Primeiro debate dos candidatos ao Governo na UFBA

MATHEUS VIANNA*

Na noite de ontem (17), o Salão Nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) foi palco do início dos debates eleitorais para o governo do Estado da Bahia, contando com a presença dos candidatos Rogério Da Luz (PRTB), Paulo Souto (DEM), Marcos Mendes (PSOL), Renata Mallet (PSTU) e Lídice da Mata (PSB). O candidato Rui Costa (PT), representante do atual governo, confirmou presença, mas não apareceu. O debate foi promovido pelo Mestrado Profissional de Segurança Pública da Faculdade de Direito da UFBA, com o objetivo de colocar as questões debatidas no programa de pós-graduação no debate eleitoral, e teve com principal tema a Segurança Pública no Estado da Bahia. Em sorteio prévio, ficou decidida a ordem de falas seguinte: Rogério Da Luz, Paulo Souto, Marcos Mendes, Renata Mallet e Lídice da Mata.

O candidato Rogério Da Luz (PRTB) comentou sobre a ênfase dada à questão dos crescentes números de homicídio no estado da Bahia, que, segundo o candidato, em 2000 a taxa era de 10 homicídios por cem mil habitantes e em 2010 subiu para 37,7 a cada cem mil habitantes. Da Luz ressaltou o desperdício de dinheiro em secretarias sem utilidade, sendo que, para ele, das atuais 32 secretarias apenas 10 deveriam existir. Além disso, o aspirante levantou questionamentos sobre os salários dos policiais. “Os auxílios que acrescentam no salário do policial são penduricalhos, dificultam a contratação de maior efetivo e tais benefícios acabam na aposentadoria”, comenta Da Luz.

O segundo a falar, candidato Paulo Souto (DEM), comentou o crescimento da violência após seu governo e propôs três linhas de ação para melhorar o sistema de segurança pública: gestão financeira, prevenção e contenção. “É preciso uma valorização dos profissionais da área, com um plano de carreira, e um rejuvenescimento dos oficiais”, afirma o candidato. Para a prevenção, Paulo Souto propôs uma integração das ações policias com ações sociais e para a contenção uma melhoria das medidas operacionais, retirando policiais de atividades administrativas para formar um corpo civil na polícia.

Para o candidato Marcos Mendes (PSOL), o principal debate é mudar o atual modelo de segurança pública, que, segundo o próprio, é um modelo de repressão. “Essa repressão já tem nome, idade e lugar: são os jovens negros, de 18 a 34 anos, moradores das favelas”, analisa o candidato. Para exemplificar essa repressão o candidato trouxe dois dados: mais de 80% da população carcerária da Bahia segue este perfil e o Brasil atingiu a terceira maior população carcerária do mundo. Ainda segundo Marcos Mendes é necessário um salário digno e unificado a todos policiais do país, além da desmilitarização das polícias, que acarretaria o direito a manifestação dos policiais.

Renata Mallet, candidata a governadora pelo PSTU, também criticou o modelo de repressão que é imposto aqui na Bahia e no Brasil como um todo. “É necessário pensar no combate à violência com creches, centros de cultura e uma maior oferta de emprego com salários dignos” afirma. Comentando sobre a instalação de centros policiais comunitários, como as UPPs do Rio de Janeiro, Renata ressaltou a criação de um estado de sítio nessas comunidades, onde a força do estado atropela a autonomia e os direitos daquele local.

A última candidata a falar, Lídice da Mata (PSB), reafirmou a preocupação com os crescentes índices de violência no estado nos últimos anos, questionando os investimentos feitos pela atual gestão. “A grande compra de equipamentos, viaturas e armamentos não significou uma diminuição da violência, logo se entende que este modelo repressivo está esgotado”, afirma Lídice. Para ela, é preciso uma valorização dos policiais civis e militares, além da criação de um sistema de informação interligado entre as duas polícias.

*Graduando em Jornalismo na Universidade Federal da Bahia e bolsista da Agência de Notícias Ciência e Cultura