Pesquisa demonstra como a rede social teve papel decisivo na manutenção de falas publicas dos candidatos por mais tempo na mídia e como centro de debates acirrados e ofensivos entre usuários
POR REBECA ALMEIDA*
rasrebeca@gmail.com
Analisar o padrão da comunicação estratégica digital durante as eleições presidenciais do BrasiL, em 2014, foi o objetivo da dissertação do pesquisador Robson Conceição. O trabalho, defendido em 2017, pelo Programa de Pós-Graduação em Cultura Contemporânea, da Faculdade de Comunicação (Poscom / Facom-UFBA), observou a atuação da candidata Dilma Roussef (PT) e do candidato Aécio Neves (PSDB), na rede social Twitter. O padrão seguido pela candidata Marina Silva (atualmente Rede) também foi considerado no estudo para auxiliar na descrição das mudanças entre as disputas no primeiro e no segundo turno, quando o debate se tornou mais polarizado.
O principal objetivo do trabalho foi “entender de que forma a comunicação política modela suas estratégias e que tipo de discurso tenta construir quando confrontada com um cenário de disputa eleitoral acirrada e com indícios de polarização”, afirma o autor na dissertação. Observou-se que o tom dos debates nas redes sociais era reflexo do debate fora da internet. Além disso, a rede social Twitter teve papel importante como ferramenta para manter evidência por mais tempo as falas públicas dos candidatos. Os discursos proferidos em outros meios de comunicação, quando transcritos em forma de tweets na rede social renderam debates acirrados, mensagens ofensivas e acusações entre os adversários.
“O recurso de campanha negativa foi utilizado amplamente, sendo, quantitativamente, o tipo de conteúdo produzido pelos candidatos que mais circulou por entre as timelines dos usuários do Twitter [...]”. Segundo Carneiro, esse tipo de conteúdo que recebeu o maior número de engajamentos por parte dos demais membros da rede.
A partir da pesquisa foi possível concluir que “cenários de disputa política acirrada favorecem a incidência de campanhas negativas e ataques mútuos”, não apenas entre candidatos como mas também apoiadores e detratores. Por outro lado, foi observado que houve pouquíssima interação entre candidatos e eleitores, seguindo os padrões tradicionais de comunicação política. Ainda que, para o autor, a interação tradicional, exercidas em outras mídias, não faça mais sentido no mundo atual.
Obra completa: Campanhas on-line e polarização política: o uso do Twitter nas eleições presidenciais brasileiras de 2014
*Estudante de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA