Pesquisadora francesa discutiu sobre a aproximação e o distanciamento das TV’s pública e privada dos telespectadores na França e explicou como a TV, antes pública e estatal, foi privatizada pós maio de 1968
Por Marília Mariotti*
marilia.mariotti@gmail.com
O Seminário Internacional “Análise de Telejornalismo: desafios teórico- metodológicos” , reuni estudiosos que investigam as transformações do jornalismo televisivo, relacionadas à cultura, sociedade, tecnologia e poder, desde terça-feira (23) e segue até sexta-feira (26), na Faculdade de Comunicação da Ufba (Facom).
O evento marca a comemoração de dez anos do Grupo de Pesquisa em Análise de Telejornalismo (GPAT), do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Ufba (PosCom).
Na quarta-feira (24), foi debatido o tema: “Telejornalismo e História: temporalidades, cultura e sociedade”, criado pela professora Itania Maria Mota Gomes.
A mesa coordenada pelo também professor da Facom, José Francisco Serafim, recebeu como convidados os pesquisadores: Evelyne Cohen (ENSSIB-Université de Lyon), Ana Paula Goulart, (UFRJ) Bruno Souza Leal (UFMG), Andrea França (PUC – RIO), e Fernanda Mauricio, (Ufba).
A primeira apresentação do segundo dia de debates foi à tarde, com Evelyne Cohen, que discutiu sobre a aproximação e o distanciamento das TV’s pública e privada dos telespectadores na França. Esta explanação, como foi previamente indicado pela pesquisadora, foi pensada para partir do exterior da televisão e ir sentido ao interior da produção televisiva.
Em uma retrospectiva de momentos políticos que redefiniram o modelo de televisão francesa, Evelyn explicou como a TV – originalmente pública e exclusivamente controlada pelo governo – passou por um processo de privatização pós maio de 1968. O processo de espetacularização do telejornalismo e os efeitos deste fenômeno na forma de fazer jornalismo televisivo permearam toda a discussão.
As apresentações de Ana Paula Goulart da UFRJ e Bruno Souza Leal (UFMG), dialogaram entre si. Ana Goulart, professora de História do Jornalismo da universidade carioca, criticou o que chamou de “senso-comum históriográfico”, o que vem sendo empregado na produção de livros e materiais sobre a história da imprensa no Brasil. Segundo ela, os arquivos de memoria e depoimentos pessoais são um recurso recorrente em trabalhos que estudam a história do jornalismo. “Estes recursos são excelentes para pesquisa, mas de forma alguma podem ser considerados como verdade histórica”, alertou a professora.
Posição semelhante foi defenfida por Bruno Leal da UFMG ao tratar dos manuais de jornalismo televisivo que vem sendo produzidos nos ultimos anos no país. Para ele, muitos destes produtos, apesar de serem pretensamente didáticos, são escritos a partir da experiência pessoal de jornalistas. Leal também criticou o tecnificismo e normatividade dos textos, além da falta de espaço para discussões sobre a interpretação e relativização do real.
As apresentações de Andrea França, PUC do RIO, e Fernanda Mauricio, Ufba, trataram respectivamente do Globo Repórter, produzido na década de 1970 e o programa de entrevista “ Pinga – Fogo” da extinta Rede Tupi. As pesquisadoras discutiram sobre a produção destes programas, seus formatos e as temáticas que abordavam.
*Estudande de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom
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