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Atualizado em 13 DE maio DE 2015 ás 19:17

Petróleo e a questão energética em pauta

I Seminário do BI de Ciência e Tecnologia da UFBA trouxe, em seu segundo dia, a temática. Os convidados criticaram a abordagem realizada pela mídia aos temas nos últimos anos. O evento acontece até o dia 14 de maio, no PAF III, no campus Ondina

LAÍS MATOS*
lais.matos.rosario@gmail.com

O tema “Petróleo e questão energética na atualidade” foi o centro da discussão do segundo dia do I Seminário do BI de Ciência e Tecnologia, que acontece até o dia 14, no auditório do PAF III, na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Como convidados o coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), de Pernambuco, Moisés Borges, e o presidente do Sindicato dos Petroleiros (Sindipreto) e representante do Conselho de Administração da Petrobras, Deyvid Bacelara. Durante o debate eles apresentaram a relação entre tecnologia e política e criticaram o tratamento dado pela mídia a esses assuntos.

De acordo o coordenador do MAB, Moisés Borges, os problemas são decorrentes do domínio privado sobre o sistema elétrico brasileiro e o consequente tratamento da energia como mercadoria. “A energia, assim como toda tecnologia, deve ser pensada como bem social”.

Os avanços trazidos pela tecnologia não são aprofundados por Borges, que enfatiza a apropriação dessa tecnologia. “Para o MAB, o inimigo era a hidrelétrica que nos expulsava das terras. Depois percebemos que a questão era o grande capital, que administra a energia e vários outros setores da sociedade”.

Deyvid Bacelar / Foto: Laís Matos

Segundo ele, com a privatização do sistema de energia brasileiro, o desrespeito ao consumidor aumentou: “Para as empresas, nossos direitos são vistos como custos de produção”. “O governo tem sido apenas um observador. E, no caso do sistema de energia elétrica, legitimador”, completou. Faltam leis regulamentem o processo de implantação de uma nova barragem e protejam os moradores das áreas que serão alagadas.

Os aumentos na tarifa em 2015 também foram alvos de críticas. Borges questionou os participantes sobre a imposição das tarifas às pessoas físicas, adicionadas sem consulta pública. O consumidor não tem direito de negociar os valores cobrados, diferente das empresas, que mais gastam energia. Assim, as últimas pagam menos pela mesma quantidade de energia gasta. “O nosso sistema elétrico atrasado também é um problema. Se renovassem cabeamentos, instalações ou até a iluminação pública muito antiga, iríamos economizar toda a energia produzida pela Belo Monte”.

O coordenador explica possíveis passos para uma solução. O primeiro está na luta pelo debate, que se concretiza em eventos como o seminário. Em segundo, disputar o lugar da política. E, em terceiro, o envolvimento com a sociedade. “É necessário discutir uma proposta nova de país”, reforça Borges.

Borges acredita ainda que a mídia reserva ao MAB o lugar de “terroristas” e trata o sistema energético como se estivesse em decadência, a fim de legitimar sua privatização. “É a mesma coisa que estão tentando fazer a mesma coisa com o petróleo”.

Mesa do segundo dia do I Seminário do BI de C&T / Foto: Laís Matos

Petróleo

De forma mais extremista, o presidente do Sindicato dos Petroleiros (Sindipreto), Deyvid Bacelar, fala de uma “mídia e elite golpista” que distorce a atual situação da Petrobras. Além disso, através de uma extensa apresentação de dados, Bacelar explica a importância mundial dessa fonte de energia.

Mesmo com tantos avanços no âmbito elétrico, o petróleo e o gás são as principais fontes de energia do mundo. Porém, de acordo com gráfico mostrado, a produção de petróleo não conseguirá suprir a demanda mundial dos próximos anos. “Precisamos descobrir mais reservas. E isso tem acontecido, principalmente, na Bahia”. A Bahia, segundo Bacelar, tem importante papel nesse ramo, muitas tecnologias desenvolvidas no Brasil, foram exportadas do nosso estado”.

O presidente alerta sobre as ameaças que o modelo de partilha da Petrobras vem sofrendo. Cita alguns projetos de leis do congresso que pretendem tirar a função da empresa como operadora única do pré-sal. “Essas medidas favorecem as políticas dos países interessados no petróleo brasileiro, como EUA, Inglaterra e Noruega”.

Defende, durante todo o tempo que a empresa não está ‘quebrada’ como dizem os grandes meios de comunicação. E concorda com Moisés, que essa é uma tática para convencer a população de que a a privatização da empresa é o melhor caminho.

Para comprovar a soberania da empresa, Bacelar compara o  seu crescimento com outros setores produtivos e indústrias. Apenas a produção da Petrobras corresponde a 13% do PIB do país. Cita, também, que a ela é a empresa nacional que mais investe em CT&I. “Existe, inclusive, um laboratório do PAF II da universidade que é mantido pela Petrobras. Estar na UFBA falando sobre isso é uma oportunidade ímpar”, comenta.

Confira aqui também a cobertura do primeiro dia do evento.

*Graduanda do curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, na Universidade Federal da Bahia, e bolsista da Agência de Notícias em C,T&I-Ciência e Cultura .

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