Newsletter
Ciência e Cultura - Agência de notícias da Bahia
RSS Facebook Twitter Flickr
Atualizado em 8 DE novembro DE 2012 ás 14:59

Físicos do Norte e Nordeste debatem paradigma do ensino nas escolas

A trigésima edição do Encontro de Físicos do Norte e Nordeste congregou professores, pesquisadores e estudantes em um espaço que, de 05 a 07 de novembro, discutiu os paradigmas do ensino de Física nas escolas de ensino médio.

POR EDVAN LESSA* e CAROLINA LEMOS**
lessaedvan@gmail.com

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. A citação do educador e filósofo, Paulo Freire, faz parte de um trabalho que influenciou profissionais da educação, no que diz respeito a uma “pedagogia crítica”. São reflexões ainda presentes nos debates atuais, tal como ocorreu durante o XXX Encontro de Físicos do Norte e Nordeste (EFNNE). O evento que teve início na última segunda-feira (05) é organizado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e reúne, até o dia 09 de novembro, estudiosos e estudantes do campo da Física para debater e refletir sobre o desenvolvimento do campo no país.

+ ENCONTRO DE FÍSICOS

Física quântica pode ser aplicada em tecnologia computacional

Estudos de materiais carbonosos ajudam no melhoramento de solos improdutivos

“Desafios da profissão” foi o tema da Mesa Redonda II da manhã de ontem (07). O último debate sobre ensino avaliou o papel desempenhado pelo professor de Física no ensino médio e as dificuldades com as quais se depara. Participaram da mesa, os professores Ricardo Miranda da Ufba, Nildon Pitombo da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), e Maria Amélia Monteiro da Universidade Estadual da Paraíba, que aprofundaram a temática central, para além das especificidades do campo da física, motivando mudanças políticas e colaborativas no sistema de ensino.

“Desafios da profissão” foi o tema da Mesa Redonda II da manhã de ontem (07) com Nildon Pitombo. Foto: Divulgação

Para Nildon Pitombo, é necessário pensar numa nova matriz de ensino para a juventude. “Não dá mais para ser um modelo de organização de currículo de escola, seja pública ou privada, baseado em blocos estanques de conteúdo”, avalia.  Ainda segundo o professor, que integra a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, questões como essas são dramáticas, e é importante falar de assuntos que dialoguem entre si e tenham relação com a vida de cada um. “É fundamental transformar aquilo que é ensinado e aprendido em um artefato da cultura da pessoa que passou por isso”, acredita.

A Universidade aproxima a escola

Enquanto coordenadora do EFNNE, a professora Maria Cristina Martins Penido (Ufba), ressalta a importância do diálogo entre a universidade e a escola para que os estudantes desenvolvam o seu trabalho de maneira razoável. “Fazer essa articulação é, justamente, dar fala e voz ao professor da escola”, enfatiza. Nildon Pitombo lembra, por outro lado, que o mesmo tipo de problema que se constata na educação básica é visto na educação superior. “As dificuldades são as mesmas, o modelo e a perspectiva de olhares [também]”, acredita. “É claro que a gente tem que ter o cuidado necessário para debater [isso] na hora certa, no lugar certo, e respeitando as individualidades e especificidades das instituições”, relativiza.

Professora Maria Cristina Martins Penido (Ufba). Foto: Divulgação

Professora Maria Cristina Martins Penido (Ufba). Foto: Divulgação

O experimento no ensino de Física

Do ponto de vista de quem apreende a física na universidade, a exemplo de Geziane Pereira (UEFS), a relação entre academia e escola pode render bons frutos. A experiência da estudante, através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), aplicou experimentos no ensino de Física em uma escola de ensino médio de Feira de Santana. “Num primeiro momento nós tivemos dificuldade, porque havia professores que não eram da área, e não sabiam como utilizá-los. Outros não tinham tempo. [E] com esses softwares que fazem várias simulações foi possível trabalhar com os alunos, diversos assuntos, de forma prazerosa”, lembra.

Geziane também sobressalta que a questão do experimento na escola contribui para a mudança da imagem negativa que muitas pessoas têm de estudiosos como Einstein.  “Muitos acham que a física é abstrata e que seus efeitos não são reais. [Mas] ao mexer com um experimento você consegue entender que as leis podem ser aplicadas. O que ajuda, entre outras coisas, a desmistificar a figura do físico que é tido, muitas vezes, como louco”, detalha.

Professor Eduardo Capossoli, Escola Pedro II - Rio de Janeiro, durante o XXX Encontro de Físicos do Norte e Nordeste. Foto: Divulgação.

Professor Eduardo Capossoli, Escola Pedro II - Rio de Janeiro, durante o XXX Encontro de Físicos do Norte e Nordeste. Foto: Divulgação.

Outra experiência positiva, que valorizou a inclusão do experimento de física na escola, foi apresentada por Eduardo Capossoli, docente da Escola Pedro II, no Rio de Janeiro.  “Ganhamos uma verba de 35 mil para realizar uma feira de ciências. Embora não tenha muita novidade para nós, professores, a feira aplica-se como um grande evento [para os alunos]”, ressalta.  “O nosso colégio possui uma particularidade, [pois] tem alunos com deficiência visual; cegueira completa ou cegueira parcial. Um grupo montou o experimento de uma buzina automotiva e outro grupo um experimento de força centrípeta”, lembra.  De acordo com o educador o trabalho, apesar de simples, gerou engajamento dos alunos, por isso foi muito bom.

*Edvan Lessa é estudante de jornalismo da UFBA e bolsista da Agência Ciência e Cultura.

**Carolina Lemos é estudante de jornalismo da UFBA e bolsista da Agência Ciência e Cultura.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *