"Moscas-das-frutas possuem importância econômica tão elevada que extrapola as fronteiras do Brasil", afirma pesquisador.
LUNA LAYSE
ascom.dtcs3@gmail.com
Produzida durante todo o ano no Vale do São Francisco, a acerola (Malpighia glabra) possui um ciclo produtivo de aproximadamente 40 dias e pode chegar a oito safras anuais. Por causa deste ciclo contínuo os pomares de acerolas da região são bastante suscetíveis a pragas. Por este motivo, as fases de frutificação da acerola e os fatores climáticos da região, foram relacionados com os níveis de infestação da espécie de mosca-das-frutas (Ceratitis capitataque) é uma das mais nocivas à fruticultura. O trabalho foi desenvolvido como dissertação pela ex-aluna do Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Maria do Rozário Palitot.
A acerola é um fruto cobiçado por causa do aporte em vitamina C associada aos carotenóides e antocianina, pigmentos naturais que contribuem não só para o aspecto visual quanto à coloração da acerola, como também aspectos biológicos, que são considerados promotores de saúde. Apesar da fruta não ser exportada in natura, a acerola é processada na forma de polpa e concentrado de vitamina em pó para atender mercados como o japonês e o norte-americano. Desta maneira, o processamento da fruta elimina grande parte dos organismos a exemplo de bactérias e larvas de insetos como as moscas-das-frutas.
Segundo o doutor em entomologia e professor da UNEB Osmã Teles as moscas-das-frutas são consideradas pragas quarentenárias, ou seja, possuem uma importância econômica tão elevada que extrapola as fronteiras do Brasil. Assim, os países para onde é exportado o fruto se protegem de uma possível infestação.
“Existe um acordo entre os países e um dos itens é que o monitoramento da população dessas moscas seja parte da rotina de produção e exportação de uva e manga no Vale. Mas no caso da acerola como ela é para consumo interno ou então é processada para a exportação, então as moscas-das-frutas na forma de pupa ou de larva são eliminadas. E o importante no monitoramento da aceroleira é que o produtor saiba qual o momento correto para proteger a fruta”, completa Teles que orientou a dissertação de mestrado.
Uma das conclusões do trabalho ressalta a importância em monitorar os pomares de acerola para que haja a manutenção da baixa densidade populacional das moscas-das-frutas, já que atingem também outros frutos que são exportados in natura como a manga e a uva.
A pesquisa de Maria do Rozário foi conduzida em seis pomares comerciais de acerola no Perímetro Irrigado Mandacaru, em Juazeiro, região norte da Bahia. E conforme demonstrou o estudo, a flutuação populacional de adultos da C. capitata teve relação climática somente com o índice de precipitação pluviométrica. Durante o período avaliado de 26 semanas, a mosca-das-frutas esteve presente e as fases de maturação das frutas mais suscetíveis ao aumento da densidade populacional são os períodos em que a acerola está madura ou no estágio entremaduro, popularmente conhecido como “de vez”.
Premiação
Durante o XXIV Congresso Brasileiro de Entomologia, que aconteceu entre os dias 16 e 20 de setembro, em Curitiba (PR), Maria do Rozário foi primeira colocada na apresentação oral da sessão técnica “Manejo Integrado de Pragas”. O trabalho sobre o Monitoramento Populacional de Estágios Imaturos de Moscas-das-frutas e Parasitóides de Pomares de Acerola é parte da dissertação desenvolvida durante o Mestrado em Horticultura Irrigada da UNEB.
“Essa premiação me deixou gratificada por saber que, além da importância do trabalho, a apresentação oral também foi bem conduzida por causa do embasamento que recebemos durante o curso de mestrado na UNEB”, afirmou Maria do Rozário.
Uma pequena correção : no sexto parágrafo “durante o mês avaliado “. O período avaliado foi de 26 semanas ou seja, 6 meses.
Maria do Rozário.
Agradecemos pela observação!
Equipe Ciencult