Parceria entre a Ufba, iniciativa privada e Fapesb possibilitou a construção do Multideglutógrafo e do ParkiGlove, dois produtos inovadores cuja função pode contribuir para o avanço na compreensão e tratamento do Mal de Parkinson
POR RAIMUNDO DE SANTANA
raimundodesantana@gmail.com
O ParkiGlove (PG) – neologismo a partir do nome da doença e o substantivo luva em inglês pretende compreender a natureza dos tremores nos braços e nas mãos dos indivíduos doentes. A proposta do equipamento é avaliar o comprometimento motor desses pacientes. “E isso não somente a partir de métodos subjetivos com cunho qualitativo, mas também com base em um método quantitativo capaz de aferir com precisão a intensidade do comprometimento motor do paciente”, explica Daniel Almeida. Tal destaque foi feito, em documento de apresentação, pelos inventores das duas ferramentas há poucos dias em evento público que busca consolidar parceria entre o Departamento de Engenharia da Universidade Salvador – Unifacs (Dear) e o PPgMS. O protótipo do PG, no entanto, está em fase de construção.
O engenheiro eletricista e professor da Unifacs, Victory Santos explica que o equipamento é bem parecido com uma luva e traz circuitos eletrônicos embutidos. “Nossa perspectiva é que, uma vez fixada nos membros superiores do paciente, além de fazer triagem, o PG seja capaz de capturar e armazenar dados relacionados à movimentação e tremores do paciente. Os resultados dessa captura são ‘plotados’ em gráficos no monitor do computador”, diz exultante. O Parkiglove ainda está em fase de construção.
USO EXPERIMENTAL – Além de Daniel Almeida, Victory Santos, e o engenheiro mecatrônico e mestrando, Murilo Ribeiro, formam a equipe que construiu os promissores Multideglutógrafo (MDG) e o ParkiGlove (PG). Os protótipos estão sob a responsabilidade da empresa Brunian. Animadíssimo com as potencialidades apresentadas até aqui pelos equipamentos, Victory Santos não esconde: “A boa noticia é que estamos aguardando o resultado da premiação do Ideias Inovadoras 2011; estamos entre os 10 finalistas e com grandes chances de ganharmos. Vamos cruzar os dedos”. Confirmado, este será o terceiro ano consecutivo em primeiro lugar do Ideias Inovadoras da Fapesb.
A partir do uso experimental do aparelho MDG, a Dinep vem fazendo constantes relatórios e os repassando para os idealizadores do protótipo. São aspectos do tipo: duração do tempo de exame, interface com o paciente, facilidade de manipulação do software etc. A ambição, de acordo como a professora Ana Caline, é acoplar a nova ferramenta a um outro equipamento de biofeedback e assim o MDG passe de uma ferramenta diagnóstica para um instrumental também voltado para tratamento.
Embora o MDG traga esperanças e otimismo para seus inventores e também para os pesquisadores da Dinep, o equipamento ainda tem uma longa etapa até chegar aos consultórios. Isto é, o produto terá que passar por validação e reconhecimento da comunidade médica-científica. Trata-se, portanto, de um processo cheio de etapas que, via de regra, é lento e gradual. Portanto, imaginá-lo à disposição do Sistema Único de Saúde (SUS) no curto espaço de tempo, é um projeto fora de cogitação, embora os experimentos sejam bem-sucedidos.
De acordo com a pesquisadora Ana Caline falar de tempo para plena funcionalidade do MDG é complicado. “O aparelho está pronto e está sendo experimentado e aperfeiçoado. Vamos avançar para a fase de estudos e publicação desses resultados. Eu não sei mensurar essa questão de tempo. O que posso garantir é que temos resultados promissores e também muito trabalho pela frente”, enfatiza.
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