Pesquisador da USP, José Eli da Veiga, fala sobre sustentabilidade, faz críticas ao RIO+20 e lança o livro “Sustentabilidade – A Legitimação de um novo Valor”, no Café Científico da SNCT na Ufba
Por Wagner Ferreira e Raíza Tourinho*
wagner.ferreira@ufba.br / rainamorgan@gmail.com
O professor de economia da USP e pesquisador do Núcleo de Economia Socioambiental (NESA), José Eli da Veiga, foi o convidado deste mês de outubro do Café Científico, evento que promove o debate de questões da ciência entre pesquisadores e sociedade.
Colaborador permanente das colunas de opinião do jornal Valor e da revista Página22, Eli da Veiga ministrou a palestra: “A Sustentabilidade é Turquesa”. Após o debate, ele lançou o seu novo livro: “Sustentabilidade – A Legitimação de um novo Valor”, da Editora Senac, na Saladearte Cinema da Ufba, em Salvador, terça-feira (18).
Eli da Veiga fez uma breve retrospectiva sobre os principais acontecimento mundiais que consolidaram o termo “sustentabilidade” em discussões entre chefes de Estado, a exemplo da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, (Estocolmo – 1972); e a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida por Cúpula da Terra ou ECO-92 (Rio de Janeiro – 1992), esta considerada a mais importante conferência ambiental mundial até hoje, também por consolidar o conceito de desenvolvimento sustentável.
RIO+20 - José Eli da Veiga falou das perspectivas para a Conferência das Nações Unidas em Desenvolvimento Sustentável – Rio+20, programada para acontecer entre os dias 4 e 6 de junho de 2012, 20 anos depois da e ECO ou Rio 92.
Veiga acredita que ainda é cedo para apostar na cúpula global que estará presente no Rio de Janeiro. Em seu artigo, “A Sustentabilidade é Turquesa”, ele não vê com otimismo as plataformas lançadas pelas organizações internacionais, por: “começar a parecer possível que ela venha a catalisar um histórico impulso ao vacilante processo de ruptura ideológica com o crescimento econômico marrom. Mesmo que sob a égide da tão ilusória quanto cômoda bandeira da ‘economia verde’”, afirma.
O pesquisador da USP se embasa na hipótese do GGTT: The Great Green Technological Transformation, título do World Economic and Social Survey 2011, publicação anual do departamento de assuntos econômicos e sociais da Organização das Nações Unidas (ONU), que vai na contramão do discurso sobre a sustentabilidade.
Um dos dados revelados pelo GGTT, é o que afirma que o desenvolvimento humano de qualquer país deixa de avançar a partir de um patamar de consumo energético equivalente a duas toneladas de petróleo per capita (110 gigajoules). Com este argumento, o GGTT defende a proposta de adoção de tetos (caps) para o uso de energia nos países mais ricos, o que na visão de Eli da Veiga, seria benéfico para todo o mundo.
O pesquisador explicou que após a Segunda Guerra Mundial, até o fim dos anos de 1960, foi um período de altas taxas de crescimento em todo o mundo, tanto para países tidos como desenvolvidos como os em desenvolvimento. “O crescimento desses países gerou um maior consumo e a partir dos anos de 1970, começou a se refletir sobre sustentabilidade em escala mundial”, diz Veiga.
Eli da Veiga diz ainda que, ao final da década de 1980, havia dois blocos: àqueles que defendiam a preservação dos recursos naturais e o grupo que levantava a bandeira do desenvolvimento e do progresso, sem observar a degradação do meio ambiente. “As discussões eram tensas. Até que em um desses momentos, ambientalistas disseram que não eram contra o desenvolvimento, mas queriam este fosse sustentável. A partir daquele momento, houve a junção das palavras: desenvolvimento e sustentabilidade, nunca aplicadas juntas”, explica.
Ao final da palestra, José Eli da Veiga respondeu a perguntas da platéia. Em uma delas, explicou o que difere uma ação de responsabilidade social de uma sustentável. “Ainda é a ‘pegada ecológica’”. O termo foi utilizado em 1992 pelo ecologista William Rees e atualmente empregado ao redor do mundo como um indicador de sustentabilidade ambiental, já que é um medidor e gerenciador do uso de recursos por meio da economia.
Currículo - José Eli da Veiga, 63, é professor titular de economia da Universidade de São Paulo (USP), pesquisador de seu Núcleo de Economia Socioambiental (NESA), e orientador em dois programas de pós-graduação: Relações Internacionais (IRI-USP) e Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). Página WEB
O Café Científico é uma realização da Pró Reitoria de Extensão Proext-Ufba; da SaladeArte Cinema da Ufba; do Programa de Pós Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (Ufba/Uefs); e Livraria LDM Multicampi.
*Estudande de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom
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