“Capitães da Areia” é baseado no livro homônimo e conta com sete jogos distintos
Por Vagner Campos*
vagnercampos85@gmail.com
Alguns cientistas culturais têm dedicado as suas pesquisas aos estudos dos games. Dentre todas as mídias, eles são hoje os que possuem o ritmo de desenvolvimento mais acelerado em relação aos seus pares. Dessa forma, os games constituem-se, de fato, em um campo que se transforma sem deixar se agarrar em classificações fixas, uma vez que é uma campo movido pela inovação tecnológica.
Muitas produtoras de games utilizam algumas narrativas inspiradas em filmes e gêneros literários, já que os games são muito aptos para absorver tais gêneros. Esse processo é conhecido como transmídia. No entanto, diferentemente do cinema, os aspectos mais caracterizadores dos games encontram-se, sem dúvida, na imersão, interatividade e espacialidade navegável que eles propiciam.
Nesse sentido, na última sexta-feira (2), foram lançados sete jogos baseados no livro de Jorge Amado, “Capitães da Areia”. O jogo foi criado a partir da iniciativa dos produtores Solange Souza Lima e Rafael Raña e dos game designers Luiz Adolfo Andrade, Paolo Bruni e Yupanqui Muñoz, que desenvolveram o game a partir do projeto Capitães da Areia: Projeto de Comunicação Transmídia com ênfase em jogos eletrônicos.
Aprovado pelo Fazcultura e patrocinado pela operadora de telefonia Vivo por meio do programa “Vivo Lab”, o projeto é composto por sete jogos sendo um de realidade alternativa, um jogo social no Facebook e cinco jogos casuais que podem ser jogados no site do projeto.
Alinhado com a tendência dos jogos sociais, o projeto ainda possui um jogo com o mesmo nome do livro, Capitães da Areia, ambientado inteiramente no Facebook. Nesse jogo, o jogador faz parte de uma gangue em Salvador que tem como objetivo sobreviver aos problemas da cidade. O jogo é muito bem desenhado e o jogador pode interpretar quatro tipos de personagem, podendo escolher inclusive a aparência do mesmo. As classes possíveis estão bem caracterizadas com o cenário soteropolitano e trazem características próprias em cada um. Os coitados são os dissimulados que se fazem de bobo, os sabidos são os intelectuais, já os malandros sobrevivem a partir da engenhosidade, e por fim os focados, que são batalhadores pautados no trabalho duro.
Segundo Luiz Adolfo, “o Brasil ainda está num cenário iniciante na produção de games, ainda assim, algumas inovações como o desenvolvedor de social games no Facebook, tem ajudado bastante na criação de novos games, fora das plataformas console, que exigem gastos exorbitantes para a realidade brasileira”. Ainda segundo o professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e doutorando em Comunicação e Cultura Contempoâneas da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o custo desse tipo de jogo permeia os 100 mil reais, um gasto baixo quando analisado o setor.
O desenvolvedor de games afirmou ainda que o principal objetivo do projeto é “conscientizar as empresas e escolas de que vale a pena investir nesse tipo de mídia. É necessário que as empresas entendam claramente como suas marcas estarão representadas e às escolas que esse é um ramo de pesquisa que pode trazer muitos frutos, principalmente em função do processo de gameficação que tem sido fontes de muitas investigações e correlações com nossa sociedade”, concluiu o professor.
*Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom