Preservar as águas através da criação de um Parque Marinho no bairro da Barra, em Salvador, foi o tema central do debate que reuniu pesquisadores e ambientalistas na UFBA, em evento realizado de 16 a 18 de outubro
POR AMANDA DULTRA*
amandadultra@hotmail.com
A “Crise ambiental” é, possivelmente, o grande problema enfrentado pelo planeta nos dias atuais. Dessa forma, é preciso chamar a todos – população civil e governantes – para pensar em meios de mitigação dos impactos causados pela ação humana na natureza. Tendo a premissa do engajamento público ambiental, o Congresso de Pesquisa e Extensão da UFBA, realizados entre os dias 16 e 18 deste mês, promoveu a mesa “Parque Marinho da Barra: Conservação e Engajamento Ambiental no Contexto Urbano”. O objetivo, além de pensar em soluções ambientais, propôs a criação de uma área de proteção à flora e fauna nativa do trecho da orla partindo do Farol da Barra até o Forte São Diogo.
Entres os presentes para debater a temática, estavam o doutor em Ecologia Marinha pela Universidade de Sydney, Francisco Carlos Rocha de Barros Júnior, o representante da Superintendência de Estudos e Pesquisas Ambientais da Secretaria do Meio Ambiente, Tiago Jordão Porto, o membro da ação coletivo Fundo da Folia, a qual busca amenizar os impactos causados ao mar da Barra durante o Carnaval, Bernardo Mussi, e do presidente da Associação de Moradores e Amigos da Barra, colaboração tal que almeja preservar a riqueza do patrimônio cultural da região, Waltson Raylan Campos.
A proposta do desenvolvimento do parque marinho municipal apresentada sugere que, com a criação desse espaço de preservação, seria possível defender a área da ação humana que ainda consegue ser danosa, a exemplo do branqueamento de corais e eventual morte do ecossistema que poderiam ser retardados a ponto de recuperação. O doutor em Ecologia, Tiago Porto, comentou que o indivíduo age como uma “sanguessuga”, esgotando os recursos e moldando o espaço para seu conforto. De acordo com ele, “a área urbana é parasita do ambiente natural”. O vídeo da organização Fundo da Folia, abaixo, também reflete sobre os danos causados pelo homem, especificamente após o carnaval.
Na luta pelo Parque Marinho da Barra
Segundo Mussi, o problema na região é tão grave que mesmo após os três dias de mergulho, ainda há nas proximidades lugares os quais não puderam ser acessados por questões de segurança, como uma fenda próxima ao Hospital Espanhol, que continha aproximadamente 100 latas.
Waltson Campos, presidente da associação de moradores, defende que a criação de um Parque marinho no bairro da Barra seria enriquecedor para toda região, pois ofereceria mais espaço aos empreendedores do setor turístico, além de auxiliar a manutenção da beleza do patrimônio cultural do local.
O Parque marinho proposto comporia uma unidade de preservação com 701.788,11m² de praia. Conforme o Código Florestal de 1934, esse empreendimento tem como diretriz a “preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico”. Foi promulgado planejamento e execução do parque, pela lei 9.069 de 2016, sob o escopo do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU).
*Estudante do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura