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Atualizado em 23 DE dezembro DE 2016 ás 07:00

Pretos e pardos recebem em média 48% dos rendimentos dos brancos

A taxa de desemprego dos negros aumentou de 17,8% para 18,9% na Região Metropolitana de Salvador, aponta pesquisa

POR MARINA ARAGÃO*

A capital mais negra do Brasil, segundo dados levantados no Mapa da População Preta e Parda no Brasil pelo IBGE, em 2011, possui a maior disparidade entre os rendimentos de brancos e negros. Na Região Metropolitana de Salvador (RMS), os trabalhadores pretos ou pardos recebem apenas 48% dos rendimentos dos brancos, segundo dados levantados pela Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Salvador (PEDRMS) de novembro de 2015.

Para o economista e sociólogo da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Luiz Chateaubriand, um grupo social se beneficia da estigmatização e subordinação de outro grupo social. “O fato de a população negra ser esmagadoramente majoritária na RMS não é, por si só, capaz de garantir sua presença entre os detentores do poder nem entre os que monopolizam o comando dos meios de produção”, afirma.

A taxa de desemprego total passou de 17,4%, em 2014, para 18,7%, em 2015. No que se refere especificamente à população negra da RMS, a taxa de desemprego aumentou de 17,8% para 18,9%. Entre eles, a taxa dos homens elevou-se de 15,2% para 17,3%, e para as mulheres, passou de 20,5% para 20,7%, demonstrando uma certa estabilidade. A dos não negros cresceu de 13,3% para 15,5%.

Após cinco anos consecutivos de aumento, o nível de ocupação da população negra diminuiu em 2015. Essa queda é decorrente da redução de postos de trabalho entre os assalariados, autônomos e no emprego doméstico. No entanto, no que se refere aos postos assalariados protegidos pela Previdência Social, em 2003, 55,8% dos não negros estavam assegurados, em face de apenas 47,4% de negros na mesma condição. Em 2015, esses percentuais estavam equalizados, com ambos os grupos com cerca de 62% do contingente nessas posições, em parte devido à formalização de posições ocupacionais mais precárias.

Foto: Reprodução

De acordo com a pesquisa, a diferença de rendimento médio real mensal entre negros e não negros aumentou em 2014 depois de ter diminuído no ano anterior. No entanto, em 2015, esse desequilíbrio novamente reduziu em decorrência da perda dos não negros ter sido muito maior do que as dos negros. Entre 2014 e 2015, o rendimento dos negros passou de R$ 1.409,00 para R$ 1.401,00, já o dos não negros reduziu de R$ 2.194,00 para R$ 1.785,00. Entretanto, as mulheres negras aumentaram seu rendimento, neste período, de R$ 1.200,00 para R$ 1.231,00.

Apesar do aumento da participação da população negra no mercado de trabalho soteropolitano e do rendimento médio real mensal comparando-se à parcela não negra, essas mudanças ocorreram em um contexto no qual todos perderam rendimento consideravelmente, à exceção das mulheres negras.

Segundo Chateaubriand, combater e eliminar o racismo nesse cenário não é tarefa fácil. “Não temos um remédio mágico que devolva à sociedade a saúde perdida, porém, políticas integradas de compensações e equalização de oportunidades no acesso à educação, ao trabalho digno, saúde, arte, cultura, segurança etc. poderão nos encaminhar nesse sentido”, conclui.

*Estudante do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA

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