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Atualizado em 12 DE abril DE 2016 ás 17:47

UFBA sedia seminário sobre Franz Fanon

Renato da Silveira, tradutor de Pele Negra, Máscaras Brancas, debate a obra do autor francês no seminário A Descolonização do Conhecimento. Realizado no dia 11 de abril, no auditório do PAF III, no campus de Ondina, o evento abordou questões como as experiências coloniais na África, a resistência dos negros e ainda a atual situação política brasileira

LUCAS BRANDÃO*
lucasllcb@gmail.com

O pesquisador Renato da Silveira foi o convidado do seminário Frantz Fanon e a Descolonização do Conhecimento, promovido pelas disciplinas Teorias da Cultura e Estudos Sobre a Contemporaneidade II, do BI em Humanidades da Universidade Federal da Bahia (UFBA), ministradas pelas professoras Clelia Neri Côrtes e Rita Aragão, respectivamente, realizado na noite de ontem, 11, no auditório do PAF III, em Ondina.

O professor é o tradutor de Pele Negra, Máscaras Brancas, de  1952, um dos mais importantes livros do intelectual e ensaísta negro, nascido na Martinica, na França, que deu nome ao evento. Porém, Silveira destaca: “Eu não vim aqui como especialista, mas como provocador”.

Silveira foi exilado durante a ditadura do Brasil (1964-1985), tendo o primeiro contato com a obra de Fanon nessa época. O professor aposentado da UFBA destacou a importância do autor na desconstrução de conceitos já estabelecidos. “É um livro político. Ao mesmo tempo denuncia a discriminação, a exploração, a opressão e estimula o espírito rebelde”.

A discussão trouxe questões relevantes no cenário social e cultural como as diversas experiências coloniais africanas, a luta contra a dominação, a realidade negra nesses cenários em confronto com a realidade presente, além da análise da conjuntura politica atual e sua relação com os problemas sociais. A discriminação presente nos diferentes ambientes, em especial na UFBA, também foi problematizada no debate. O professor denunciou a resistência de um grande grupo dentro da universidade em aceitar iniciativas que implementem estudos da cultura negra.

O palestrante ressaltou também a inovação nos livros do martinicano por sua vanguarda na multidisciplinaridade e pela abordagem da colonização pelo viés dos negros. “O sepultamento da originalidade cultural do negro faz ele ser uma figura inferiorizada, vivendo no mundo do outro, depreciado”. A obra de Fanon também trata do racismo do negro contra o negro. “Para ele a cultura tradicional africana era cúmplice daquela dominação, por isso ele a rejeita”, explica.

A professora Rita Aragão destacou a atualidade da obra do martinicano. “O texto de Fanon, que foi escrito décadas atrás, continua sendo contemporâneo porque são questões que se atualizam”. Já Clelia Côrtes comentou sobre a dificuldade em pesquisas relacionadas à cultura negra e ao racismo. “Em termos de publicações eu acho que a universidade ainda está devendo. A gente tem que demandar mais e produzir mais textos”.

O evento contou com o apoio do grupo de pesquisa CISAIS  Culturas e Interculturalidades: Saberes, Práticas e Políticas Culturais, do Programa de Educação Tutorial do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (PET IHAC) e do PET Comunidades Indígenas.

*Graduando do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e estagiário da Agência de Notícias em CT & I Ciência e Cultura.

Culturas e interculturalidade:saberes, práticas e políticas culturais. CISAIS/IHAC

Um comentário a UFBA sedia seminário sobre Franz Fanon

  1. Lucia Maria disse:

    Sensacional esse artigo. Parabens deve ter dado um trabalhao reunir todo esse conhecimento em um lugar só

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