Com importantes autoridades do cenário nacional e internacional, congresso-festival Digitalia teve início nesta sexta-feira com o objetivo de discutir os possíveis usos das novas tecnologias digitais
Igor Tiago¹ e Gilberto Rios²
igortiagog@gmail.com e gilberto.rios13@gmail.com
“Salvador será a capital mundial da música e da onda digital”. Foi com essa pretensão que Messias Bandeira deu início as atividades do Digitalia – Congresso-Festival Internacional de Música e Cultura Digital, na noite da última sexta-feira (01/02) no Teatro Vila Velha. O evento, que acontece pela segunda vez em Salvador, reúne pesquisadores, artistas, sociedade civil e setor produtivo a fim de discutir a situação, os rumos e os limites do uso das novas tecnologias digitais.
Na solenidade de abertura, além de Messias Bandeira, professor do Instituto de Humanidades, Arte e Cultura da UFBA e organizador do Digitalia, importantes autoridades do cenário nacional e internacional falaram ao público: Márcio Meirelles (diretor do Teatro Vila Velha e ex-secretário de Cultura do Estado da Bahia), Vinicius Pereira (ABCIBER), Derrick de Kerckhove (McLuhan Program), Oona Castro (Wikimedia), Nelson Pretto (FACED/UFBA), Diogo Carvalho (assessor de Juventude e Cultura digital da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia) e o cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.
Na primeira parte da noite, os convidados falaram sobre o peso de discutir o papel das mídias digitais num festival e congresso internacional, sugerindo horizontes nas próprias áreas de interesse. “Talvez a gente não aposte muito nos modelos inovadores, mas o Brasil é o país da inovação”, afirmou Oona Castro sobre o conformismo no uso das novas tecnologias. A pesquisadora tem nos aspectos futuros das redes o seu ponto de interesse: “Que cultura digital queremos? Será ela participativa? Aberta? De Livre circulação? Diversa?”.
“Se não qualificarmos as ideias de rede, continuaremos a pensar na rede como Rede Globo, Rede Record… e não cabe mais falar de ‘cultura digital’, mas cultura no plural”, explicou Nelson Pretto.O pesquisador rememorou uma fala sua há dez anos, quando indagava sobre o futuro da internet para a Educação: “Não a internet nas escolas, mas as escolas na internet”.
O pesquisador Vinícius Pereira falou da importância do formato do evento, que une a ideia de festival e congresso, para fortalecer e democratizar o debate. “O uso da palavra ‘festival’ em alguma coisa imediatamente cria uma repulsa nos acadêmicos tradicionais”. Mas ele próprio, como professor, diz que é preciso “reconhecer novas formas de educação” e investe numa nova forma de produzir e difundir conhecimento: “O Digitalia consegue ser algo produtivo e importante. Além dos muros, a vida está muito mais interessante do que a academia”.
Tendo pesquisa, formação e integração como eixos de articulação, o Digitalia possui o seguinte arco de atividades: realização de conferências, oficinas e cursos; apresentação de trabalhos (em diversas modalidades); desenvolvimento de produtos e plataformas para música online; geração de conteúdo para difusão, via web, como videoconferências, textos e músicas, produzidos de forma colaborativa pelos participantes do evento; promoção de intervenções musicais e multimídia, e por fim, o Observatório Permanente de Música e Cultura Digital. Assim, o horizonte do Digitalia não é apenas, promover debates ou demonstrar a importância da música e das indústrias criativas, mas, sobretudo, contribuir para o empoderamento social através da cultura.
A segunda parte da abertura ficou por conta da conferência de Derrick Kerckhove,diretor do Programa McLuhan em Cultura e Tecnologia, sobre umas das mais importantes e enigmáticas obras de Marshall McLuhan. Com o tema: “McLuhan e a cultura digital: Visão, Som e Fúria”,o pesquisador falou sobre a expressão mais conhecida do autor “o meio é a mensagem”, como metáfora para a sociedade contemporânea.
Encerrando as atividades da noite, o público pôde apreciar no palco no teatro um show com o Dj Spooky (EUA) e Pulselooper (SP).
¹Igor Tiago é bolsista da Agenda Arte e Cultura e estudante de Produção Cultural na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia.
²Gilberto Rios é bolsista da Agência de Notícias Ciência e Cultura e estudante de Jornalismo na Faculdade de Comunicação na Universidade Federal da Bahia.