Newsletter
Ciência e Cultura - Agência de notícias da Bahia
RSS Facebook Twitter Flickr
Atualizado em 6 DE agosto DE 2012 ás 02:06

Palhetas de bambu garantem qualidade e limpidez ao som da clarineta

O Bambu-Laboratório da Escola de Música da UFBA estuda espécies de bambus brasileiros para a produção de palhetas para clarinetas, envolvendo a atuação dos clarinetistas nesse processo. O projeto é coordenado pelo pesquisador Joel Luís da Silva Barbosa.

POR EDVAN LESSA*
lessaedvan@gmail.com

Inventada há mais de 300 anos, a clarineta é muito comum em apresentações de música clássica. A estrutura desse instrumento musical de sopro é formada por um tubo cilíndrico – geralmente de madeira, e hastes de metal. O seu desempenho sonoro depende do uso de palhetas feitas, comumente, com madeira. No Brasil, a maioria das palhetas vem da Argentina e da França e são vendidas a preços elevados, tornando-as inacessíveis a iniciantes e amadores, de acordo com Joel Luís da Silva Barbosa. O professor da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (EMUS-UFBA) estuda bambus brasileiros como matéria-prima na fabricação dessas palhetas para o tipo mais comum de clarineta, a soprano em Si bemol (tonalidade de instrumentos de sopro). A proposta é estimular a produção das palhetas para esse tipo de instrumento pelos próprios clarinetistas e reduzir seu valor comercial.

Segundo Joel Barbosa, ele próprio já havia produzido algumas palhetas com bambu em anos anteriores, por curiosidade, e a escolha do material foi pelo seu baixo custo. A necessidade de torná-las acessíveis aos iniciantes foi, porém, a principal motivação para o projeto. “Também encontramos muitos jovens de filarmônicas do interior utilizando palhetas deterioradas o que desestimula sua dedicação e prejudica seu rendimento”, afirma.

Outro objetivo é justamente o de facilitar o aprendizado e atuação desses clarinetistas que estão distantes das capitais, em locais de difícil disponibilidade dos objetos que são ainda mais caros. “Com a fabricação manual utilizando o Phyllostachys aurea, cada palheta para clarineta soprano pode ficar, aproximadamente, por R$ 1,50. Em torno de 10% a 30% dos valores comercializados [fora do país]”, enfatiza Joel.

Resultado e próximos passos

O projeto de pesquisa foi iniciado em 2011 e conta com o Bambu-Laboratório de Palhetas, situado na Escola de Música.  Ao todo já foram pré-testados três tipos de bambus comerciais encontrados no Brasil, sendo que o primeiro experimento se concentrou na espécie Phyllostachys aurea. Em torno de sete membros do Laboratório participaram das atividades e houve uma parceria na qual o bambu coletado foi testado por clarinetistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A conclusão dessa etapa de testes provou que a principal espécie Phyllostachys é mais fibrosa e dura, exigindo mais trabalho e habilidade na confecção das palhetas. “Houve também uma dissertação de mestrado defendida em abril deste ano (2012) pelo clarinetista Felipe Alberto Silva de Souza, durante o 1º Colóquio Para Clarinetistas: Performance, Pedagogia e Pesquisa”, revela Joel Barbosa.

Do ponto de vista prático, a ideia é ampliar os estudos para outros instrumentos semelhantes à clarineta, inclusive, para a família dos saxofones – que também usam palhetas. No entanto, iniciar com outros objetos de estudo nesse momento, implicaria em tê-los, mas o Bambu-Laboratório de Palhetas ainda não os possui, explica o pesquisador da EMUS-UFBA. Ainda de acordo com ele, o estudo também teria que lidar com dados maiores e variáveis, já que haveria diversos tamanhos de palhetas. No entanto, não há uma máquina para produzi-las e, por isso, a soprano é a mais viável. “Os clarinetistas participantes do estudo tem que aprender a fazer suas palhetas e é mais fácil fazê-las para as clarinetas sopranos,” completa.

*Edvan Lessa é estudante de Jornalismo da Facom-UFBA e bolsista da Agência de Notícias.

3 comentários para Palhetas de bambu garantem qualidade e limpidez ao som da clarineta

  1. Gil Marlon disse:

    Boa noite
    Estou com um projeto em andamento para fabricação de palhetas para saxofones, e gostaria de saber como posso ter uma amostra do Bambu-Laboratório de Palhetas?
    Grato.

  2. Antonio disse:

    Fiz uma de bambu comum do fundo do quintal, com estilete e lixa 120 200 e 400 aprovada. usei uma vandoren de molde.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *