O atendimento na Ufba foi destinado aos servidores, familiares, alunos e foi estendido à comunidade que vive no entorno da universidade.
Naira Diniz
naidiniz_15@hotmail.com
Este ano a campanha Outubro Rosa completa sua terceira edição, com o objetivo de prevenir e detectar precocemente o câncer de mama. Desde 2011 é desenvolvida em parceria com o governo estadual através das Secretarias de Política para as Mulheres, de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza e de Saúde do Estado, Voluntárias Sociais da Bahia, Ministério Público Estadual, Grupo Delfin Imagem e Philips. Desde que foi criada, a campanha atendeu mulheres em Salvador e em 259 municípios do interior do estado e já foram realizados mais de 220 mil exames.
O Outubro Rosa atende mulheres na faixa etária de 40 a 69 anos. Este ano a campanha se expandiu por vários pontos da cidade de Salvador. Muitas mulheres puderam realizar mamografias no Lar Harmonia em Piatã; na Mansão do Caminho, em Pau da Lima; na Universidade da Bahia (Uneb), no bairro do Cabula, na Universidade Federal da Bahia (Ufba), no campus de Ondina e no Hospital São Rafael.
Inicialmente o atendimento na Ufba foi destinado aos servidores, familiares, alunos e comunidade acadêmica. Posteriormente, o atendimento foi estendido à comunidade que vive no entorno da universidade. Porém, não havia somente pessoas que moram próximas à universidade à procura de atendimento. A paciente Maria Helena Oliveira dos Santos, que reside no bairro Marechal Rondon, soube da campanha Outubro Rosa em uma palestra do Seminário para Mulheres na igreja que frequenta. “Foi uma oportunidade excelente para as mulheres, já que se elas forem marcar pelo SUS demora muito e pelas clínicas particulares o custo é alto, e talvez eu não teriam condições de pagar”, afirmou.
A paciente Celinalva Andrade dos Santos ressalta a importância dos veículos de comunicação na divulgação da campanha. Para ela, a campanha é uma oportunidade, para as pessoas que não tem acesso ao exame pela rede pública de saúde. A divulgação feita por amigos também foi primordial para que Celinalva se interessasse em participar de mais uma edição do Outubro Rosa. “O acesso à esse exame é essencial para a mulher, porque ajuda na qualidade de vida dela. É importante que elas se sintam valorizadas e saibam da importância do autoexame e do tratamento do câncer no estágio inicial”, afirma
A estudante do curso de Pedagogia da Ufba, Maria Josenira Calazans argumenta, que a divulgação da campanha, por veículos de comunicação, hospitais e clínicas fez com que a conscientização das mulheres acerca da importância de fazer a mamografia todo ano aumentasse. “Acredito que a tendência, é que a quantidade de mulheres atendidas seja ampliada, já que a campanha vem sendo bem aceita pela sociedade e por se tratar também de uma questão de interesse público”, disse a estudante.
Para Isa Cristina Falcão, que trabalha na Coordenação do Desenvolvimento Humano/Ufba, há um fator que pode prejudicar a acessibilidade das mulheres à mamografia. “A campanha é fundamental e útil já que ajuda as pessoas. Porém, a quantidade de unidades para a realização do exame devia ser maior. Devia haver unidades para que as pessoas não precisassem recorrer a campanhas para fazer os exames,” criticou.
A meta da campanha Outubro Rosa é realizar oito mil exames, sendo que até o dia 23 de outubro, foram realizados seis mil e quinhentos. Após a realização das mamografias, as pacientes aguardam os resultados dos exames, previstos para serem entregues, a partir do dia 18 de dezembro. Em caso de detecção de tumor, as pacientes são encaminhadas para realização de ultrassonografia mamária e biopsia, para que o tratamento seja iniciado.
O Câncer de mama
O número de mortes por câncer no mundo cresceu 8% entre 2008 e 2012, passando de 7,6 para 8,2 milhões de óbitos anuais. O aumento acentuado ocorreu devido ao número de mortes por câncer de mama, que aumentou 14% em 2013, segundo dados divulgados pela Agência Internacional para a Pesquisa em Câncer, órgão vinculado à Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Brasil está incluído nessa estatística. Segundo levantamento feito pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), estima-se que 52.680 casos de câncer de mama, foram detectados no país em 2012 e a região Sudeste do país lidera o ranking, com 29.360 casos, em seguida vem o Sul que apresentou 9.350, Nordeste 8.970, Centro- Oeste 3.470 casos diagnosticados e a região Norte apresentou o menor número, registrando 1.530.
Programa contínuo – Na Bahia, o governo estadual desenvolveu o Programa Estadual de Rastreamento do Câncer de Mama em parceria com a Polícia Militar e a Secretaria Estadual de Saúde (SESAB), que realiza exames de mamografia em Salvador e em cidades do interior do estado, desde 2011. Diferentemente da campanha Outubro Rosa, o programa de rastreamento oferece acesso aos exames durante todos os meses do ano.
Desde sua criação, até o momento, o Programa realizou 180.000 mamografias em 280 municípios e pretende abranger todos os 417 municípios até o fim deste ano. Seu público-alvo consiste em mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos, fase considerada de risco, por ser a que apresenta maior incidência em casos de câncer de mama.
De acordo com Rosimeire Simões, coordenadora técnica e enfermeira do Grupo Delfin, empresa que realiza os exames de diagnóstico por imagem do Programa, o câncer de mama é uma doença silenciosa e que em muitos casos, não basta somente a mamografia para detectá-lo. “É necessário recorrer à ultrassonografia mamária e para casos avançados da doença, é recomendado que se faça a ressonância mamária,”
Segundo Fátima Tanajura, enfermeira da Sesab e que trabalha na Diretoria de Projetos Estratégicos, órgão responsável pelo Programa de Rastreamento de Câncer de Mama na Bahia, mesmo que a quantidade de mamografias realizadas este ano tenha aumentado de cinco mil exames realizados em 2013 para seis mil e quinhentos no primeiro semestre de 2014, ainda é alta a taxa de mortalidade devido ao câncer de mama, principalmente entre mulheres com 60 anos.
Fátima ressalta que a meta da Sesab, é oferecer exames de mamografia à 7.500 mulheres em 2014 no Programa de Rastreamento de Câncer de Mama. “Quando é detectado o tumor ou há suspeita de câncer, é oferecido o tratamento complementar, com ultrassonografia, radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia,” complementa.
A conscientização acerca da importância da prevenção e do tratamento do câncer de mama aumentou entre as mulheres e iniciativas como o Outubro Rosa tem contribuído para diminuir a mortalidade. Mas as taxas permanecem altas e nesse ponto é importante a integração entre veículos de comunicação, sociedade e instituições de ensino para promover a melhoria na qualidade de vida e de saúde da mulher.
* Graduanda em Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias C,T&I – Ciência e Cultura.