A AGN entrou em contato com a coordenadora da Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura (SUMAI), Carina Carvalho para compreender a origem dos problemas e quais medidas a universidade tem tomado para amenizar as dificuldades trazidas pelos períodos chuvosos.
POR MANOELA SANTOS
manoelaferreira@ufba.br
Todos os anos a chegada do inverno é marcada por fortes chuvas em Salvador e região. As consequências dos temporais impactam diretamente os estudantes da Universidade Federal da Bahia, especialmente os que estudam nos prédios do campus de Ondina. Seja por conta dos alagamentos ou pela presença frequente de diversos animais, que aparecem mais em períodos chuvosos. Os universitários relatam diversos transtornos que são intensificados nesses períodos.
Com o objetivo de entender o motivo dos problemas e quais medidas a universidade tem tomado para solucionar as demandas estudantis, a Agência de Notícias (AGN) entrou em contato com a coordenadora da Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura (SUMAI), Carina Carvalho, que falou sobre a necessidade de mais investimento na infraestrutura do campus.
“A UFBA ainda precisa ter condições de investir mais nessa questão internamente, revitalizando a rede de drenagem dos campi, que é muito antiga, e também o asfalto, para evitar pontos de acúmulo de água. Acreditamos que com a melhoria da condição orçamentária da universidade, essas intervenções serão possíveis.”
Segundo o Instituto nacional de meteorologia (Inmet), no mês passado (maio de 2023), Salvador registrou 375,1 milímetros de chuva, o que representa 24% acima da média climatológica (302,2 mm). Os universitários precisam redobrar os cuidados para não serem vítimas de acidentes causados por quedas nas regiões alagadas. A estudante de teatro Mariana Moreno, afirma que se locomover no campus em dias chuvosos é um verdadeiro desafio: “É um pouco caótico. O campus costuma alagar, tem partes que o chão fica cheio de terra e atrapalha a passagem para outros prédios. Eu sempre costumo ficar em um prédio fixo para não ter que circular tanto pelo campus. Morro de medo de cair na região próxima a biblioteca. O chão fica super escorregadio”, relata Mariana.
Para o estudante de Jornalismo Anderson Luís, 24 anos, a falta de cobertura no percurso até o prédio da faculdade de comunicação , é um fator que dificulta a locomoção e implica no seu atraso para as aulas. ”Se locomover no campus Ondina em dias chuvosos é muito difícil. Somos pegos de surpresa pela chuva, é difícil até para a gente chegar na faculdade, porque no meio do caminho não tem coberturas. Eu só consigo ter alguma proteção contra a chuva quando eu chego lá na biblioteca. É muito complicado porque a chuva me atrasa bastante.”, desabafa Anderson.
A coordenadora da SUMAI, Carina Carvalho, justificou alguns dos transtornos causados pelas chuvas e explicou como lidar com os animais mais comuns nesse período. Confira a entrevista completa.
AGN: Alguns estudantes se queixam dos alagamentos que ocorrem em algumas partes do campus. Existe uma explicação para os alagamentos que ocorrem na UFBA em dias chuvosos?
Carina Carvalho: Há diversas explicações para o problema, que envolvem desde questões de infraestrutura até questões naturais. O campus da UFBA faz parte da bacia hidrográfica de Ondina, por isso, a universidade é atravessada por riachos e algumas nascentes, como a que se situa no fundo do prédio do Instituto de Biologia. Além disso, pelo mesmo motivo, o lençol freático nessa região é bem raso e sofre influência da maré. Assim, em períodos de chuva, sobretudo quando a maré está cheia, não há condições favoráveis para o escoamento da água nas regiões permeáveis, sobrecarregando a rede de drenagem de toda a Avenida Milton Santos, inclusive da UFBA. Há pouco tempo atrás, a prefeitura fez uma grande obra para melhorar as condições de drenagem da avenida, o que resolveu parte do problema. No entanto, a UFBA ainda precisa ter condições de investir mais nessa questão internamente, revitalizando a rede de drenagem dos campi, que é muito antiga, e também o asfalto, para evitar pontos de acúmulo de água. Acreditamos que com a melhoria da condição orçamentária da universidade, essas intervenções serão possíveis.
AGN: As áreas verdes do campus Ondina atraem diversas espécies de animais. No período de chuvas vocês costumam receber mais ocorrências sobre o aparecimento desses animais em áreas movimentadas da faculdade? Se sim, por qual motivo isso ocorre?
Carina Carvalho: as áreas verdes da UFBA apresentam uma riqueza em biodiversidade (fauna e flora) muito grande. Existem diversas espécies de animais que vivem nessa área verde, a exemplo de aves, cobras, lagartos e mamíferos. No período das chuvas, esses animais normalmente saem de seus abrigos nas áreas de mata para fugir da alta umidade, em busca de sol e alimento, especialmente os répteis, que são exotérmicos. Por isso, é mais comum encontrá-los na zona urbana nesse período.
AGN: Quais devem ser os nossos cuidados ao nos deparamos com os animais?
Carina Carvalho: Deve-se ter cuidado para não machucar esses animais. Eles são animais silvestres, importantes para a manutenção da biodiversidade existente no campus e para a conservação do meio ambiente como um todo, exercendo seu papel no ecossistema. O primeiro cuidado deve ser não tocá-los e não assustá-los, evitando fotografar ou chegar muito perto. Não tentem capturar esses animais, pois eles podem sentir-se em perigo e atacar para se defender. Motoristas devem reduzir a velocidade, para não correr o risco de atropelá-los por acidente. A orientação é, em caso de avistar animais silvestres na área urbana da universidade, sempre acionar a Coordenação de Meio Ambiente da Sumai, a qual buscará, juntamente com seus parceiros, a melhor forma de capturá-los e devolvê-los ao seu habitat natural.
AGN: Quais atitudes simples podemos tomar para preservar as espécies que residem aqui?
Carina Carvalho: Preservando e respeitando as áreas verdes, não alimentando nem maltratando os animais, jamais capturar qualquer espécie, e acionando a Coordenação de Meio Ambiente da Sumai através das nossas redes sociais (@meioambienteufba) ou pelos números (71) 3283-5827/6012, sempre que avistar animais na universidade. É sempre bom lembrar que a captura, caça e maus tratos de animais é um crime ambiental, de acordo com a Lei Federal nº 9.605/1998, sujeitando o infrator a pena de detenção e multa.
*Revisão e apuração: Beatriz Nascimento, Cinthia Maria, Manoela Santos, Nathalí Brasileiro e Sofia Nachef