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Atualizado em 24 DE janeiro DE 2013 ás 18:37

Kit para identificação de cobre ajuda a refinar a produção de cachaça

Idealizadora estima conseguir fabricar o dispositivo em larga escala para produtores e consumidores da bebida considerada genuinamente brasileira

Gilberto Rios*
gilbertorios13@gmail.com

Em 2012, para coroar a visita do presidente americano às terras brasileiras, a presidente Dilma Roussef decidiu brindar a passagem de Obama dando a ele uma garrafa de cachaça. Com a ação, a chefe de Estado estava decidida por mostrar aos americanos que a bebida “é um produto genuinamente brasileiro”, em suas palavras. Pensando na qualidade desse produto, Sarah Rocha, pesquisadora do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (IGEO-UFBA), idealizou um kit que contribui para o refinamento na produção da aguardente.

+Leveduras selecionadas melhoram produção de cachaça artesanal

O projeto, nomeado Kit Rápido para a Determinação Semiquantitativa de Cobre em Bebidas Alcoólicas, é resultado de seus trabalhos enquanto estudante do mestrado em Química. Sarah pretendia encontrar alguma forma de evidenciar a presença de cobre na aguardente de cana através do uso de um reagente. “Por que não fazer um kit que seja de determinação rápida que fosse de fácil acesso para os produtores, para os consumidores e para as barreiras alfandegárias principalmente?”, pensava.

Produtor de cachaça em frente a barris de cobre (Crédito: Ascom-Fapesb)

“De 2007 para cá que foi quando eu comecei a trabalhar no laboratório de análise ambiental, onde utilizam kits para determinação rápida de nitrato, de sulfatol”. Foi então que a pesquisadora decidiu unir a dinâmica do laboratório com seu projeto de mestrado.

Contextualizando, a cachaça é produzida em alambiques de cobre. Quanto mais cobre, melhor a cachaça porque evita a presença de compostos de sulfeto – resultados da combinação de algum elemento químico com o enxofre, causador do cheiro desagradável da flatulência e do ovo podre, por exemplo. O problema é que ao mesmo tempo que o cobre melhora a qualidade do produto, também pode causar efeitos nocivos, como a cegueira e a Doença de Wilson. Aquela história da dosagem: na medida certa, é remédio, e em excesso é veneno.

A pesquisa de Sarah está baseada na reação de um composto orgânico com o cobre e, na presença do elemento, há a formação de um composto com a cor alaranjada. “Quanto mais laranja for a coloração, maior a presença de cobre e mais alta a qualidade da cachaça”, reforça a química.

Sarah ainda estuda formas de comercialização do produto futuramente. Ela conta que há duas possíveis formas de apresentação, “uma em pequenas fitas contendo a mistura reacional para mergulhar na amostra de cachaça, ou um kit contendo um pó que se adicionado a uma quantidade fixa de amostra também  pode reagir”. Seu produto foi o vencedor do prêmio Idéias Inovadoras de 2012, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisadora do Estado da Bahia (Fapesb).

Dados do Instituto Brasileiro de Cachaça (Ibrac) apontam que o mercado interno consome, em média, 1 bilhão de litro por ano. Entre os estados que mais conseguem a bebida, destaca-se a Bahia em quinto lugar.

*Gilberto Rios é bolsistas da Agência de Notícias Ciência e Cultura e estudante de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA)

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