Pesquisador pertence ao L’Institut de Recherche pour le Développement, no Benin, frica.
MARIANA ALCÂNTARA E MARIANA SEBASTIÃO - RIO*
As discussões desta quarta-feira, dia 4 de setembro, no I Encontro Internacional Vital para o Brasil sobre Animais Peçonhentos, começam com a conferência do pesquisador Jean Phillipe Chippaux, do L’Institut de Recherche pour le Développement – IRD, de Benin, África. Intitulada Epidemiologia dos Acidentes por Animais Peçonhentos, a palestra abre a programação de um dia que ainda terá discussões acerca de sistemas nacionais de informação, ensaios clínicos em toxinologia e latrodectismo.
De acordo com o pesquisador, o envenenamento é um grande problema de saúde pública em países tropicais, sobretudo em países emergentes dos continentes africano e asiático. Os dados atuais são alarmantes, pois revelam que todos os anos mais de 110 mil pessoas morrem por envenenamentos provenientes de picadas de serpentes. No caso dos escorpiões, são mais de um milhão de picadas, com saldo, em média, de 2500 mortes.
“Quero convencer os meus interlocutores de que não é possível organizar o tratamento de pacientes corretamente se não se sabe exatamente a situação”, explica Chippaux. O pesquisador ressalta a necessidade de ter informações detalhadas sobre o assunto, como o número de acidentes, onde ocorrem, a gravidade dos casos e a necessidade de antivenenosos: “Um melhor conhecimento da epidemiologia deve promover uma melhor gestão dos casos”, completa.
Chippaux explica que a sua conferência tem outros dois objetivos. Um deles consiste em explicar sobre uma técnica que está sendo desenvolvida para avaliar dados epidemiológicos. Segundo ele, o modelo permite a modulação das variáveis epidemiológicas, como incidência, mortalidade, população em risco, circunstâncias dos acidentes, tratamentos e outras coisas, a depender da importância relativa de cada estudo, medida pela sua representatividade e pela população coberta por ele.
Já o segundo objetivo é ressaltar como os serviços de saúde, os fabricantes e distribuidores de soros antiveneno, empresas que empregam pessoas em risco e até mesmo as próprias vítimas dos acidentes podem colaborar para melhorar a acessibilidade ao tratamento com soros antiveneno.
O pesquisador também participa, no mesmo dia, da mesa intitulada Ensaios Clínicos em Toxinologia. Na ocasião, falará sobre um novo método de estudo clínico dos antivenenos. A ideia é fazer uma comparação deste método com os ensaios clínicos randomizados para mostrar como a nova técnica pode ser mais simples e econômica para determinar qual é o tratamento mais benéfico para os pacientes.