A Associação de Pais e Mestres na esteira do tempo de Juazeiro (BA): representações sobre infância, educação e cultura foi o resultado da pesquisa feita pelo pesquisador Luís Osete Ribeiro Carvalho, através do Programa de Pós Graduação Mestrado em Educação, Cultura e Territórios Semi Áridos (PPGESA)
POR INGRYD SANTOS*
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Responsável por mobilizar a educação e cultura de Juazeiro, a Associação de Pais e Mestres (APM) reuniu educadores e familiares para articulação de um novo ambiente educacional. Entre os anos de 1954 e 1974, a associação liderada por professoras primárias desenvolveu novas metodologias de ensino e tecnologias que facilitavam o cotidiano escolar.
A Associação de Pais e Mestres na esteira do tempo de Juazeiro (BA): representações sobre infância, educação e cultura foi o resultado da pesquisa feita pelo pesquisador Luís Osete Ribeiro Carvalho, através do Programa de Pós Graduação Mestrado em Educação, Cultura e Territórios Semi Áridos (PPGESA).
A partir de uma revisitação histórica, a pesquisa documentou as ações desenvolvidas pelos agentes que participaram da APM. Além disso, a dissertação certifica o pioneirismo das professoras que estavam à frente da associação, destacando a presença da professora Maria Franca Pires.
“Uma das contribuições desse trabalho é colocar a associação no mapa da história de Juazeiro, pois até então ela não tinha lugar nem na história da educação. Então, esse trabalho desperta a atenção para o papel das professoras primárias e pais de alunos que durante vinte anos agiram ativamente na associação”, declara Luís Osete.
O interesse em retratar a APM começou com o projeto de iniciação ainda na graduação, em Comunicação Social, com a pesquisa “O arquivo de Maria Franca Pires: memória e história cultural em pesquisa na região de Juazeiro-BA”, orientado pela professora Odomaria Bandeira. “Quando eu entrei no mestrado, eu quis trazer uma questão de pesquisa que relacionasse o arquivo de Maria Pires com a educação, cultura e território de Juazeiro”, afirma.
Para fazer análise histórica da associação, Luís Osete enfrentou alguns problemas devido a falta de referências documentais a respeito da entidade nos livros de história de Juazeiro. Foi preciso recorrer às memórias de professoras que participaram da APM e aos materiais didáticos reunidos pela professora e pesquisadora Maria Pires que, atualmente, compõem um acervo na UNEB, como atas da associação e crônicas radiofônicas.
Os materiais do arquivo pessoal de Maria Pires são objetos de análise desde que foram doados pela família, em 2004. “O pioneirismo de Maria Franca Pires foi o que salvou parte da memória da cidade”, afirma a historiadora Odomaria Bandeira, que ficou responsável pela guarda da documentação.
Maria Franca Pires reuniu materiais fundamentais para uma consulta histórica como parte da iniciativa de registrar a “história que vive na cabeça do povo”, como ela dizia. Os materiais revelam aspectos sociais, culturais e educacionais sobre o território semiárido, especialmente, o município de Juazeiro. São diversos documentos que compõe o “Museu de tudo”, entre eles jornais, fotografias, depoimentos gravados em fitas cassetes, livros, entrevistas e entre outros.
“O acervo é muito importante para a pesquisa da história cultural da cidade. Nele, existem outras possibilidades de conhecimento sobre outros aspectos, como a própria imprensa, a história dos meios tecnológicos de educação, o movimento cultural, conhecimentos sobre literatura e a produção literária. Existe uma diversidade de materiais”, relata Odomaria.
Atualmente, o acervo está em processo de digitalização para formar um catálogo digital. O objetivo da plataforma online é facilitar o acesso do público aos documentos históricos. Cerca de 80% do material está digitalizado.
Para conhecer outras pesquisas produzidas pelo programa de pós-graduação, acesse o site http://ppgesa.uneb.br/.
Ingryd Santos é repórter da Agência MultiCiência – Agência de Notícias do curso de Jornalismo em Multimeios, Departamento de Ciências Humanas, campus III da UNEB