Você está atento ao que o seu filho acessa na internet? Quais os perigos de um acesso sem supervisão? Esses e outros questionamentos foram discutidos na última edição do debate, que também foi fundamental para reflexão sobre o lugar dos vídeos games, ou não, como forte indutor da violência entre adolescentes
POR FABIO DE SOUZA*
fabiodejesus.datum@gmail.com
O atentado ocorrido em uma escola pública da cidade de Suzano, interior de São Paulo, no dia 13/03 (quarta-feira), que resultou na morte de 10 pessoas, reacendeu as discussões em torno da preocupação em relação ao acesso das crianças e jovens à conteúdos de sites, redes sociais e jogos eletrônicos. Na edição do dia 08/04 (segunda-feira), a disciplina Polêmicas Contemporâneas debateu a relação da juventude com o mundo virtual.
A doutora em Educação e idealizadora do projeto Crianças hackers, Karina Menezes, presente na mesa, associa a problemática à liberdade exacerbada que é dada às crianças no mundo virtual. “Hoje mesmo em famílias de poder aquisitivo, vemos abandonos mediados pelas tecnologias, deixa-se a criança tempo demais em frente ao computador, ao telefone e ali elas se conectam com outras pessoas que elas sequer conhecem, pessoas que não se importam verdadeiramente com elas”.
“Temos um mito muito associado a essa noção de que internet é um ambiente perigoso, que não é um espaço para criança e isso pode levar a toda uma discussão que deve se proibir, deve se bloquear e uma visão mais restritiva dos direitos que essas crianças e adolescentes teriam de acessar esses ambientes”. Afirmou a psicóloga e diretora de projetos especiais na SaferNet Brasil, Juliana Cunha.
De acordo com o estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Tecnologia, Jhonatan, que contou sua experiência com jogos, ao contrário do que tem sido disseminado ultimamente, os jogos são encarado como algo que promove a socialização. “Eu não fui uma pessoa isolada por causa do vídeo game, ele fazia com que meus amigos fossem para minha casa, fazíamos vários campeonatos de futebol, então minha casa sempre esteve cheia de amigos”, afirmou.
O estudante de Fisioterapia, Ricardo, criticou a forma como os meios de informação tratam do assunto: “Estamos em uma sociedade que não tem acesso a educação, mas tem acesso às mídias”. “Os pais têm responsabilidade sim de controlar o acesso dos seus filhos”, acrescentou o Licenciado em computação e proprietário de um provedor de internet, Moacir medeiros.
O estudante do Bacharelado Interdisciplinar de Arte, Lucas, trouxe como referência para o debate o trecho da música do artista Edgar Pereira: Novas guerras vão gerando novos games, como forma de criticar as opiniões de muitas pessoas que acreditam na influência maléfica dos jogos desse gênero na sociedade.
Estiveram também na mesa, o estudante de Relações Internacionais e ex-atleta de esportes eletrônicos, Pedro Massato; o doutor em Psicologia, Fabrício Souza, que também tem se dedicado a pesquisar a interação social mediada pelas tecnologias digitais entre adolescentes de acordo com os enfoques comportamental e evolucionista; a co-fundadora da ERA Game Studio, especialista em Game Design pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Ana Antar, que também trabalha junto à Bahia Indie Game Developers (BIND) no fomento ao desenvolvimento de jogos no estado da Bahia.
O Polêmicas Contemporâneas é um evento realizado, no auditório da Escola Politécnica da UFBA, pelo Departamento de Educação da Faculdade de Educação (FACED), sempre às segundas-feiras, 19 horas e coordenada pelo professor Nelson Pretto. O debate também pode ser visto ao vivo pelo canal do Polêmicas Contemporâneas.
*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA