Em palestra na Reitoria, químico britânico Harry Kroto diz que arte é mais importante do que ciência
Por Raíza Tourinho*
raizatourinho@yahoo.com.br
Nem parecia que era uma palestra de um químico. E, de certa forma, não era mesmo. Ao menos, não deve ter sido o lado “artista” que fez o britânico Harry Kroto ganhar o Nobel da área em 1996, embora tenha sido um jeito apropriado de abordar o tema da palestra “criatividade sem fronteiras”.
O evento fez parte das comemorações dos 60 anos do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ano Internacional da Química (AIQ 2011) e é uma promoção CNPq, com o apoio da Fundação Conrado Wessel (FCW), Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Energia e Ambiente (INCT E&A) e Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal da Bahia (Proext-Ufba).
Estrelas – A palestra do segundo Nobel de química a apresentar-se no auditório da Reitoria da Ufba abordou a relação entre a arte e ciência. Para ele, a criatividade é basilar na ciência, uma vez que as estruturas elegantes e simétricas são comuns para cientistas e artistas. “Para mim a coisa mais importante é arte, não a ciência”, declarou. O professor da universidade de Sussex incitou o público jovem da plateia, que encheu o auditório em plena sexta à tarde (25), a estimular desde cedo à própria criatividade. Ele recordou aos estudantes que os jovens Einsten, Frankilin, Darwin mudaram o mundo. “Criatividade é ver o que ninguém mais consegue ver”, definiu. E quem deveria ver mais à frente do que o cientista que vê uma teoria universal na queda de uma maçã?
Foi vendo além do horizonte que o próprio Kroto, que a vida toda tentou conciliar seu lado artista e o lado cientista, conseguiu faturar o prêmio mais cobiçado do planeta. Nos anos de 1970, ele lançou um programa de pesquisa para buscar cadeias de carbono no espaço cósmico. Seus estudos iniciais detectaram a molécula cianoacetileno (H-C=C-C=N). O grupo de Sir Kroto buscava evidências espectrais de moléculas ainda mais longas, tais como o cianobutadieno (H-C=C-C=C-C=N) e o cianohexatrieno (H-C=C-C=C-C=C-C=N) e as encontrou entre 1975 e 1978.
Em 1985, um experimento não apenas provou que as estrelas podiam produzir as cadeias de carbono, mas também revelou um resultado surpreendente – a existência de moléculas do tipo C60 – com estrutura cíclica e 60 átomos de carbono – que foi denominada de fulereno. O Prêmio Nobel de Química de 1996 foi dividido entre o próprio Kroto e Robert F. Curl Jr. e Richard E. Smalley (falecido em 2005), ambos da Rice University, Texas (USA). As duas outras estruturas do carbono “o diamante e o grafiti, são conhecidos há séculos”, lembrou ele.
Futuro – Atualmente Kroto realiza pesquisas em Nanociência e Nanotecnologia e dedica parte de seu tempo e esforços para divulgação científica, por meio da Fundação Vega na Inglaterra (www.vega.org.uk). Entusiasta convicto, para Kroto a internet catalisa mais a criatividade humana que qualquer outra invenção desde a imprensa, com sua capacidade de ajudar a melhorar a educação em nível global. “É o futuro da educação”, afirmou ele sobre as teleconferências realizadas na Vega e ainda denominou de “a tripla revolução fantástica” o Google, o Youtube e o Wikipedia.
*Estudande de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom
Links úteis
Biografia de Harry Kroto, em inglês
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Prêmio Nobel ministra conferência na Ufba
Entrevistas – Martin Chalfie
que bom saber que não sou o unico que pensa assim….. alem de cientista, sou musico e professor de xadrez…… rs