Pesquisadores apresentam as experiências regionais sobre o métodos de popularização da ciência
VICTÓRIA LIBÓRIO*
No terceiro dia da 13ª Conferência Internacional da Comunicação Pública da Ciência (PCST 2014), pesquisadores da Indonésia, México e Brasil discutiram o conhecimento científico em um contexto global. Para isso, apresentaram formas de preservação da identidade local, ao lidar com temas de ciência, tecnologia e inovação.
A primeira apresentação foi feita por Finarya Legoh, pesquisadora da Indonésia. Com o trabalho “O papel de voluntários de ICT na comunicação pública da ciência”, a engenheira da Agency for Assessment & Application of Technology (Agência de Avaliação e Aplicação de Tecnologia, em tradução livre) mostrou um centro de ciências de Jakarta, capital da Indonésia, no qual a população participa ativamente da sua construção.
A pesquisadora ressaltou a importância dos voluntários para a construção de tal estrutura, que difunde o conhecimento tecnológico da população local. “Trata-se de um sentimento de pertencer à sociedade global, a partir da contribuição desses voluntários para o conhecimento científico da comunidade”, explicou.
Já a experiência mexicana foi apresentada pela jornalista Xenia Rueda Romero, pesquisadora do Instituto de Investigaciones Filosóficas, da Universidad Nacional Autónoma de Mexico. Com o tema “A apropriação social de conhecimento no contexto intercultural: o papel da comunicação da ciência”, a palestrante mostrou como se trabalha a ciência em comunidades do interior do México.
“Nós juntamos o conhecimento científico ao conhecimento cultural, respeitando-os completamente”, afirmou Xenia. Ela ainda explicou que uma equipe legal foi contratada para proteger essas tradições de qualquer tipo de exploração futura. O trabalho, então, defende que este seria o papel da comunicação para a construção do conhecimento científico entrar em consonância com a cultura tradicional dos povos.
O professor Luiz Roberto, da Universidade Federal do Pará, apresentou sua produção -fruto do doutorado. Seu estudo mapeou como os temas de ciências se relacionam com as instituições de fomento à pesquisa dentro da Amazônia brasileira. O trabalho demonstra um dos problemas que a conferência pretende dirimir: a pouca interação entre os programas de pesquisa em temas semelhantes.
“To Cyber or not to cyber: como a digitalização forma o ambiente virtual de reconhecimento das instituições de ciência, tecnologia e inovação na Amazônia brasileira” mostra os hyperlinks entre as instituições de ciência nos estados do Pará, Amazonas, Maranhão, Goiás, Mato Grosso, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. A rede de disseminação mapeou como essas instituições de relacionam entre si. “A cibercultura é um meio eficaz para que a troca de conhecimento ocorra, e essas organizações se reconheçam como produtoras de conhecimento, mesmo que não haja muita troca”, falou.
O último trabalho da sessão foi apresentado pela jornalista Mariana Alcântara, que tratou em “Cultura científica e popularização da ciência: o programa Popciências da Fapesb na agenda política da ciência, tecnologia e inovação da Bahia” a experiência do projeto Popciências, programa de editais para a popularização da ciência e tecnologia, e os editais públicos para o tema no estado da Bahia, pela Fundação de Apoio à Pesquisa da Bahia (Fapesb).
Tirado de um capítulo da dissertação de mestrado, o trabalho propõe analisar o papel das políticas públicas. “O ponto inicial dessa pesquisa foi baseado na emergência de um movimento dentro do Brasil, focado no estabelecimento de uma política pública destinada à popularização da Ciência e Tecnologia”, apresentou. Segundo a pesquisadora, “a análise do quadro local expõe a necessidade de reconhecer e avaliar o impacto das ações para o desenvolvimento na popularização da Ciência implementado pela Fapesb por meio do PopCiências”.
*Estudante de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba e bolsista da Agência de Notícias Ciência e Cultura.