Especialistas abordaram temáticas como Direito, Gestão e Fiscalização Ambiental e a conservação de espécies ameaçadas de extinção
Por Marília Moura*
marideologia@gmail.com
Entre os dias 29 de agosto e 2 de setembro o Instituto de Biologia da Ufba (Ibio) sediou a VII Semana de Biologia (Sembio). A programação do evento organizado pelos estudantes do Instituto incluiu palestras, mini cursos, apresentações de trabalho de estudantes de graduação e pós-graduação, exposições dos laboratórios, grupos de pesquisa e extensão, além de mesas redondas e simpósios. O evento também comemorou os 40 anos do Instituto.
Tradição – A Sembio surgiu a partir da tradição do IBIO de prestar homenagem aos biólogos no dia 3 de setembro, data em que se comemora o Dia do Biólogo. Antes, esse dia era celebrado com a realização de um caruru, atividade que visava integrar funcionários, professores e estudantes. A partir de 2002, as comemorações do Dia do Biólogo passaram a englobar palestras, mini cursos e debates sobre temas atuais da área, dando origem à Semana de Biologia. Em 2005, a Semana foi integrada ao semestre letivo do Instituto e passou a ser denominada Sembio.
Segundo a professora do Ibio e uma das coordenadoras do evento, Moema Bellintani, “a Sembio tem grande importância para o Instituto de Biologia, não apenas por ‘comemorar’ o dia do biólogo, mas também pela relevância dos temas abordados nas conferências e cursos e pela possibilidade de divulgação das pesquisas que vêm sendo realizadas no nosso Estado”. Nos últimos anos, o evento contou com a participação de em média, 600 pessoas por ano, entre congressistas, palestrantes, comissão organizadora – composta por alunos e professores - e monitores. A Sembio também agrega participantes de outros campi da Ufba e de outras instituições de ensino superior.
VII Edição – Este ano, o evento chama a atenção para a defesa das florestas brasileiras, através do tema Protegendo nossas florestas. A professora Moema Bellintani justifica que “o tema foi escolhido porque 2011 é o Ano Internacional das Florestas. Esse tema também é importante, nesse momento, porque o Novo Código Florestal está em vias de ser aprovado pelo senado brasileiro”.
Durante toda a semana, especialistas abordaram em palestras e mesas redondas, temáticas como Direito, Gestão e Fiscalização Ambiental e a conservação de espécies ameaçadas de extinção, entre outros temas. Na palestra Importância das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais, a coordenadora executiva do Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), Maria Thereza Stradman, justificou porque é tão relevante garantir o cumprimento da Lei N.º 4.771, de 15 de setembro de 1965, também conhecida como Novo Código Florestal, para garantir a existência das APPs e das Reservas Legais. Maria Thereza argumenta que as APP’s são locais de grande importância ecológica para a conservação de recursos hídricos, a proteção e formação dos solos, a produção de oxigênio e a regulação do clima local e regional.
Para a ambientalista o fato dessas áreas, “abrigarem a beleza cênica da diversidade de paisagens, plantas e animais, de servirem como local de refúgio e reprodução de polinizadores, controladores de pragas e dispersores de plantas, de contribuírem para a manutenção da diversidade genética das espécies e de constituírem uma espécie de banco farmacológico, medicinal e alimentício”, destacou a palestrante.
São consideradas APPs as florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao longo de rios, ao redor de lagoas, no topo de montanhas, montes e serras, entre outros. Já as Reservas Legais são áreas localizadas no interior de uma propriedade rural, que devem preservar a vegetação nativa, as Reservas devem equivaler a 20% do total da área de uma propriedade rural. O objetivo dessas áreas é tornar possível conciliar a conservação dos recursos naturais e o uso econômico da propriedade. Diante das importantes funções desempenhadas pelas APPs e Reservas Legais, Maria Thereza destacou que “as alterações previstas para o Código Florestal podem prejudicar os esforços de conservação dessas áreas uma vez que, o Novo Código Florestal propõe a anistia de irregularidades e crimes ambientais cometidos até o ano de 2008″.
Outras temáticas também estiveram presentes nas palestras e mesas redondas da VII Sembio, tais como a utilização de espécies vegetais como fonte de medicamento, a Biodiversidade no semi-árido, além de temas que refletiram sobre a extensão no Instituto de Biologia da Ufba, os Programas de pós-graduação do Ibio e os diferentes campos de atuação de um biólogo.
Os estudantes de Biologia também colocaram suas questões em pauta na VII Sembio. Na palestra A Biologia que não se aprende na escola, os integrantes do Centro Acadêmico de Biologia, Lúcia Neco, Diana Rezende e Abílio Bandeira conversaram com os participantes a respeito da situação do biólogo no mercado de trabalho, destacaram a importância de um diálogo entre os cursos de bacharelado e licenciatura em Ciências Biológicas e de compreender e aplicar no cotidiano, conceitos como Educação Ambiental e Sustentabilidade. Outra questão levantada pelos estudantes é a necessidade de ampliar a discussão sobre o uso de animais na ciência e em sala de aula.
Encerramento e expectativas – Na palestra de encerramento estiveram presentes a reitora da Ufba, Dora Leal, os pró-reitores, Dulce Aquino e Dirceu Martins e o professor e diretor do Instituto de Biologia, Jorge Moreira da Silva. O diretor parabenizou a comissão organizadora e os participantes e ressaltou a importância da Sembio para promover o encontro dos cursos de Ciências Biológicas de Barreiras, Vitória da Conquista e Salvador.
No fim da palestra, o coral do Instituto de Biologia regido pelo maestro Márcio Medeiros, apresentou canções que lembravam a importância da vida e da preservação do meio ambiente. Após o encerramento, foi servido o tradicional caruru e a noite a festa de encerramento marcou o fim da VII Semana de Biologia.
Para as próximas edições, a expectativa é continuar contando com a participação da comunidade interna, mas também da comunidade externa ao Instituto e, como destaca a professora Moema Bellintani, “possibilitar sempre a discussão de temas relevantes para as ciências biológicas e conseguir divulgar os trabalhos de qualidade que vêm sendo desenvolvidos no nosso Estado”.
*Estudante de Produção Cultural da Faculdade de Comunicação da Ufba – Facom
___________________