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Atualizado em 11 DE abril DE 2018 ás 18:50

Sair do lar e lutar: o protagonismo da mulher indígena

O protagonismo das mulheres nas lutas de comunidades tradicionais foi o central da primeira mesa do Abril Indígena 2018

POR REBECA ALMEIDA*
rasrebeca@gmail.com

O protagonismo da mulher nas lutas dos povos indígenas foi o tema norteador da mesa de abertura do Abril Indígena 2018, que acontece até o dia 20, em unidades da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, na última segunda-feira, 9. Participaram do evento a líder indígena da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab),  Rosimere Arapaço e a cacique Tupinambá, mestra e aprendiz da tradição oral, Nádia Akauã Tupinambá. A mesa inicial ocorreu no auditório do Pavilhão de Aulas da Federação (PAF-3).

O protagonismo feminino foi descrito como uma conquista e uma necessidade por Rosimere Arapaço. Segundo ela, “as necessidades de hoje fizeram com que a mulher indígena começasse a se interessar pelo que os homens discutiam e passassem a militar”.

Convidadas falaram do protagonismo da mulher indígena nas lutas | Foto: Rebeca Almeida

Convidadas falaram do protagonismo da mulher indígena nas lutas | Foto: Rebeca Almeida

Segundo a ativista, culturalmente as mulheres nas aldeias eram destinadas a cuidar da casa e da família. Mas a realidade enfrentada pelas comunidades fizeram com que elas tivessem que sair e lutar pelos direitos indígenas. “Só nós podemos dizer os problemas que nós enfrentamos”, disse para ressaltar a necessidade da luta política. “Nós mulheres temos que nos munir de temáticas importantes e assim discutirmos de igual para igual”, ressaltou.

Nádia Tupinambá, por sua vez, trouxe para o debate a importância do empoderamento feminino não apenas na política, mas também relações interpessoais e psicológicas. Sobre o trabalho doméstico, ela ressaltou que as mulheres precisam se impor para não se sobrecarregarem. “Facilitar a vida começa com a própria mulher. E os homens têm que acreditar no que elas dizem ser melhor para elas mesmas”.

Outro ponto levantado no debate foi o da violência doméstica, um problema constante nas famílias indígenas. No entanto, este problema não pode ser limitado às relações indígenas, mas nos lares brasileiros de modo geral. Nádia acredita que nesse caso as mulheres precisam cultivar o amor próprio para que não aceitem maus tratos, pois, segundo ela, apenas amando a si mesma a mulher pode amar e cuidar dos seus. “Temos que nos olhar no espelho e nos amar”, concluiu.

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O Abril Indígena da UFBA tem atividades previstas para todo o mês e está sendo organizado pelo Programa Educação Tutorial (PET) – Comunidades Indígenas, extensão da Universidade Federal da Bahia. O evento acontece desde 2010 e, durante todo o mês de abril, são realizadas atividades voltadas que discutem aspectos diversos da universidade e questões indígenas.

*Estudante de jornalismo da Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura UFBA

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