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Atualizado em 8 DE maio DE 2014 ás 18:43

Estudos de audiências para transformar a sociedade

A compreensão da ciência e as diversas possibilidades de ampliação do seu papel transformador na sociedade foi um dos temas tratados na plenária Comunicação da Ciência e as audiências, da 13ª Conferência Internacional de Comunicação Pública da Ciência

NÁDIA CONCEIÇÃO*
nadconceicao@gmail.com

A comunicação pública da ciência para além de seus efeitos na sociedade e pensada a partir da diversidade cultural e das relações de poder que envolve as comunidades, esse é um dos pontos de vista defendido pelo pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais, Yurij Castelfranchi, que discursou na plenária Comunicação da Ciência e as audiências, que foi realizada na manhã desta quinta-feira (8), último dia da 13ª Conferência Internacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia, que ocorre pela primeira vez na América Latina.

De acordo com Castelfranchi, o problema dos estudos de recepção está na centralidade dada aos métodos de pesquisas e seus resultados. Ele afirma que estes procedimentos não dão conta das relações políticas, de classes, de valores individuais e coletivos, nem do contexto cultural das pessoas envolvidas. “Se ficarmos centrados nisso não podemos falar em inclusão. Inclusão é saber a capacidade de entendimento que as pessoas tiveram sobre ciência e que, a partir da disponibilização dessas informações,  as pessoas se apropriem dele, concretizando dessa forma o papel social transformador da ciência na sociedade e nos indivíduos”, reforça.

Para reitor de pesquisa da Copenhagen Business School, Alan Irwin, é necessário colocar a ciência no centro das turbulências atuais como, por exemplo, a crise financeira mundial. Irwin falou ainda que essa orientação é necessária para a divulgação da linguagem da ciência no mundo, conquistando e reforçando a importância da “excelência da ciência”.

O reitor também apresentou três ordens de pensamentos para compreender a ciência: o déficit da democracia; o progresso parcial; e a tomada de consciência de que os cientistas são apenas um grupo na mesa de discussão de ciência na sociedade;

“A ideia de comunicação pública de ciência precisa ser pensada como uma construção do tipo de sociedade que desejamos para viver, onde o engajamento político seja um processo de construção de melhorias sociais”, afirma Irwin, que reforça ainda que “existem poucas alternativas de abordagens da ciência, mas muitas possibilidades de desenvolvimentos, sendo assim, a audiência é uma construção incompleta que possibilita aberturas ambíguas dos conceitos e das abordagens”, conclui.

Na concepção da editora do jornal Comunicação da Ciência dos Estados Unidos, Susana Hornig Priest, não se pode pensar as audiências da ciência sem pensar em uma pluralidade de público, o que ela chama de “múltiplos públicos da ciência”. Segundo Priest, as pessoas buscam informações de ciência variadas e, portanto essa transmissão de informação precisa ser pensada de forma estratégica. “Essa comunicação estratégica depende do controle da ciência e da aceitação dela como forma de melhorar a qualidade de vida do meio ambiente em que vivemos”.

A editora acredita que a comunidade cientifica e as pessoas precisam atuar no esforço de melhorar a democracia para a tomada de decisões e isto, consequentemente, cria mecanismo para melhorar a ciência e sua repercussão e na sociedade.

“Precisamos reforçar na democratização de uma “socialização da ciência”, onde todos possam aprender a cultura da ciência e seu funcionamento, sobretudo para aquelas pessoas que não passaram por uma universidade. Eu falo de um conhecimento básico da ciência, mas que não esteja separada de uma de uma série de preocupações que compõe a vida de um indivíduo, como religião, crenças que são também fundamentais para a compreensão individual da ciência”, conclui.

*Jornalista e mestranda do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade – Ufba

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