A importância da morte das células para o funcionamento do organismo humano foi o tema central das discussões levantadas pela pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Valéria de Matos Borges, durante o Café Cientifico de Salvador. O evento é uma realização do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da Bahia (UFBA -UEFS), da Livraria Multicampi (LDM) e da Biblioteca Pública do Estado da Bahia.
POR NÁDIA CONCEIÇÃO*
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A importância da morte das células para o funcionamento do organismo humano. Esse foi o tema central das discussões levantadas pela pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Valéria de Matos Borges, durante o Café Cientifico realizado na noite desta quinta-feira (22/11), na Biblioteca Pública do Estado da Bahia. A última edição do evento teve como tema “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma: uma visão celular”.
A pesquisadora explicou o funcionamento celular e enfatizou o processo de morte celular programada por apoptose, destacando sua importância para a homeostasia do organismo. De acordo com a pesquisadora, a apoptose participa de funções importantes como o remodelamento de órgãos e tecidos durante o desenvolvimento e da resposta imune.
“Após o estímulo de morte ocorrem reações químicas intracelulares que vão culminar na degradação do material nuclear, que é o DNA, até a célula realmente completar o processo de apoptose e ser retirada daquele ambiente para ter uma morte silenciosa”, explica a professora.
Borges explica que as células utilizam dois mecanismos para se tornarem apoptóticas. “Existem duas vias que convergem a apoptose. A primeira é chamada extrínseca e envolve o reconhecimento e ativação de receptores de morte na membrana da célula. A segunda via é chamada de intrínseca e é deflagrada por danos caudados por lesões devido a exposição a luz ultravioleta, alguns fármacos e oxidantes e passam pela mitocôndria. Ambas as vias convergem no final para degradação do DNA”.
Esses e outros estudos desenvolvidos pela pesquisadora nas áreas de parasitologia e biologia da inflamação, com ênfase na interação vetor-patógeno-célula hospedeira na infecção por Leishmania sp, tem sido aplicados em estudos para entender o papel da apoptose como mecanismo de escape desse organismo intracelular.
A pesquisadora também mostrou trabalhos de aplicabilidade dos estudos em apoptose no desenvolvimento de fármacos que buscam estratégias de combater células cancerígenas ou reduzir determinados tipos de tumor. Os estudos das células apoptóticas tem sido importantes para reforçar o papel fundamental que elas tem para o bom funcionamento do organismo humano. Ao morrer a célula garante a regulação da homeostasia do organismo. “A morte de uma célula garante funções importantes, como o remodelamento dos órgãos e o controle do sistema de imunidade. Quando esse ciclo de morte das células não ocorre, pode acarretar em patologias pelo excesso ou pela ineficiência de apoptose, como por exemplo, as doenças neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson) e o câncer, respectivamente”, reforça.
O Café Científico é coordenado pelo professor do Instituto de Biologia da UFBA, Charbel El-Hani. A próxima edição do evento acontece no dia 12/12, no Museu Geológico da Bahia, com o lançamento do livro “Gaia: de mito à ciência”, com a presença do autor José Eli da Veiga. O último Café Científico do ano será realizado no dia 14/12, na Biblioteca Pública, com a exposição do pesquisador Carlos Alberto sobre atualidade da arqueologia.
*Nádia Conceição é jornalista, estudante de produção cultural da UFBA e bolsista da Agência Ciência e Cultura.