Após uma eleição conturbada, marcada por austeridades e intransigências, a disciplina trouxe como tema desta edição, desta segunda-feira, 26, as diversas formas de violências praticadas em âmbitos sociais
POR FABIO DE SOUZA*
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O Atlas da violência 2018, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum de Segurança Pública, apresenta dados alarmantes sobre homicídios impetuosos de jovens no país. Segundo o documento: “33.590 jovens foram assassinados em 2016, sendo 94,6% do sexo masculino. Esse número representa um aumento de 7,4% em relação ao ano anterior. Se, em 2015, pequena redução fora registrada em relação a 2014 (-3,6%), em 2016 voltamos a ter crescimento do número de jovens mortos violentamente”.
Diante dessa perspectiva, o mestre em Direito pela Universidade de Brasília (UnB) e doutorando em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Cloves Araujo, aponta a necessidade de atenção para as origens da problemática. “A violência tem causado muitas angústias, insegurança nas famílias e na sociedade em geral. Então é preciso analisar as causas com muito cuidado, sendo que podemos citar diversas, porém existem algumas mais importantes, aquelas que são mais amplas, que geram uma situação de maior gravidade na sociedade”, reforça.
Uma das formas de repressão que se manifesta de forma “sutil” no meio social, mas, não menos importante, é a violência linguística, que de acordo com a doutora em Linguística Histórica pela UFBA, Lisana Sampaio, tem como causa a forma como é transmitida o ensino da língua. “O ensino da língua portuguesa no Brasil tem fomentado de maneira geral uma ideia de língua virtual, distante das realidades sócio comunicativas dos falantes, que ignora o cenário polarizado e heterogêneo, em que diversas normas ou comportamentos linguísticos evidenciam uma sócio história de violência e alijamento”.
“Ele é maravilhoso, incrível, é o desenho de quem eu gostaria, mas sem a conjugação verbal que gosto? Sem a concordância nominal que me agrada? Assim afirmou em sua fala a estudante Aline Barreto, que teve dificuldade de aceitar o próprio marido por conta de realizações da fala do próprio.
O estudante do Bacharelado Interdisciplinar de Ciência e Tecnologia, Tiago Fardim, como forma de tratar da violência virtual, trouxe como referência um trecho do livro de Jaron Lanier Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais. Segundo ele, o autor trata o facebook como “Máquina de Fazer Cabeças”, fazendo alusão a uma certa manipulação dos indivíduos.
O mediador e coordenador da disciplina, o professor da Faculdade de Educação (FACED – UFBA), Nelson Pretto, fez uma crítica à questão da imposição de línguas, por parte de quem tem poder sobre determinada região. “Queria trazer um movimento de resistência a isso, lembrando da situação da Catalunha, uma região que foi violentamente sufocada na ditadura de Franco, para que não pudesse nem mesmo usar o Catalão como sua língua, no entanto resistiu e continuou falando, e se organizando enquanto catalãs”, exemplifica Pretto.
Compareceram também ao debate a doutora em Sociologia e professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS/UFBA), Mariana Possas, que também é pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Crime e Sociedade (LASSOS/UFBA); e o doutor em Sociologia pela UnB, pesquisador e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e da UFBA, Carlos Eduardo Soares Freitas.
O Polêmicas Contemporâneas é um evento realizado pelo Departamento de Educação da FACED, às segundas-feiras, no auditório da Escola Politécnica da UFBA.
*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA