugar no concurso Ideias Inovadoras – Categoria Inventor Livre em 2008, primeiro lugar no concurso Ideias Inovadoras – Categoria Graduandos 2009 e terceiro lugar no concurso Ideias Inovadoras – Categoria Graduandos 2010, além das seis patentes depositadas nos últimos três anos.

A ideia inicial da máquina surgiu em 2005 numa parceria com a professora Marcia Nori, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Em 2010 o projeto foi retomado e o trabalho de criação do equipamento  continuado. Hoje, em fase final, o projeto conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisas do Estado da Bahia (FAPESB).

*Marilúcia Leal é estudante de Jornalismo da Facom/Ufba e bolsista da Agência Ciência e Cultura.

** 1) SILO - sistema que armazenará 64kg de fécula e é responsável por dosar a quantidade exata necessária para completar uma cerâmica com beijus de aproximadamente 630g . Ele jogará esta quantidade de fécula na peneira a cada giro do rotor interno dele. 2) PENEIRA - peneira os 630g de fécula. A cada ciclo,a fécula peneirada cai diretamente no raspador através de uma calha. 3) RASPADOR- distribui a fécula na cerâmica no formato desejado. 4) MESA- sistema com 18 placas de cerâmica,as quais girarão durante o processo aquecendo o beiju. O aquecimento da cerâmica se dá por meio dos distribuidores de gás localizados na parte inferior da mesma.

5 comentários para Equipamento produzido na UFBA quadriplica a produção de beiju

  1. joelma disse:

    Fiquei sabendo que se coloca formol na goma para que ela seja conservada, isso e verdade?

  2. Israel disse:

    Olá gostaria de conhecer esse projeto, já está em produção…. gostaria de comprar.. aguardo…
    Att. Israel

  3. Gostaria de mais informações a respeito desse forno de beiju de mandioca. Estou sistemtizando um Projeto Referencial do “Bahia Produtiva”, da Cia. de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural. Pretendemos melhorar o desempenho da agricultura familiar, introduzindo inovações adaptadas à realidade desse sub setor da nossa economia rural através de apoio financeiro a fundo perdido. Aguardamos o contato para partilharmos nossas experiências.
    Saudações,
    Helbeth Lisboa de Oliva
    Eng. Agrônomo
    Especializado em desenvolvimento Rural
    SDR-CAR, Governo da Bahia
    Salvador, 15/09/2016

  4. francisco Alencar disse:

    Gostaria de saber mais detalhes sobre esse equipamento de fazer beiju.
    Grato!

  5. jose adilson de souza disse:

    quero mais informaçoes sobre a maquina de fazer beiju e valor

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