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Atualizado em 7 DE junho DE 2012 ás 22:31

Marco Tomasoni desmistifica causas do aquecimento global

Geógrafo e professor da UFBA, Marco Tomasoni questiona até que ponto a ação humana é única responsável pelas mudanças climáticas.

POR GILBERTO RIOS*
gilberto.rios13@gmail.com

E se tudo aquilo que se ouve falar sobre aquecimento global – corrosão da camada de ozônio devido aos clorofluorcarbonos (CFCs); derretimento das calotas polares; elevação do nível de água do mar e outras catástrofes climáticas do planeta fossem uma farsa? Aliás, não uma farsa, mas estivessem sendo contadas da forma errada? Para o professor Marco Tomasoni – do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (IGEO/UFBA) – é isso que acontece: organizações tendenciosas estão criando pânico mundial para atingir fins particulares.

O cerne do trabalho de Tomasoni, doutor em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe (UES), intitulado Aquecimento Global?! Limites Entre a Confiança e a Prudência é desmistificar o processo de aquecimento global como uma razão antropogênica e pontuar a representação que as mídias fazem do tema.  “Prefiro não apresentar este trabalho em ensino médio ou numa bancada de ruralistas para evitar qualquer interpretação equivocada”, brincou o geógrafo.

Tomasoni defende que a ação do homem deve ser vista na sua relação com, por exemplo a água, o ar e a biosfera. Segundo o pesquisador, não podemos dizer que a ação humana não tem impactos sobre o meio ambiente. A revolução industrial, por exemplo, é destacada como um evento significativo para o reajuste local de temperaturas, tal como, hoje, o desmatamento nas beiradas da floresta amazônica altera a freqüência das chuvas na parte central dela. “O que acontece é que nós não podemos culpar a ação humana por tudo”, explicou ele. “Dizer que os CFCs, que nem alcançam a troposfera, são os responsáveis pela deterioração da camada de ozônio é inconsistente”, defendeu.

“Inconsistente”, diga-se, é uma palavra que o professor usou para tratar uma das obras que mais lhe incomoda devido à sua repercussão. Uma Verdade Inconveniente, do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, conseguiu compilar informações equivocadas sobre o processo climático terrestre e é usado como referência seja para estudantes do ensino fundamental a professores universitários. “O impacto que isso teve sobre a mentalidade para pensar meio ambiente é imensurável. Acreditar que as calotas polares estão diminuindo por causa do envio de CO2 [“o gás da vida”] é se mostrar mal informado sobre o tema”, insistiu Tomasoni.

É menos freqüente nos noticiários a informação de que a órbita lunar mudou. A conseqüência disso é a mudança gravitacional que incide sobre a derme terrestre. Aí sim podemos pensar a mudança no nível do mar: muda a rota de uma corrente marítima quente, que arrasta o que antes era gelo, e derreteu, para baixo de onde está a Groelândia, por exemplo. Isso, junto ao movimento das placas tectônicas, obviamente aumenta o nível do mar. “Todos os países citados no filme de Al Gore estão localizados exatamente na parte de placas que afundam”, sinalizou o geógrafo. “É muito mais simples, ao invés de ir nos relatórios reais sobre os processos climáticos, recorrer ao relatório executivo, que abordam o tema superficialmente”, advertiu o Tomasoni.

Mas, afinal, quem culpar pela mudança climática? “O Sol e a miséria humana”, respondeu Tomasoni. “A Terra tem períodos de aproximação e afastamento com o astro, o que define as eras de glaciação e de altas temperaturas. Também tem a má gestão dos Estados, que parecem ter esquecido o motivo de sua criação. Afinal, o Estado surgiu em defesa das empresas ou das pessoas?”, questionou o geógrafo.

Ele se referia às apropriações governamentais para determinados temas. Toda a polêmica sobre a emissão de CFCs, os antigos “vilões do clima”, foi criada com o governo da primeira ministra britânica Margaret Tatcher. “Coincidentemente, os países do norte saíram ganhando com as políticas sobre gestão de CFCs e carbono”, ressaltou Tomasoni. “Isso não é diferente dos governos que abrem as portas às empresas multinacionais com a proposta de angariar emprego para a população”, continuou. O professor explica que todo o espaço cedido; redução de impostos; matéria-prima e mão-de-obra baratas não valem à pena. “A empresa chega e se apropria até quando pode. Quando não é mais lucrativo, sai sem pensar na população. Não entendo como isso pode ser algo positivo”, denunciou.

*Gilberto Rios é bolsista da Agência de Notícias Ciência e Cultura e estudante de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/Ufba).

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