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Atualizado em 22 DE outubro DE 2012 ás 16:27

Debates sobre história do conceito de raça encerram a ACTA 12

Pesquisa realizada por Juanma Arteaga traça um perfil histórico de como a ciência pretendia estabelecer parâmetros para determinar raças superiores e inferiores dentro da espécie humana.

POR ÍTALO CERQUEIRA*
italo.lirio@gmail.com

História, Ciência e Raça  foi o tema da mesa que aconteceu na tarde desta sexta-feira (19). Ministrada pelo pesquisador Juanma Arteaga, a voltou-se para os períodos históricos nos quais a ciência buscava comprovar a superioridade biológica da “raça caucásica”. A apresentação foi mediada pela estudante de Biologia, Lúcia Neco.

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“Entre o homem e animal há o quê?”, questiona Arteaga sobre o elo perdido na evolução humana. Na tradição da cultura europeia ocidental, esse elemento de ligação se encontra representado na figura do selvagem, um ser que mora fora da cidade e está em uma posição intermediária entre o branco europeu e os animais. “Esses primatas serão descritos como elo”, afirma.

O tema "Racismo Científico" foi problematizado por Juan Manuel Arteaga, Pesquisador Visitante no Laboratório de Ensino, Filosofia e História da Biologia (UFBA).

O tema "Racismo Científico" foi problematizado por Juan Manuel Arteaga, Pesquisador Visitante no Laboratório de Ensino, Filosofia e História da Biologia (UFBA).

No século XVIII, a antropometria foi tendência entre os pesquisadores no intuito de traçar uma relação evolutiva entre os homens. O estudo estabelece, através de fórmulas métricas, uma proporção da saliência mandibular, ou seja, quanto mais saliente a mandíbula for, maior será o nível de animalidade. O estudo diferenciava os crânios humanos a fim de encontrar “o mais perfeito dos homens e o mais perfeito dos macacos”.

Tratar o outro como animal, não foi a única linha de pesquisa dentro das ciências naturais. A pesquisa das raças monstruosas trata da existência de gêneros de homens monstruosos, como a de um homem com cabeça de cachorro, por exemplo. Juanma Arteaga relata a história de um médico que fez um estudo da bíblia e concluiu: “No mundo existe muitos povos, mas poucos são descendentes de Adão. Os africanos não são descendentes de Adão”.

No século XVIII, o campo de pesquisa recebeu as influências de Buffon, Saartije “Sarah” Baartman, Louis Agassiz e Darwin. Em relação a Buffon, seu objeto de estudo se refere aos negros albinos ou com vitiligo e sua conclusão foi: “todos os homens são brancos e depois de passar por um processo de aclimatação os homens degeneraram”, expõe Arteaga. Já Baartman, dividiu o mundo por regiões biográficas, cuja divisão seguia a lógica de uma fauna, flora e uma espécie humana determinada para cada região do planeta.

Quando Agassiz esteve no Brasil, ele se deparou com uma forte miscigenação. De acordo com o pesquisador, Agassiz intuiu que “quando você mistura espécies diferentes, os resultados são híbridos com problemas de degeneração”, em uma clara referência ao ser resultante do cruzamento entre o cavalo e o burro. Enquanto isso, Darwin rechaçava todas as idéias anteriores e admitia que a espécie humana é una. Contudo, o próprio ainda admitia a existência de raças civilizadas e selvagens, sendo que essas últimas seriam exterminadas pelas primeiras.

Além disso, o pesquisador abordou a prática de se construir zoológicos humanos. Como aconteceu em Nova York, onde homens e macacos dividiam jaulas no zoológico. Já aqui no Brasil, os cientistas previam a extinção dos negros no país em 2012. “Às vezes, os cientistas erram. Alguns erros são bons, porque senão nem todos estaríamos aqui”, exalta Juanma Arteaga sobre a antiga previsão.

Encerramento da ACTA 12

As atividades do ACTA 12 foram encerradas no final da tarde desta sexta-feira (19) pelo professor Marcelo Napoli no auditório do PAF III. Marcada por um tom informal, a mesa de encerramento também contou com a presença dos professores Carlos Arthur Cavalcante, Cristina Quintella e Marcelo Embiruçu.

Enfatizando a grandiosidade das atividades promovidas ao longo da semana, o professor e coordenador de Iniciação de Pesquisa, Inovação e Criação, Carlos Arthur Cavalcante parabenizou a todas as pessoas envolvidas na organização e realização do projeto. “O ACTA é um dos grandes eventos da universidade, pois a comunidade externaliza o que anda fazendo”, afirma. E em seguida, decepciona-se pelo fato da pouca adesão das instâncias da UFBA: “sempre fica o lamento por conta da presença de nossa comunidade não seja um tanto quanto ideal”.

Mesa de encerramento da ACTA 12.

Mesa de encerramento da ACTA 12.

A coordenadora de Inovação da UFBA, Cristina Quintella, destacou a realização da quarta edição do Prêmio Inventor, uma cerimônia que, neste ano, homenageou 61 inventores que tiveram as patentes protocoladas no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) e os oito inventores que patentearam internacionalmente suas invenções no PCT (Patent Cooperation Treaty). “Todos nós, cada um em seu cantinho, construímos alguma coisa que dará frutos e sementes”, destaca.

“Todos nós, cada um em seu cantinho, construímos alguma coisa que dará frutos e sementes”, destaca.
“Todos nós, cada um em seu cantinho, construímos alguma coisa que dará frutos e sementes” – Cristina Quintella.

Marcelo Napoli, coordenador de Pesquisa e Criação, falou da importância de dois programas de grande qualidade e tradição integrantes do ACTA desde a edição passada: Café CientíficoNovos/Velhos Saberes. “Essas conferências garantiram todas as conferências do ACTA”, enfatiza. Além disso, Napoli fez questão de expor o trabalho da prefeitura de Campus: “Dessa vez, a prefeitura foi excepcional na área de segurança”.

Carlos Arthur Cavalcante, Coordenador de Iniciação de Pesquisa, Inovação e Criação da UFBA durante o encerramento da ACTA 12.
Carlos Arthur Cavalcante, Coordenador de Iniciação de Pesquisa, Inovação e Criação da UFBA durante o encerramento da ACTA 12.

“Todas grandes instituições valorizam sua história, valorizam seus símbolos”, abriu seu discurso o Pró-Reitor de Pesquisa, Criação e Inovação da Universidade, Marcelo Embiruçu. O professor comentou ainda sobre a importância da inovação e da universidade se manter integrada às novas idéias: “esta pró-reitoria estará sempre aberta para o novo”. Apesar do ACTA não ter tido uma grande adesão, Embiruçu acredita que ao passar das edições, a Semana conseguirá agregar ainda mais pesquisadores da universidade: “Nós temos que criar a tradição, porque é assim que funciona a nossa comunidade. As coisas na academia não entram no sangue do dia para a noite”. Ainda foi frisada a importância de se liberar as aulas dos segundos e terceiros dias de cada edição, uma decisão que está inclusa no Calendário Acadêmico, mas muitas vezes não é acatada por professores, o que inviabiliza a participação de alunos às atividades do ACTA.

*Ítalo Cerqueira é estudante de Produção Cultural da Facom-UFBA e bolsista da Agenda de Arte e Cultura.

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