Foram apresentados estudos que relacionavam os métodos numéricos e modelos computacionais aos processos de extração e prospecção de petróleo da Petrobrás
Por Vagner Campos*
vagnercampos85@gmail.com
Na última sexta-feira (21) foi encerrada a programação do Circuito Universidades, no Auditório da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), atividade integrante da VIII Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que tem mobilizado mais de 500 cidades brasileiras sobre o tema “Mudanças Climáticas, desastres naturais e prevenção de riscos” e na Bahia está sendo organizada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (SECTI), com o intuito de popularizar a ciência, fomentar o debate e promover a pesquisa acadêmica.
Apesar da pequena participação do público, devido às chuvas torrenciais que tem caído na capital baiana, o evento não deixou a desejar em questão de qualidade e organização. A mesa da palestra “Ciência aplicada: sobre a modelagem computacional” foi composta pela superintendente de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da SECTI, Liliane Queiroz Antônio, pelo pesquisador do Laboratório Nacional de Computação Científica, Abimael Fernando Loula, e pelo professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), José Garcia Vivas Miranda.
A representante da SECTI no evento, Liliane Queiroz, começou falando sobre a importância dos pesquisadores baianos na ocasião e abordou um percurso histórico do evento, que começou como uma singela feira de ciências e hoje é uma das ocasiões mais importantes nacionalmente no calendário científico. A superintendente ainda falou sobre sua experiência nas comunidades do Calabar, Nordeste de Amaralina e Bairro da Paz, que receberam o Circuito Ciência Móvel, relatando sua felicidade com o retorno da população que, segundo ela, recebeu o evento como se recebessem o “Caminhão do Faustão”, evento promocional dos anos 90 que mobilizava muitas pessoas.
Modelagem computacional, métodos de elementos finitos e computação de alto desempenho
Apesar do nome complexo para os que não são íntimos, Abimael Fernando Loula conseguiu esclarecer bastante a temática. Inicialmente, o pesquisador relembrou sua época de estudante em Salvador e do momento vivido nos anos de 60 e 70, com chegada do primeiro computador a capital baiana, abordando o impacto dessa tecnologia nos processos de análise de aspectos relacionados à engenharia.
Em seguida, o autor utilizou como fonte o Wikipédia para conceituar a modelagem computacional como “uma área de conhecimento multidisciplinar que trata da aplicação de modelos matemáticos na análise, compreensão e estudo da fenomenologia de problemas complexos em áreas tão abrangentes quanto as engenharias, ciências exatas, biológicas, humanas, economia e ciências ambientais”. Após esse momento, Abimael falou da modelagem pré-computacional, dos personagens históricos e citou exemplos, bem e mal sucedidos, de modelos numéricos vindos desde a antiguidade.
O engenheiro então dedicou um momento para falar dos estudos do Laboratório Nacional de Computação Científica, dando como principais exemplos os estudos que relacionavam os métodos numéricos e modelos computacionais aos processos de extração e prospecção de petróleo da Petrobrás. Abimael finalizou sua palestra abordando questões relacionadas ao passado, presente e futuro do país no que tange a tecnologia e a pesquisa.
Modelos computacionais de sistemas complexos
Relacionando as chuvas recorrentes atualmente e a falta de modelos eficazes para a negação desse fenômeno, o professor da Escola Politécnica da Ufba, José Garcia Vivas Miranda, apresentou o que eram modelos computacionais, seguido da elucidação do conceito de sistemas complexos, explicando a relação entre ambos os aspectos e finalizando com aplicações dessas relações.
Vivas Miranda definiu o conceito de modelo e destacou como principal vantagem sua capacidade de simplificação. Entre as possibilidades do modelo, ele destacou a possibilidade de responder perguntas, resolver problemas, explicar padrões e predizer comportamentos. O pesquisador abordou então os sistemas complexos. Definindo toda sua complexidade, segundo ele mesmo, em apenas dois slides, demonstrou que o número de variáveis determina a complexidade de um sistema e relacionou códigos complexos associados ao mundo natural.
Em seguida, José Garcia explicou que a forma de modelar esses sistemas é através de modelos computacionais, como os sistemas neurais e a cobertura florestal, abordando ainda a importância do desapego em relação às descobertas, que podem mudar a cada análise. Em seguida, o pesquisador relacionou exemplos totalmente díspares num primeiro contato, como a atividade cerebral decorrente do processo de aprendizagem dos camundongos, com a cadeia de eventos provocada pela fibromialgia e o fenômeno das redes semânticas no discurso oral, que tinham como consequência um mesmo resultado gráfico das atividades cerebrais.
José finalizou explicitando o fato de que “apesar de ser uma tarefa que demanda uma grande exigência multidisciplinar, os estudos sobre modelos computacionais de sistemas complexos são extremamente gratificantes”, concluiu o pesquisador.
*Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom