O teste desenvolvido por Geórgios Papanikolaou é hoje um dos principais métodos de prevenção do câncer no colo do útero em todo mundo
POR GIOVANNA HEMERLY*
gihe296@gmail.com
Há 136 anos nascia o pesquisador grego Geórgios Papanikolaou, um dos pioneiros nos estudos das células e de detecção do câncer. Para lembrar suas contribuições na área das ciências médicas, nesta segunda-feira, 13 de maio, o Google criou um doodle (ilustrações da empresa para datas comemorativas) na página inicial de seu site de buscas em homenagem ao pesquisador inventor do exame de prevenção papanicolau.
O doodle brinca com a representação do cientista realizando seus estudos sobre citopatologias em um microscópio enquanto exibe um design estilizado do logotipo da empresa. O Google Doodles, que eventualmente homenageia outros cientistas que marcaram a história, foi lançado no final da década de 1990, e se propõe a lembrar os internautas de marcos importantes da história da humanidade, de maneira criativa e interativa. Você pode conferir no link outras datas também celebradas pelo site.
Teste de papanicolau - Geórgios Papanikolaou tem seu nome bastante lembrado por conta do “teste de Papanicolau”, realizado em mulheres adultas com vida sexual ativa para identificar, previamente, a possibilidade de doenças no sistema reprodutivo feminino, como o câncer no colo do útero. O exame é revolucionário por sua eficiência, praticidade e baixo custo, possibilitando assim salvar a vida de milhares de mulheres por ano.
O exame inicialmente era uma solução do cientista para realizar seus estudos sobre os ovócitos de porquinhos-da-índia sem precisar sacrificar o animal para fazer as análises. Após o sucesso na utilização do teste com esses roedores, Papanikolaou, com auxilio da sua esposa Andromahi Mavrogeni, passou a utilizá-lo na coleta de células de mulheres sexualmente ativas e, assim, desenvolver suas pesquisas sobre o câncer cervical. Apesar do êxito nos resultados, ao apresentar sua pesquisa para a comunidade científica nos Estados Unidos, em 1928, suas descobertas foram recebidas com descrenças, já que na época a biópsia era considerada o método mais eficaz para a detecção do câncer no colo do útero.
Contudo, no início da década de 1940, Geórgios Papanikolaou, em parceria com outros médicos, conseguiu desenvolver ainda mais suas pesquisas e mostrar à comunidade científica a eficácia que o teste poderia apresentar na prevenção do câncer, já que era possível detectar a possibilidade da doença ainda na fase inicial com maior precisão quando comparado a biópsia. Diante do êxito de seus estudos, em 1950, o cientista conquistou o Prêmio Lasker-DeBakey de Pesquisa Médico-Clínica.
Câncer no colo de útero - Cerca de 530 mil novos casos da doença são registrados por ano no mundo. No Brasil, esse tipo de neoplasia é uma das mais frequentes entre as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de mama. Segundo dados o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que pelo menos 18.980 mulheres tenham a doença em 2019. Em 2016, 5.847 óbitos foram ocasionados por este tipo de cancro, sendo sua incidência maior entre mulheres acima dos 45 anos de idade que viviam na região norte do país.
Um dos principais causadores desse tipo de câncer é o vírus HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) com classificação de alto risco, já que é a partir da sua transmissão, geralmente ocorrida através do ato sexual, que acontecem as lesões conhecidas como verrugas genitais ou condiloma acuminado, uma das causas principais do câncer do colo do útero. São essas lesões pré-cancerosas que podem ser identificadas durante o teste de papanicolau, possibilitando o tratamento precoce e, por consequência, proporcionando até 100% das chances de cura.
Contudo, apesar da importância de realizar exames preventivos, como o papanicolau, no Brasil, pelo menos de 5,6 milhões mulheres não possuem um acompanhamento ginecológico regular. Desta forma, quando ocorre o diagnóstico do câncer no colo de útero, acontece tardiamente, quando as chances de cura são inferior a 50%.
Referências
Laboratory Medicine. George N. Papanicolaou. Volume 40, Issue 4, Abril 2009, Páginas 245–246.
Instituto Nacional do Câncer. Tipos de câncer: Câncer do colo do útero. Brasil, 2018.
*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA