Aloizio Mercadante recebe a proposta da criação de um conselho de desenvolvimento em C&T que irá definir critérios de aplicação dos recursos dos fundos setoriais destinados à região
Por Wagner Ferreira
wagner.ferreira@ufba.br
O Plano que propõe a criação do Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Nordeste, que deve ser composto por instituições locais do setor para definir critérios de aplicação dos recursos dos fundos setoriais destinados à região, foi apresentado oficialmente em Salvador na sexta-feira (4), no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). A cerimônia contou com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, políticos e representantes de universidades nordestinas.
De acordo com o Instituto Nordeste XXI – um dos promotores do evento juntamente com o Banco do Nordeste (BNB) – os recursos dos fundos setoriais destinados ao nordeste é de aproximadamente R$ 200 milhões por ano. O Plano prevê ainda a instalação de uma agência da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) dentro do BNB, em Fortaleza – CE.
Além do ministro Mercadante, estiveram presentes o Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti), Paulo Câmera; o deputado federal, Ariosto Holanda (PSB-CE); o reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Cláudio Ricardo Gomes de Lima; o vice-presidente do Instituto Nordeste XXI, Francisco Bezerra; o diretor de Gestão do Desenvolvimento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), José Sydrão de Alencar Júnior; o secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte, Benito Gama, e o presidente da Fieb, José Mascarenhas.
Ariosto Holanda, relator do projeto, apresentou alguns dados que justificariam a criação do Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Nordeste. De acordo com Holanda, entre o período de 1999 e 2007, os recursos a serem aplicados nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste pelos fundos setoriais deveriam somar R$ 1,536 bilhão, ao invés de R$ 1,071 bilhão que foi executado. Já o CT-Petro, que deveria ter aplicado R$ 343 milhões nas regiões, só aplicou R$ 210 milhões neste período.
Os dados foram atualizados pelo ministro Mercadante, que se referiu ao parlamentar cearence como “bom político”, por apresentar números até o ano de 2007 e não considerar os anos seguintes. De acordo com o ministro, durante o governo Lula, os investimentos no nordeste aumentaram 16 vezes, mas reconheceu que ainda é pouco em relação ao Sudeste.
Holanda reconheceu o aumento do número dos Institutos Federais Tecnológicos durante a gestão Lula. “Hoje são 401 municípios contemplados, foi preciso um operário estar no poder para reconhecer essa carência, vamos ver o resultado disso no futuro”, diz.
O deputado relacionou o número de analfabetos no país, que são de 17%, destes, 7% somente no nordeste; de 50 milhões de analfabetos funcionais no Brasil, metade se encontra na região.
Críticas ao BNB e Sudene - Durante o evento, os senadores, Lídice da Mata (PSB-BA) e Walter Pinheiro (PT-BA) compuseram a mesa. Pinheiro defendeu a apropriação de pesquisas desenvolvidas na Bahia pela Ford e JAC Motors – que deve se instalar no estado – para beneficio da população. “Ciência e Tecnologia deve ser elemento central para qualquer tipo de competitividade,” defende.
Lídice fez críticas à Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), ao BNB e Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). Segundo a senadora, estas instituições deveriam ser mais atuantes no nordeste e sugeriu que a Sudene deixasse de fazer parte do Ministério da Integração Social, por não atuar efetivamente na região. “Sessenta por cento do financiamento do BNB está em Minas e Espírito Santo, é preciso inverter esta lógica de investimento e desenvolvimento”, reclama.
Entre os presentes na platéia, estavam o presidente e vice da Academia de Ciencias da Bahia (ACB), Roberto Santos e Edvaldo Boaventura, respectivamente. Bastante saudado pelos integrantes da mesa durante a cerimônia, Santos era lembrado como governador da Bahia, ministro, reitor e professor pelos integrantes da mesa. O presidente da ACB falou da importância da criação do conselho e do papel da Academia nesse processo. “A Academia vem atuando com bastante vigor neste primeiro ano de funcionamento e vai estar acompanhando esses acontecimentos com otimismo crescente que visem o crecimento do país”, diz.
O Aloizio Mercadante encerrou a cerimônia apresentando dados econômicos do Brasil e metas de desenvolvimento na área de CT&I nos próximos anos. Logo após a sua explanação, Mercadante recebeu das do deputado Ariosto Holanda a pasta que continha informações sobre o Plano de Desenvolvimento de C&T para o Nordeste e prometeu analisar a proposta.
Visita ao Cimatec – No período da tarde, o ministro seguiu para o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), em Piatã. A unidade é modelo para os centros de referência que serão implantados pelo Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego).
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