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Atualizado em 7 DE novembro DE 2017 ás 16:53

Pesquisas tratam mais de 500 pacientes na Bahia

O estado da Bahia, assim como o de São Paulo, são os únicos do Brasil que oferecem tratamento com células-tronco para doenças como a de Chagas, necrose óssea e cirrose hepática. Ainda que exista baixo investimento financeiro nas pesquisas e por estarem em fase experimental, mais de 500 pacientes já receberam o transplante

POR MARCELA VILAR*
marcelavilarms@gmail.com

No Brasil, somente dois estados trabalham hoje com células-tronco para a cura e tratamento de doenças: São Paulo e Bahia. O estado baiano, representado pelo Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES) e o Instituto São Rafael, realiza pesquisas para tratar enfermidades de origem cardíaca e óssea, respectivamente. Até o momento, apesar do baixo nível de investimento nas pesquisas e por ainda estarem a nível experimental, mais de 500 pacientes receberam o transplante no complexo HUPES.

“No mundo, os trabalhos com células-tronco estão muito avançados. Mas como no nosso país existe um investimento razoável, estamos a nível experimental e de laboratório”, comenta o médico Gildásio Daltro, especializado em Traumatologia e Cirurgia Ortopédica e coordenador do Departamento de Ortopedia do Hospital das Clínicas. Em 2004, iniciou um projeto de pesquisa que usa células-tronco para tratar pacientes em situação de necrose óssea, isto é, quando ocorre a morte das células do tecido ósseo.

Doutor Gildásio Daltro, ao centro, e os pesquisadores que colaboram com seu projeto de pesquisa, Davi Veiga (à esquerda) e Bruno Adelmo (à direita)

Hospital das Clínicas – O método é o mesmo utilizado pela Universidade de Paris, que foi trazido para o Brasil através de uma parceria com o Hospital, e se baseia na extração de células-tronco adultas da medula óssea. “Trabalhamos com as células-tronco adultas e autólogas. Extraímos as células do paciente, concentramos e injetamos nele mesmo” esclarece doutor Gildásio.

A aposentada Solange Moraes realizou o transplante com células-tronco no fêmur em 2012, com o objetivo de sanar a necrose óssea do seu quadril esquerdo. “Eu sentia dor ao andar e subir escadas, fiz 30 sessões de fisioterapia, mas não resolveu. Por isso, me encorajei para fazer a cirurgia e hoje estou andando bem, nunca mais senti nada no fêmur ou na perna”, relata Solange. O tratamento é financiado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), portanto, não confere nenhum custo para o paciente.

Paciente Solange Moraes, beneficiada pelo transplante de células-tronco no fêmur

Em 2015, o Hospital recebeu uma verba federal de 700 mil reais que foram investidos em insumos e recursos humanos, mas, segundo Gildásio a quantia “não é suficiente para uma pesquisa desta envergadura”. De acordo com a Lei de Biossegurança, não é permitido no Brasil a comercialização de células-tronco. Entretanto, Bruno Solano, pesquisador e coordenador do Centro de Terapia Celular do Hospital São Rafael, afirma que “mundo afora existem clínicas que cobram verdadeiras fortunas para o tratamento com células-tronco, mas ainda há a necessidade de comprovação científica de segurança e eficácia [do método]”, alega o médico.

Hospital São Rafael – Assim como o Hospital Universitário, o Centro de Terapia do Hospital São Rafael utiliza as células-tronco autólogas, por não haver risco de rejeição, uma vez que advêm do próprio organismo do paciente. Em parceria com o Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz), os dois centros desenvolvem juntos 21 projetos de pesquisa que vão desde a fase de pesquisa básica ou pré-clínica – estudos experimentais em culturas de células ou em animais – até estudos clínicos, com teste de novas terapias em pacientes. Hoje, os estudos clínicos são dedicados à terapia de pacientes com lesões raquimedulares, cirrose hepática e doença de Chagas.

Tipos de células-tronco e sua capacidade de especializar-se em qualquer célula do corpo

Até agora, foram tratados 19 pacientes nos estudos de trauma raquimedular – lesão da medula espinhal que pode alterar a função motora, autonômica e a sensibilidade do indivíduo – os quais demonstraram ganhos nas funções neurológicas. Para o cientista, o resultado é bastante animador, mesmo que os estudos ainda estejam em fase inicial. “O enfoque é demonstrar a segurança do procedimento. Para confirmar a eficácia, é necessário tratar mais pacientes e envolver mais de um centro de pesquisa, de preferência”, constata Solano.

Apesar de receber financiamento público de instituições como do CNPq, da FAPESB, da FINEP e do BNDES, o pesquisador salienta sua preocupação com a captação e liberação de recursos para projetos científicos. “É preocupante, pois não adianta construir um laboratório que depois não consegue se sustentar por falta de recursos materiais e humanos. Desenvolver um tratamento novo leva tempo e custa caro, mas é muito mais barato e estratégico que importar do exterior”, critica Bruno.

*Estudante do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura

2 comentários para Pesquisas tratam mais de 500 pacientes na Bahia

  1. DELSON JOSÉ SÓRIO disse:

    Boa tarde, meu nome é delson, sou de vila velha – es
    gostaria de saber como faço para fazer um tratamento com celulas tronco, para artrose no quadril
    Obrigado
    Delson 27-99951-2727

    • Pesquisador disse:

      Olá Delson, tudo bem?
      Sugerimos que você entre em contato com a Secretaria de Saúde da Bahia, eles poderão te informar melhor sobre estes procedimentos.

      Atenciosamente.
      Equipe Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA

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