Em evento, superintendente da ANP afirma que País investirá em formação de recursos humanos e diversificação das áreas de conhecimento nas pesquisas do setor
Por Raíza Tourinho*
raizatourinho@yahoo.com.br
Nenhum país se desenvolve sem uma base tecnológica forte. Segundo a Organização das Nações Unidas, o Brasil foi o quinto País entre os que mais receberam investimentos estrangeiros diretos em 2010. Em 2009, ficou em 15º lugar. Nos próximos quatro anos, o programa Ciência sem Fronteiras, lançado mês passado, dará 100 mil bolsas de estudo no exterior para estudantes.
Nesse contexto, investir em pesquisa e desenvolvimento é mais do que necessário: é estratégico para o desenvolvimento nacional sustentável. Foi sobre os investimentos na área realizados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que discursou o superintendente de planejamento e pesquisa da agência, o físico baiano Elias Ramos.
O evento ocorreu na manhã da terça-feira (30) no auditório da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (FFCH – Ufba). Inicialmente marcado para acontecer no auditório da Fapesb, instituição que promoveu o evento, a quantidade de participantes excedeu o limite do espaço e foi transferida para o auditório da Ufba, próximo ao local.
Ramos contou que o novo regulamento para projetos do Programa de Formação de Recursos Humanos (PRH-ANP) contempla novas áreas do conhecimento, tais quais as ciências humanas e sociais. “Iremos além dos processos tecnológicos. Receberemos projetos sobre os impactos ambientais e sociais na área de petróleo e gás, por exemplo”, afirmou. Há 12 anos a ANP possui o programa, no qual já passaram 2.343 bolsistas na área de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível.
Investimentos - A descoberta no ano passado de petróleo na camada de pré-sal modificou a política industrial e o cenário de investimento em pesquisa no País. O Brasil possui hoje uma reserva de 14 bilhões de barris de petróleo. A expectativa é que, com a extração no pré-sal, esse número pule para 30 bilhões até 2020. Assim, de acordo com Ramos, os investimentos em petróleo e gás são necessários ao país como fator estratégico de liderança na área.
Instituída pela ANP em 1998, a Cláusula Contratual de Investimentos em P&D, atingiu a marca de R$ 700 milhões para investimentos em pesquisas no setor ano passado. “Nos próximos 10 anos teremos 15 bilhões para investimentos. Três vezes mais o que tivemos nos últimos 10 anos”. Ele ressalta, no entanto, que em comparação aos Estados Unidos, que possui com um grande apoio das empresas privadas, esse investimento ainda é pequeno.
Os desafios para P&D em petróleo e gás, para ele, são aumentar os fornecedores nacionais na área – que corresponde a ínfimos 7% do mercado atual –, enfatizar a cooperação da universidade com o setor privado, visando o aumento da participação das pequenas e médias empresas na área, e desenvolver a produção de tecnologia regional. “Apesar do baixo investimento da Petrobras (R$ 25 milhões), o parque tecnológico da Bahia pode vir a se tornar uma referência na área”, ressaltou.
Além disso, a ampliação da formação recursos humanos no País devido há grande demanda por mão de obra qualificada. Segundo o Ministério do Trabalho, dos 11.530 vistos concedidos a estrangeiros no primeiro semestre de 2010, 45% foram para profissionais do setor petrolífero. “É importante que estes postos sejam ocupados por brasileiros”, reiterou.
Apesar da ênfase do palestrante em ressaltar a necessidade de investimentos no setor de petróleo e gás, para ele o pré-sal não exclui o estímulo às outras fontes energéticas. “Existe uma política governamental clara de incentivo as energias renováveis”, finaliza.
*Estudande de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom
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