Abril Marrom tem como objetivo alertar a população sobre os cuidados com a saúde ocular e ainda trabalhar no combate de doenças que causam cegueira. Em Salvador inexiste campanhas que promovam atenção à saúde dos olhos, mas a população conta com serviços oftalmológico gratuito em alguns postos de saúde
POR LARISSA COSTA E RAFAELA DULTRA
costa.larissa164@gmail.com
rafaeladultra@hotmail.com
Assim como o Outubro, que é Rosa ou Novembro, Azul, tem-se o Abril Marrom, mês que também é dedicado à saúde, mais precisamente à necessidade dos cuidados com a saúde ocular e no combate às doenças que causam cegueira. A preocupação é reforçada após levantamento feito pela Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2013, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou que 3,6% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência visual, incluindo cegueira total, parcial (apenas um dos olhos) e baixa visão. A região Nordeste apareceu como a segunda região brasileira com a maior quantidade de pessoas com deficiência visual, atrás apenas da região Sul.
Salvador, assim como algumas capitais do país, ainda não tem instituída pela prefeitura nenhuma campanha de promoção à saúde ocular. Na cidade, o Abril Marrom vem sendo desenvolvido pelo Instituto de Cegos da Bahia (ICB), com o objetivo de educar e sensibilizar a população quanto às doenças que podem causar cegueira. O ICB começou sua campanha no último dia 9 e, desde então, já promoveu um mutirão para atender crianças portadoras da microcefalia, doença que também causa deficiência visual nos portadores. Além disso, o Instituto também oferece atendimento oftalmológico gratuito para toda a população e trabalho de reabilitação para pessoas que já possuem a cegueira.
Um dos coordenadores da campanha do Abril Marrom do ICB, Adoliran Medrado relata que o número de atendimentos realizados pelo Instituto é de 300 crianças por dia e 8 mil procedimentos em um mês. “Temos poucas demandas de prevenção. Maiores são as demandas quando já se detectou o problema”, relata. O ICB é o único órgão na Bahia que oferece o serviço de reabilitação e acompanhamento para deficientes visuais. Além de disponibilizar consultas oftalmológicas de rotina, como o Teste do Olhinho, para diagnosticar doenças oculares em bebês. Em Salvador, é possível encontrar atendimento gratuito – através do Sistema Único de Saúde (SUS), nos Multicentros, localizados nos bairros de Amaralina, Carlos Gomes, Liberdade e Vale das Pedrinhas.
Para os pacientes diagnosticados com alguma doença ocular, a dificuldade é achar procedimentos especializados, além das consultas de rotina. Segundo o médico oftalmologista do Ambulatório Magalhães Neto e especialista em retina, Daniel D’Carlos, a população em geral tem consciência sobre a importância de realizar exames oculares preventivos, mas falta acesso à tratamentos mais delicados. “É muito fácil para um paciente conseguir uma consulta oftalmológica para trocar os óculos. Mas há uma procura grande de pacientes para tratamentos da retina, que o SUS oferta pouco. Tem uma fila enorme e muitos perdem a visão esperando esse processo”. O ambulatório, localizado no Campus Canela da UFBA, oferece o suporte cirúrgico para pacientes já diagnosticados, também através do SUS. A demanda por esses serviços é alta.
Daniel também ressalta a importância de cuidar do corpo como um todo, para manter a qualidade da visão. Doenças como diabetes e hipertensão podem causar a cegueira, como descobriu Jucineia Maria Ferreira. Hoje, aos 64 anos, está desempregada por ter que cuidar dos problemas de saúde. Sente dores no olho esquerdo e tem a vista turva. Recorreu ao Ambulatório Magalhães Neto para tentar conseguir a cirurgia necessária para restabelecer a vista. “Eu tenho muito medo de perder a visão. Quem é que, enxergando hoje, não tem medo de ficar cego?”.
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*Estudantes de Jornalismo na Faculdade de Comunicação da UFBA e repórteres da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura